O discurso de ódio com a polémica nos Açores, o mercado e as alternativas: tudo o que disse Rui Borges
— Está quase a cumprir um ano de Sporting e o calendário ditou que reencontre o seu antigo clube, o V. Guimarães. Que dificuldades espera amanhã?
— É especial. No dia que acabo por me despedir do Vitória, este ano faz um ano que jogarei lá. É graças ao Vitória que estou aqui hoje. É um jogo especial e difícil. O ambiente é especial e quem passa lá percebe. O público faz a diferença e isso notou-se a época passada, em que tínhamos o jogo controlado e de repente vira. Galvaniza a equipa. É um Vitória diferente, mais jovem. O Luís [Pinto] está a fazer um excelente trabalho, tem muito mérito. Tirando o jogo da Taça com o Aves SAD, vinham de cinco vitórias e com confiança. É uma dificuldade grande. Em casa só perdeu com o Benfica, é a única que ganhou internamente ao FC Porto.
— Já viu as imagens do penálti do jogo com o Santa Clara e porque não as viu durante o encontro porque em Munique, no encontro com o Bayern, disse que analisou as imagens dos lances mais polémicos?
— É um serviço disponibilizado pela UEFA... Há muita falta de respeito para com o Sporting, o seu treinador. Tive boa educação dada pelos meus pais, deixa-me triste, sou tudo menos mentiroso, fui sincero: só vi o lance no avião. Em casa temos dois tablets, um tem a transmissão e outro é nosso. O tablet serve mais para cortes que peço durante o jogo, para vermos e falarmos ao intervalo ou durante o jogo, para ajustarmos comportamentos. Perderam tempo à procura do treinador a olhar para o tablet, mas viram o que disse aos jogadores? Até disse aos jogadores no banco que me perguntavam 'Mister, é penálti', e eu ‘não sei, não dá para ver’. Podiam ver mais à frente um dos meus adjuntos, de telemóvel na mão, a tentar abrir vídeos enviados pela comunicação do clube, e nem isso conseguimos, por causa da Internet. Estive 12 minutos sentado à espera. Vi a imagem no avião. Quando falam...é tudo adivinho... alguém viu? Fico triste por se alimentarem com ódio, há muita gente no futebol com memória curta. Vi o lance já aconteceu várias vezes noutros jogos. O meu capitão diz que há toque, há a decisão do árbitro. Tenho respondido a tudo, sobre isso não falo mais. Não falo mais do jogo com o Santa Clara, não falo das arbitragens, porque tenho respondido a tudo e mais alguma coisa, e, às vezes, há uma falta de respeito para com o treinador do Sporting, e não é de hoje.
— Mas porque tem dois 'tablets' nos jogos em casa e apenas um nas partidas fora de casa?
— A internet é lenta, não conseguimos ter a transmissão. Tirando os jogos da Champions, porque tem a ver com a UEFA... Para ser o mais honesto possível: nos Açores, o tablet é a nossa filmagem, a nossa câmara. Aqui, no Sporting, é por cabo, a imagem é de ângulo aberto, mas é da FPF ou da Liga. E, depois, temos a transmissão da Sport TV no tablet, em direto, com repetições. No outro, não, tem a ver com os cortes. Em nenhum jogo fora temos os dois tablets. Só temos o ângulo aberto, que é a nossa filmagem, mas a imagem é de longe. Por mais que faça zoom, não se vê a imagem, é impossível ter qualidade. Por isso é que vi a imagem no avião, na vinda para cá. Podiam ter-me visto a dizer aos suplentes que não dava para ver, podiam ter visto o meu adjunto a ver o telemóvel a tentar ver as imagens da Sport TV... São coisas factuais. Só falei porque, infelizmente, há muita falta de respeito. Tenho andado calado, respondo a tudo, sou sempre honesto e sincero com vocês aqui. Podia chegar aqui e debitar coisas que me dizem para debitar, e não o faço. Sou honesto e sincero a falar. Às vezes, pago por isso, mas é o que é. Vamos aprendendo e crescendo também.
— O treinador do FC Porto, Francesco Faroli, disse que é preciso tomar medidas drásticas em relação à arbitragem. Como analisa estas palavras a seis meses de terminar a Liga?
— Não vou entrar no discurso de ódio. Devemos valorizar mais o futebol do que torná-lo negativo.
— Que presente espera receber por parte de Frederico Varandas?
— O único presente é a vitória amanhã. Vamos estar atentos ao mercado, mas não estamos nessa parte e não estou preocupado. Dentro das possibilidades e do que acharmos importante ajustar, ajustaremos. Qualquer jogo em casa do Vitória é diíicil. Valorizar tudo o que o Luís tem feito. É uma equipa jovem. Ele tem tido essa capacidade, independentemente da derrota com o Aves SAD. É difícil jogar lá. Digo isso porque tive a felicidade de estar naquela casa. O ambiente torna a equipa mais forte do que já é. É a quadra natalícia, acredito que esteja uma boa casa. Temos que estar cientes das dificuldades e preparados para a exigência do jogo.
— Teme perder algum jogador importante no mercado de janeiro?
— Em relação ao perder jogadores, acredito e espero bem, porque é esse trabalho que temos feito, que não sairá ninguém. É importante não perder ninguém e creio que não acontecerá. Espero estar tranquilo.
— Na época passada ficou algo magoado com a forma como foi recebido em Guimarães. Como acha que será a receção esta temporada?
— É normal, estavam frescos. São adeptos que amam o clube, que defendem as cores e a cidade. Fazem-no de forma apaixonante e vibrante. Tenho um respeito enorme pelo clube, estrutura e jogadores. Todos me ajudaram a chegar aqui. Jamais serei ingrato.
— Nuno Santos deve regressar em meados de janeiro. Como analisa o seu potencial retorno?
— Não sei qual a informação de ele voltar em janeiro, está na sua recuperação. Já disse muitas vezes que queria que ele já estivesse, que voltasse em janeiro, mas não sei. É um jogador importante no grupo, não só pela qualidade, mas também pela personalidade, pelo carácter. Era um jogador importantíssimo e espero tê-lo o mais rápido possível, dentro da recuperação dele. É difícil um atleta estar tanto tempo fora. Mentalmente é um jogador diferenciado e capaz de aguentar este tempo todo afastado da equipa.
— O Daniel Bragança já está pronto para jogar. Pode juntar Ioannidis e Suárez no ataque e o Vagiannidis jogar a extremo direito?
— O Bragança não está para jogo, acredito que esteja para breve. É mais um para ajudar. O Ioannidis já está melhor em relação è lesão, foi um autêntico exemplo. São dois avançados, dão coisas diferentes. Temos que nos adaptar aos jogadores que temos disponíveis e à estratégia. O Fotis, tanto ele como o Vagiannidis, podem jogar a extremo. É um jogador que pode jogar lá, treinou e a qualquer momento pode fazê-lo.
— O Diomande e o Geny Catamo estão na CAN. Tem alternativas? Por outro lado, como reage à renovação de contrato de Diomande?
— Se aconteceu, ainda não foi anunciada pelo clube... oxalá acontença. É muito importante na equipa. Ficarei contente, também para o futuro dele. Ganha mais importância no Sporting. Feliz por qualquer renovação. Geny e Diomande? Já disse que tenho sempre alternativas, não há problema. Temos uma equipa com muita qualidade e vontade de ganhar. Foco-me nisso. Temos sempre alternativas. Jamais numa equipa como Sporting diria que não tinha alternativas.
— O Sporting nesta reta final de 2025 jogará fora com V. Guimarães e Gil Vicente. Face ao atraso de cinco pontos, é um momento decisivo da temporada?
— Momentos decisivos são todos. Temos saídas difíceis mas os outros também têm. É o que é. Não vai ditar nada do que será o fecho do campeonato. É uma fase importante. Dezembro foi intenso e janeiro será mais. É importante como qualquer momento. Até ao fim ainda vai correr muita água.
— Quando espera poder a voltar contar com Debast?
— O Zeno está na fase final da recuperação. Acredito que no início de janeiro estará disponível a 100 por cento para estar com a equipa.