Mohamed Aly foi decisivo para que os leões lutassem pela vitória até ao fim
Mohamed Aly foi decisivo para que os leões lutassem pela vitória até ao fim

Liga dos Campeões: por um segundo se ganha, por um segundo se perde

Primeira parte bastante sofrida dos leões obrigou a extraordinária recuperação no 2.º tempo, em que os homens de Ricardo Costa conseguiram transformar uma desvantagem que chegou a ser de seis golos, numa vantagem de dois (29-31) a 4.30m do fim, mas depois permitiram um parcial de 3-0 que levou à quinta derrota na Champions. No entanto, o objetivo do play-off mantém-se vivo.

Com uma 2.ª parte em que surgiu transformado, a cometer menos falhas técnicas, a atacar com maior velocidade e a finalizar com sucesso, enquanto na baliza Mohamed Aly ganhava tempo para a recuperação com uma série de grande defesas, o Sporting baixou o entusiasmo existente nas bancadas da One Veszprém Aréna que efervescia até ao intervalo (19-14).

Sem medos e com uma capacidade de reação à adversidade correspondente ao vernáculo de Ricardo Costa nos descontos de tempo para espicaçar a equipa, os leões obrigaram os fãs da casa a suster a respiração até ao remate de Martim Costa (6) sobre o apito final, após a marcação de uma falta cometida sobre o irmão, Francisco (4), a 2s do fim, para travar o derradeiro ataque dos verdes e brancos.

A direção do tiro do mais velho dos filhos do treinador teve a direção certa, mas o guardião espanhol Rodrigo Corrales, que entrara durante o 2.º tempo para tentar suster a reação  ofensiva dos lisboetas, conseguiu desviar a bola e garantir uma suada vitória dos Veszprém por 32-31 em partida da 10.º jornada do Grupo A da Liga dos Campeões e que desfaz o empate que exista entre as duas equipas no 3.º lugar e fixa os conjunto português na 4.ª posição (10 pts, 5 v-5 d) da poule liderada pelos alemães do Fuchse Berlim (18 pts), seguidos dos dinamarqueses do Aalborg (17).

Se na 1.ª volta, em outubro, o Sporting venceu no Pavilhão João Rocha com um golo de Kiko Costa no último segundo (33-32), desta feita não conseguiu o empate nos dois últimos. Isto depois de ter permitido que os anfitriões passassem para a frente a 11s do fim através de Nadim Remili (5).  

Golo a fechar um parcial de 3-0 após os visitantes terem chegado, em duas ocasiões, a conseguir aquilo que durante a 1.ª parte parecia quase impossível: estar a liderar por dois (28-30). A última vez a 4.30m do fim (29-31) e com  controlo do ritmo de jogo que lhes interessava. Algo que conseguiram retirar ao adversário após o regresso dos balneários com um parcial de 4-8 (23-22), em que pela primeira ocasião registaram três tentos sem resposta, e que colocou na luta pela vitória.

Situação que não haviam conseguido nos 30m iniciais, onde nunca lideraram e chegaram a deter a desvantagem máxima de seis (15-9) numa sequência de 6-2 favorável aos anfitriões.

Se há mês e meio, em Lisboa, o Sporting tinha conseguido entrar de forma intensa e assertiva, na Hungria, os erros no ataque, sobretudo falhas técnicas derivadas da dificuldade em encontrar boas linhas de passe ou de remate, permitiu que o Veszprém tivesse a missão facilitada para aproveitar transições ou contra-ataques em total vantagem.

Por mais time outs que Ricardo Costa pedisse – e só não pediu mais porque não os tinha - a equipa não conseguiu criar espaços para o melhor remate. E isso ajudou os homens liderados por Xavier Fuentes, que na 2.ª parte ficou privado de Yanis Lenne (5), devido a  lesão do ponta francês.

No 2.º tempo surgiu o Sporting que se esperava. Crente que não há vantagens irrecuperáveis. Martim, Francisco e Salvador Salvador (4), ajudaram a construir a primeira igualdade aos 24-24. E logo depois, o islandês Orri Thorkelssen (8), o qual não falhou qualquer livre de 7m, a primeira liderança (24-25) antes de um dançar de mais quatro empates até ao 28-28.

Thorkelssen e Pedro Martínez (1) deixaram os leões na frente por dois, em duas ocasiões, para contrariar a excelência de Hugo Descat (9) e Remili capazes de ultrapassar quase tudo o que lhe foi aparecendo pela frente, e nos derradeiros minutos o Sporting voltou a sentir dificuldades na construção e finalização ofensiva e ficou mais de 4m sem marcar.

Ricardo Costa, treinador da equipa de andebol do Sporting 2025-26. Foto IMAGO
Ricardo Costa, treinador da equipa de andebol do Sporting 2025/26. Foto IMAGO

Ricardo Costa: ««Saímos de cabeça erguida»

«A primeira parte foi mal conseguida da nossa parte. Deveríamos ter estado melhor, principalmente na recuperação defensiva. Muitas das nossas falhas originaram golos fáceis e julgo que a diferença de cinco golos ao intervalo tem muito que ver com a nossa recuperação defensiva e uma intensidade não tão forte no nosso ataque. Estávamos a jogar fora, o critério normalmente é mais caseiro e, por isso, tínhamos de olhar para nós e retificar esses aspectos».

«Na segunda parte acho que fomos mais compactos, mais assertivos no ataque e não permitimos muitos golos fáceis ao Veszprém. Defendemos bem o 6x6, limitamos as acções dos atiradores e o Mohamed Aly ajudou também. Igualamos, passamos para a frente e à entrada dos últimos cinco minutos julgo que há uma ou outra situação que a este nível é difícil de explicar.»

«Não justificando a nossa derrota com os árbitros, mas há um jogo passivo marcado à nossa equipa que é completamente fora das regras. Numa acção de remate, a ir para dentro, o árbitro acaba por decidir o jogo quando estava tudo empatado e podíamos ter ido para a vantagem. Depois, podíamos ter defendido, não defendemos e eles acabaram por fazer-nos uma falta e tivemos uma última bola que daria um pouco de justiça ao jogo, mas não foi assim. Ganhar aqui seriam dois pontos importantes na luta pelo terceiro lugar, mas o importante, agora, é continuar com esta mentalidade.»

«Saímos de cabeça erguida, com o sentimento de que fizemos mais um grande jogo a um nível muito alto. Estou muito orgulhoso dos meus atletas. Agora, foco total no campeonato, porque é isso que nos vai permitir voltar a estar na Champions.»