Marrocos campeão do Mundo com bis 'português'
Nem Prestianni, nem Tomás Pérez. O herói da final do Mundial de sub-20 joga em Portugal, sim, mas não é argentino. Zabiri, avançado do Famalicão, fez dois golos e Marrocos sagrou-se campeão mundial pela primeira vez.
Os leões do Atlas venceram por 2-0 e conseguem para África o segundo título mundial, depois do Gana ter conquistado a prova em 2009. Para a Argentina foi a oitava final (primeira desde 2007) e a segunda perdida (a outra acontecera em 1983) – os seis troféus são um recorde da competição.
A final, em Santiago do Chile, começou a ser decidida logo aos 6 minutos. Após um passe longo de Baouf, Zabiri fugiu nas costas de Ramírez. Barbi, guarda-redes argentino, saiu da baliza, mas o avançado do Famalicão chegou primeiro e desviou a bola do alcance do guarda-redes, antes de ser atropelado.
O árbitro nada marcou, levando o treinador de Marrocos a usar um dos dois challenges de que dispunha – o Mundial não contou com o VAR tradicional, mas sim com o VAR light, que permite que cada treinador tenha duas oportunidades para contestar as decisões do árbitro em campo. Quando o faz, o próprio árbitro desloca-se à linha lateral, vê as imagens e toma a decisão.
A falta de Barbi sobre Zabiri foi no limite da área e, depois de visionamento prolongado, o juiz italiano Maurizio Mariani considerou que não havia lugar a penálti, mas sim a livre direto. E Barbi viu apenas o amarelo porque Zabiri, de acordo com o árbitro, não tinha posse de bola (embora tenha chegado primeiro ao lance e tocado na direção da baliza, tinha um defesa argentino a persegui-lo).
De possível penálti e/ou expulsão do guarda-redes adversário, Marrocos ficava com apenas um livre direto. Mas chegou. O próprio Zabiri bateu, de pé esquerdo, com uma execução soberba que deixou Barbi pregado ao chão. E de repente os leões do Atlas já venciam.
A Argentina teve de esperar até ao minuto 24 para criar perigo, num livre também frontal ganho por Prestianni (o melhor da equipa sul-americana) e batido por Carrizo a rasar o poste. Mas cinco minutos depois, novo balde de água fria para a seleção albiceleste: após perda de bola de Prestianni no meio-campo ofensivo, Marrocos saiu em contra-ataque rápido pela direita, com Maamma (o mais criativo dos jogadores marroquinos e que seria premiado no final com a Bola de Ouro para o melhor jogador da competição) a esperar e a cruzar no momento certo, ao segundo poste, para a finalização de primeira de Zabiri, sem deixar a bola bater no chão.
Na compensação da primeira parte, Silvetti, com remate cruzado um pouco ao lado, esteve perto de reduzir, mas no lance imediatamente a seguir foi Marrocos que quase fez o 3-0, com Villalba a cortar sobre a linha iniciativa de Maamma.
Tomás Pérez, do FC Porto, que passou ao lado do jogo, primeiro no centro da defesa a três e depois, a partir dos 33’, com a saída de Acuña, no meio-campo, ficou no balneário ao intervalo. A Argentina dava tudo por tudo, tinha mais bola, rematava mais mas quase sempre de longe, e para fora, sem criar grande perigo.
Marrocos defendeu sempre bem, na segunda parte atacou menos, mas Zabiri esteve perto do hat-trick aos 48’, com remate de fora da área que passou a centímetros do poste.
Aos 65’ Prestianni ainda convidou Subiabre a reduzir, mas o extremo argentino desperdiçou ao segundo poste. O jogador do Benfica bem tentou, com desmarcações, passes, remates, mas Marrocos soube sempre segurar a vantagem, e com o passar dos minutos a Argentina foi ficando mais desesperada e perdeu lucidez.
Zabiri, substituído aos 87’ debaixo de aplausos do público chileno (que por causa da rivalidade com a Argentina esteve a torcer por Marrocos), assistiu de fora aos minutos finais, mas nem foi preciso sofrer. Marrocos nunca esteve perto de perder esta final.
Veja o resumo da final
The #U20WC Final: Argentina 🆚 Morocco pic.twitter.com/W052yo7god
— FIFA World Cup (@FIFAWorldCup) October 20, 2025