Liga dos Campeões: por um segundo se ganha, por um segundo se perde
Com uma 2.ª parte em que surgiu transformado, a cometer menos falhas técnicas, a atacar com maior velocidade e a finalizar com sucesso, enquanto na baliza Mohamed Aly ganhava tempo para a recuperação com uma série de grande defesas, o Sporting baixou o entusiasmo existente nas bancadas da One Veszprém Aréna que efervescia até ao intervalo (19-14).
Sem medos e com uma capacidade de reação à adversidade correspondente ao vernáculo de Ricardo Costa nos descontos de tempo para espicaçar a equipa, os leões obrigaram os fãs da casa a suster a respiração até ao remate de Martim Costa (6) sobre o apito final, após a marcação de uma falta cometida sobre o irmão, Francisco (4), a 2s do fim, para travar o derradeiro ataque dos verdes e brancos.
A direção do tiro do mais velho dos filhos do treinador teve a direção certa, mas o guardião espanhol Rodrigo Corrales, que entrara durante o 2.º tempo para tentar suster a reação ofensiva dos lisboetas, conseguiu desviar a bola e garantir uma suada vitória dos Veszprém por 32-31 em partida da 10.º jornada do Grupo A da Liga dos Campeões e que desfaz o empate que exista entre as duas equipas no 3.º lugar e fixa os conjunto português na 4.ª posição (10 pts, 5 v-5 d) da poule liderada pelos alemães do Fuchse Berlim (18 pts), seguidos dos dinamarqueses do Aalborg (17).
Se na 1.ª volta, em outubro, o Sporting venceu no Pavilhão João Rocha com um golo de Kiko Costa no último segundo (33-32), desta feita não conseguiu o empate nos dois últimos. Isto depois de ter permitido que os anfitriões passassem para a frente a 11s do fim através de Nadim Remili (5).
Golo a fechar um parcial de 3-0 após os visitantes terem chegado, em duas ocasiões, a conseguir aquilo que durante a 1.ª parte parecia quase impossível: estar a liderar por dois (28-30). A última vez a 4.30m do fim (29-31) e com controlo do ritmo de jogo que lhes interessava. Algo que conseguiram retirar ao adversário após o regresso dos balneários com um parcial de 4-8 (23-22), em que pela primeira ocasião registaram três tentos sem resposta, e que colocou na luta pela vitória.
Situação que não haviam conseguido nos 30m iniciais, onde nunca lideraram e chegaram a deter a desvantagem máxima de seis (15-9) numa sequência de 6-2 favorável aos anfitriões.
Se há mês e meio, em Lisboa, o Sporting tinha conseguido entrar de forma intensa e assertiva, na Hungria, os erros no ataque, sobretudo falhas técnicas derivadas da dificuldade em encontrar boas linhas de passe ou de remate, permitiu que o Veszprém tivesse a missão facilitada para aproveitar transições ou contra-ataques em total vantagem.
Por mais time outs que Ricardo Costa pedisse – e só não pediu mais porque não os tinha - a equipa não conseguiu criar espaços para o melhor remate. E isso ajudou os homens liderados por Xavier Fuentes, que na 2.ª parte ficou privado de Yanis Lenne (5), devido a lesão do ponta francês.
No 2.º tempo surgiu o Sporting que se esperava. Crente que não há vantagens irrecuperáveis. Martim, Francisco e Salvador Salvador (4), ajudaram a construir a primeira igualdade aos 24-24. E logo depois, o islandês Orri Thorkelssen (8), o qual não falhou qualquer livre de 7m, a primeira liderança (24-25) antes de um dançar de mais quatro empates até ao 28-28.
Thorkelssen e Pedro Martínez (1) deixaram os leões na frente por dois, em duas ocasiões, para contrariar a excelência de Hugo Descat (9) e Remili capazes de ultrapassar quase tudo o que lhe foi aparecendo pela frente, e nos derradeiros minutos o Sporting voltou a sentir dificuldades na construção e finalização ofensiva e ficou mais de 4m sem marcar.
Ricardo Costa: ««Saímos de cabeça erguida»
«A primeira parte foi mal conseguida da nossa parte. Deveríamos ter estado melhor, principalmente na recuperação defensiva. Muitas das nossas falhas originaram golos fáceis e julgo que a diferença de cinco golos ao intervalo tem muito que ver com a nossa recuperação defensiva e uma intensidade não tão forte no nosso ataque. Estávamos a jogar fora, o critério normalmente é mais caseiro e, por isso, tínhamos de olhar para nós e retificar esses aspectos».
«Na segunda parte acho que fomos mais compactos, mais assertivos no ataque e não permitimos muitos golos fáceis ao Veszprém. Defendemos bem o 6x6, limitamos as acções dos atiradores e o Mohamed Aly ajudou também. Igualamos, passamos para a frente e à entrada dos últimos cinco minutos julgo que há uma ou outra situação que a este nível é difícil de explicar.»
«Não justificando a nossa derrota com os árbitros, mas há um jogo passivo marcado à nossa equipa que é completamente fora das regras. Numa acção de remate, a ir para dentro, o árbitro acaba por decidir o jogo quando estava tudo empatado e podíamos ter ido para a vantagem. Depois, podíamos ter defendido, não defendemos e eles acabaram por fazer-nos uma falta e tivemos uma última bola que daria um pouco de justiça ao jogo, mas não foi assim. Ganhar aqui seriam dois pontos importantes na luta pelo terceiro lugar, mas o importante, agora, é continuar com esta mentalidade.»
«Saímos de cabeça erguida, com o sentimento de que fizemos mais um grande jogo a um nível muito alto. Estou muito orgulhoso dos meus atletas. Agora, foco total no campeonato, porque é isso que nos vai permitir voltar a estar na Champions.»