Nem sempre há pisão mas este dragão não tropeça (crónica)
Pisão, só o de João Aurélio a Borja Sainz, que proporcionou ao FC Porto o golo de penálti que permitiu garantir o triunfo caseiro sobre o Nacional e prolongar o registo perfeito que vale liderança isolada da Liga.
Foi uma exibição menos exuberante do que as anteriores, a resultar na vitória mais magra de Francesco Farioli, mas ainda assim plenamente justificada, e, acima de tudo, suficiente para assegurar o objetivo primordial.
O FC Porto de Farioli entrou com a fome habitual. Com a mesma pressa (positiva) que exibiu nas vitórias anteriores, visível na reação à perda ou até a repor a bola em jogo. O primeiro remate até foi do Nacional, mas a tentativa de Paulinho Bóia surpreender Diogo Costa foi de tal distância que já denunciava o espaço em que o jogo seria disputado na primeira metade.
O dragão encostou logo o opositor às cordas, com Kiwior em estreia ao lado do compatriota Bednarek, a mostrar qualidade na construção de jogo, e Pablo Rosario pela primeira vez como titular, adaptado a lateral-direito mas muitas vezes a aparecer por dentro (tal como Moura, do lado oposto).
Pepê e Samu recuperaram a titularidade no ataque, privado dos lesionados William Gomes e Luuk de Jong, que tinham assinado os golos no covil do campeão Sporting, mas a organização defensiva do Nacional esteve quase sempre à altura da oposição.
O FC Porto até teve um golo anulado logo ao minuto 6, a Borja Sainz, mas esse lance não foi prenúncio de mais um triunfo robusto. Mora atirou centímetros acima da barra, pouco depois, mas a equipa azul e branca teve sempre dificuldade para criar oportunidades de golo, frente a um Nacional muito sagaz a ocupar a zona central do meio-campo e depois a controlar bem a zona mais recuada com uma linha de cinco elementos.
Só de penálti é que o FC Porto conseguiu chegar ao golo, com Samu a punir o tal pisão involuntário de João Aurélio a Borja Sainz.
Um pontapé de Laabidi, defendido por Diogo Costa junto ao poste, mesmo à beira do intervalo, deu o mote para uma segunda parte em que o Nacional teve mais bola, mas não foi propriamente mais perigoso.
Farioli lançou três jogadores frescos logo ao minuto 56, mas a lesão quase imediata de um deles, Nehuén Pérez, não ajudou a tranquilizar a equipa, até porque da bancada começavam a chegar sinais de impaciência, até por aquilo que tinha acontecido ao rival Benfica na véspera.
Curiosamente, foi através de transições rápidas que a equipa da casa acabou por criar várias situações para arrumar a discussão do encontro nos minutos finais. Pepê teve duas perdidas, a primeira das quais particularmente incrível, só com Lucas França pela frente, e já a arriscar um lado. Gabri Veiga e Borja Sainz também não marcaram, mas o FC Porto segurou mais um triunfo, sabendo que nem sempre haverá pisão e que é preciso melhorar as dinâmicas para contornar adversários assim.