Lista de Noronha Lopes aponta «irregularidades» nos cadernos eleitorais; Benfica garante que «é falso»
Gonçalo Almeida Ribeiro, candidato a presidente da Mesa da Assembleia Geral pela lista de João Noronha Lopes, falou esta quinta-feira aos jornalistas depois de uma reunião no Estádio da Luz com as seis listas candidatas, para preparar as eleições de sábado. O candidato apontou irregularidades detetadas, mas acredita que não colocam em causa a realização das eleições, nem a sua correção. Porém, admite que «em retrospetiva» poderá ser feita uma análise.
Um dos aspetos que mais chamou a atenção foi o facto de existirem nomes de pessoas falecidas nos cadernos eleitorais. «Pedi para examinar o caderno eleitoral, fiz uma amostragem, porque estamos a falar de um ficheiro que tem entre sete e oito mil páginas, e pude verificar uma coisa que, não deixando de ser preocupante, não é alarmante: no seu estado atual, o caderno eleitoral contempla alguns sócios que nós sabemos que já morreram.»
Seria desejável que o caderno correspondesse já neste momento, integralmente, ao elenco de sócios que pode efetivamente votar.
«A única informação que tenho é de que dos cerca de 250 ou 270 mil sócios que estão no caderno eleitoral, estima-se que serão à volta de 180 mil que terão direito efetivo a votarem, por terem a sua situação totalmente regularizada, no sábado. O que é que isto significa? Não é inédito, mesmo em eleições constitucionais, que haja imperfeições no caderno eleitoral. Preocupa-me que da amostragem que fiz muito rapidamente tenha encontrado um número tão grande de situações que não deviam estar no caderno eleitoral. Agora, a integridade do ato eleitoral depende, mais até do que o caderno eleitoral, do modo como decorre a votação, para se evitar que sócios fantasma votem, que haja duplicação ou triplicação ou o que for do exercício do direito de voto, numas eleições em que não há recenseamento eleitoral, ou seja, um sócio pode votar em qualquer lado e não num local específico. Nós temos montada uma operação logística que nos permite ter delegados em todas as mesas de voto», explicou.
Há pequenas irregularidades em todas as eleições, o problema é quando a soma das pequenas irregularidades é demonstrativa de um padrão subversivo da integridade do ato eleitoral.
Apesar desta descoberta, Gonçalo Almeida Ribeiro está confiante de que as eleições decorrerão dentro da normalidade.
«Não se trata de imperfeições no caderno eleitoral, mas a existência de irregularidades no próprio ato eleitoral. Seria desejável que o caderno correspondesse já neste momento, integralmente, ao elenco de sócios que pode efetivamente votar, mas não há razões para extrair, havendo sócios no caderno que, eu sei, não podem votar no sábado, que as eleições estão comprometidas, que não vão ser umas eleições limpas. Essa é uma inferência neste momento completamente abusiva. Depois de realizadas as eleições, em retrospetiva, podemos juntar várias peças de um puzzle e nessa altura teremos uma noção mais clara sobre se as eleições foram corretas ou não. Estou crente que estas eleições serão as mais corretas na memória recente do Benfica e de que há um empenho real da Mesa Assembleia Geral para que assim seja. É essencial para que haja paz institucional, se for eleito presidente da Mesa tudo farei para que o Benfica seja clube exemplar do ponto de vista dos procedimentos democráticos que adota», disse Gonçalo Almeida Ribeiro.
Entretanto, e na sequência destas alegadas irregularidades, fonte do Benfica desmente a A BOLA dúvidas em relação a este tema, assegurando que «é totalmente falso que haja uma reunião de emergência [para esclarecer alegadas irregularidades] e totalmente falso que haja erros nos cadernos eleitorais».
Neste momento não há nenhuma razão para achar que o ato eleitoral não vai decorrer de forma exemplar.
Por fim, Gonçalo Almeida Ribeiro explicou um procedimento que procura garantir a regularidade do ato eleitoral: «Quando um sócio vai votar, o termo técnico que se usa é cantado em voz alta o número de sócio, o número de identificação civil daquele sócio, para garantir que o portador do cartão de sócio corresponde àquela pessoa.»
«Se estes protocolos decorrerem de forma adequada e se as candidaturas fizerem uma verificação exigente e se for respeitado o seu direito a fazer essa fiscalização (…) nós estamos razoavelmente confiantes de que esta será uma eleição, no geral, regular. Há pequenas irregularidades em todas as eleições, o problema é quando a soma das pequenas irregularidades é demonstrativa de um padrão subversivo da integridade do ato eleitoral, se isso acontecesse seria uma tragédia no Benfica, tendo em conta que estas eleições são tão importantes e num momento histórico de tanta divisão no clube. »
Assim, o jurista quer acreditar que não haverá razões para impugnar as eleições do próximo sábado: «Fundamento para a impugnação haverá sempre, se cumprido o ato eleitoral houver boas razões para a impugnação do ato eleitoral com todas as implicações. Mas neste momento não há nenhuma razão para achar que o ato eleitoral não vai decorrer de forma exemplar.»