Parlamento assinala hoje os 50 anos do 25 de novembro e há parada militar no Terreiro do Paço. Foto: Miguel Nunes
Parlamento assinala hoje os 50 anos do 25 de novembro e há parada militar no Terreiro do Paço. Foto: Miguel Nunes

O 25 de Abril será sempre o 25

Candidato presidencial utilizou analogia futebolística para explicar o óbvio
Nota prévia
Em face de ações e reações recentes sobre simples (e assinadas) opiniões e outros episódios relacionados ou não com campanhas eleitorais, é importante referir que o texto que se segue não vincula A BOLA à candidatura presidencial do dr. Marques Mendes nem a um pretenso apoio à mesma; já agora, também não vincula o autor, que por acaso ainda não decidiu em quem vai votar em janeiro. Mas vai votar, isso é certo, desde que vivo e em condições para o efeito.

Hoje é dia 25 de novembro. Há 50 anos ocorreu algo de extremamente importante para a História subsequente de Portugal, e por isso a data tem sido assinalada todos os anos, com maior ou menor vigor consoante a coloração do Parlamento, mas sempre presente no debate político. E ainda bem. É a conversar, ainda acreditamos alguns, que a gente se entende. Não tanto com paradas militares — isso fica para outra ocasião.

Mas às vezes é mesmo preciso seguir aquela máxima de «explica-me como se eu tivesse cinco anos».

Coube a um candidato presidencial, ironicamente situado no centro-direita, fazê-lo. Marques Mendes explicou que o 25 de Abril é o Campeonato Nacional e o 25 de novembro a Taça de Portugal. Claro que quem ganha festeja qualquer um deles, mas ninguém tem dúvidas sobre qual é o mais importante.

Concorde-se com o que se concordar, admitamos, pelo menos, que o futebol — o desporto — funciona como excelente analogia para factos ampla e decisivamente mais relevantes. Mas funciona.

Gostava que houvesse mais políticos a valorizar o desporto onde ele tem de ser valorizado — nos orçamentos do Estado.

Gostava ainda mais que os dirigentes desportivos e os restantes agentes tivessem, quiçá a partir deste pequeno exemplo, a noção da importância que têm na construção das perceções de mundo que as pessoas vão formando. E, portanto, pensassem duas ou três vezes (pelo menos duas) no que vão dizer antes de o dizer.