O 25 de Abril será sempre o 25
Hoje é dia 25 de novembro. Há 50 anos ocorreu algo de extremamente importante para a História subsequente de Portugal, e por isso a data tem sido assinalada todos os anos, com maior ou menor vigor consoante a coloração do Parlamento, mas sempre presente no debate político. E ainda bem. É a conversar, ainda acreditamos alguns, que a gente se entende. Não tanto com paradas militares — isso fica para outra ocasião.
Mas às vezes é mesmo preciso seguir aquela máxima de «explica-me como se eu tivesse cinco anos».
Coube a um candidato presidencial, ironicamente situado no centro-direita, fazê-lo. Marques Mendes explicou que o 25 de Abril é o Campeonato Nacional e o 25 de novembro a Taça de Portugal. Claro que quem ganha festeja qualquer um deles, mas ninguém tem dúvidas sobre qual é o mais importante.
Concorde-se com o que se concordar, admitamos, pelo menos, que o futebol — o desporto — funciona como excelente analogia para factos ampla e decisivamente mais relevantes. Mas funciona.
Gostava que houvesse mais políticos a valorizar o desporto onde ele tem de ser valorizado — nos orçamentos do Estado.
Gostava ainda mais que os dirigentes desportivos e os restantes agentes tivessem, quiçá a partir deste pequeno exemplo, a noção da importância que têm na construção das perceções de mundo que as pessoas vão formando. E, portanto, pensassem duas ou três vezes (pelo menos duas) no que vão dizer antes de o dizer.