John Terry revela que contemplou suicidar-se após penálti falhado que custou a Champions de 2008
John Terry, lenda do Chelsea, confessou ter considerado o suicídio após o seu famoso penálti falhado na final da UEFA Champions League de 2008, contra o Manchester United.
Num jogo em Moscovo, no Estádio Luzhniki, Cristiano Ronaldo e Frank Lampard fizeram os únicos golos dos 120 minutos, atirando a decisão para o desempate por penáltis.
Ronaldo falhou o terceiro pontapé dos red devils e, depois de Nani fazer o 4-4, Terry tinha o título nas mãos: se marcasse, o Chelsea venceria a primeira Champions da sua história.
Mas o capitão dos blues escorregou no momento decisivo e acertou no poste. O Manchester United acabaria por vencer o desempate por 6-5, após Anelka desperdiçar.
Agora, aos 43 anos, Terry deu a entender que, no hotel da equipa, contemplou o suicídio, antes de ser levado pelos seus colegas de equipa.
Em declarações ao podcast de Reece Mennie, o antigo defesa recordou o momento: «Olhando para trás, teria adorado ter falado com alguém na altura, porque lembro-me que, depois do jogo, voltámos todos para o hotel e eu estava no 25.º andar, em Moscovo, a olhar pela janela e a pensar: 'Porquê? Porquê?'»
«Não estou a dizer que, se tivesse essa oportunidade, saltaria, mas há coisas que nos passam pela cabeça naquele momento específico. Depois, os rapazes subiram e levaram-me para baixo. São aqueles momentos em que pensamos 'e se?'. Nunca se sabe, pois não?», contou.
Terry acrescentou que o sofrimento se prolongou nos dias seguintes. «Três ou quatro dias depois, juntámo-nos na seleção de Inglaterra e, de repente, estávamos sentados à mesa de jantar com os jogadores do Manchester United, o que foi a pior coisa de sempre! Mesmo hoje, isso ainda me passa pela cabeça. Suavizou com os anos, claro, mas quando se está a jogar, a encadear jogos e épocas, consegue-se compartimentar e colocar isso para trás. É agora que estou reformado, sem o foco de jogar todas as semanas ou perante os adeptos, que isso realmente me afeta. Ainda acordo a meio da noite e penso 'sim, aquilo aconteceu mesmo', e não creio que essa sensação desapareça», confessou.
Na altura, destroçado em campo, Terry sentiu a necessidade de pedir desculpa aos adeptos numa carta aberta no site do Chelsea. Admitiu ter chorado muito e dormido apenas algumas horas nos dias que se seguiram à final, revivendo constantemente aquela noite.
Quatro anos mais tarde, o Chelsea venceu o Bayern nos penáltis e Terry pôde finalmente erguer o troféu, embora estivesse suspenso para essa final após ter sido expulso nas meias-finais contra o Barcelona.
Esta é a primeira vez que o antigo internacional inglês indica ter tido pensamentos suicidas. Terry credita o treinador-adjunto do Chelsea, Ray Wilkins, pelo apoio que lhe deu nesse período difícil.
Questionado sobre como lida com a dor de ter falhado aquele penálti, Terry explicou que a sua educação o moldou. «Cresci num mundo, especialmente por influência do meu pai, em que se estivesses chateado, levavas uma palmada na orelha e seguia-se em frente. Levantavas-te e ias disputar a bola com o jogador mais forte. Essa era a mentalidade na altura. As coisas agora são diferentes, o que considero muito importante no futebol.»