Rui Borges no último jogo com o Moreirense (FOTO: Imago)

Nunca o Sporting teve tantos ‘golos esperados’

Rui Borges tem quatro dos dez melhores números do Sporting desde que esta métrica existe em Portugal. Os restantes seis pertencem a Ruben Amorim. Frente ao Moreirense caiu o recorde: 4,66!

«Falta de objetividade com 4,66 de golos esperados? Acho que não», disse Rui Borges no final do jogo com o Moreirense (3-0). Ou seja, os jogadores do Sporting deveriam, em teoria, ter marcado 4,66 golos, mas marcaram ‘apenas’ três. Tiveram um ‘expected goals total’ (xG total) elevadíssimo, mas um número de golos apenas bom.

Os golos esperados do Sporting frente ao Moreirense não só foram elevadíssimos como constituíram o valor mais alto da equipa desde que há registos na Liga portuguesa. As dez melhores métricas da equipa leonina foram alcançadas por apenas dois treinadores: Ruben Amorim (6) e Rui Borges (4). Cinco desses jogos foram em casa (Moreirense, Casa Pia, Estoril, Tondela e Famalicão) e cinco fora de Alvalade (Boavista, Chaves, Farense, Portimonense e Rio Ave).

As mais elevadas eficácias surgem quando o número de golos marcados supera significativamente o xG total. Foi o caso, por exemplo, do Sporting-Casa Pia de 2023/2024: 8-0, com um xG total de 4,4. Os leões criaram oportunidades que, segundo esta métrica, deveriam render 4,4 golos, mas marcaram 8.

Do lado oposto, com os xG mais baixos dos últimos seis anos, destacam-se dois jogos: Benfica-Sporting de 2024/2025 e SC Braga-Sporting de 2020/2021. O primeiro teve um xG total de 0,3 (1-1 final) e o segundo, de 0,2 (vitória por 1-0). Poucas oportunidades de golo (0,3+0,2= 0,5), mas dois golos. E, sobretudo, quatro pontos.

Vejamos o que é a métrica ‘expected goals (ou golos esperados, xG):

Mede a qualidade das oportunidades de golo criadas por uma equipa/jogador num jogo. Cada finalização recebe um valor entre 0 e 1, que representa a probabilidade de o remate terminar em golo.

O cálculo do xG depende de várias variáveis: distância em relação à baliza, ângulo do remate, tipo de assistência, parte do corpo utilizada (pé, cabeça, etc.) e situação de jogo (bola parada, contra-ataque, jogada em andamento, entre outras).

Por exemplo: um remate dentro da pequena área pode ter um xG de 0,7 (70% de probabilidade de resultar em golo), enquanto um remate de fora da área pode ter apenas 0,05 (5 %). O xG total corresponde à soma de todos esses valores ao longo de um jogo, podendo também ser calculado para um jogador individual ou até para uma época inteira.

Se uma equipa rematar 10 vezes, o xG total será a soma dos valores de todos esses remates. Assim, pode atingir, por exemplo, 2,3. Isto significa que, estatisticamente, a equipa deveria ter marcado em média 2,3 golos.

E para que serve conhecer o xG total? Para avaliar se o resultado refletiu o desempenho da equipa. Uma equipa pode perder um jogo apesar de ter criado melhores oportunidades (xG superior ao do adversário). Além disso, comparar o número de golos com o xG ajuda a medir a eficácia: um jogador com xG de 10 mas apenas 5 golos marcados desperdiçou muitas oportunidades, enquanto outro com xG de 5 e 10 golos efetivos demonstrou grande eficiência.