Bernardo Silva recorda que Portugal venceu os húngaros no Euro-2020 que se realizou em 2021

Jogo mais importante e dúvida na titularidade: tudo o que disse Bernardo Silva

Médio do Manchester City fez antevisão ao duelo de Portugal com a Hungria

Bernardo Silva foi o escolhido para dar algumas declarações antes da conferência de imprensa de Roberto Martínez, selecionador nacional, de antevisão à partida de Portugal com a Hungria a contar para o apuramento para o Mundial 2026. O médio do Manchester City tratou este como o jogo potencialmente mais importante, tanto pelo adversário como pelo contexto do calendário, elogiou a geração atual da Seleção Nacional e garantiu não saber se vai, ou não, ser titular frente aos magiares.

Numa qualificação tão curta, pode este ser o jogo mais importante do apuramento? Portugal fica mais perto de comprar as passagens para a América?

«Acho um bocadinho cedo para comprar as passagens para a América. Mas numa fase de qualificação tão curta, com seis jogos, em que se joga uma coisa tão importante em apenas três meses, há bastante menos margem de erro. Começando com dois jogos fora, depois dos três pontos na Arménia, conseguir somar mais três na Hungria seria um grande passo. E como temos dois jogos em casa depois, este pode ser o jogo mais importante para nós.

- Espera-se amanhã que a qualidade do jogo com a Arménia, que os jogadores fizeram parecer fácil, esteja presente.

Obviamente há adversários de um nível mais alto ou mais baixo, mas não há jogos fáceis. E aquele jogo rapidamente se poderia tornar fácil como se tornou, mas também se poderia ter tornado muito complicado. A humildade e o respeito que tivemos pela Arménia, e obviamente a qualidade dos nossos jogadores, tornou esse jogo fácil para nós e resolveu-se relativamente rápido.

- Vai ser titular na próxima partida?

- Acho que o mister Roberto Martínez vem daqui a 10 minutos, pode fazer essa pergunta... Mas não, ainda não sabemos a equipa de amanhã. A única coisa que houve ontem foi um treino de recuperação para os jogadores que jogaram e um pouco mais para quem não jogou. Aquilo que lhe posso dizer é que estamos todos preparados para darmos a resposta que é necessária para garantirmos os três pontos. E eu sou um deles, sem dúvida. Estou mais do que preparado para amanhã.

- Que dificuldades pode esta equipa da Hungria causar? O ambiente do estádio pode ter influência?

- Não sabemos bem o que esperar desta equipa da Hungria. Já analisámos, já vimos algumas coisas e já percebemos que, por exemplo, contra a Alemanha tiveram momentos em que pressionaram bastante alto, depois também há muitos jogos em que se sentem confortáveis a defender mais baixo e a sair em contra-ataques e depois também a explorar as bolas paradas. Portanto, não sabemos bem o que esperar. Sabemos que, eventualmente, será um jogo de um nível um bocadinho superior ao da Arménia. Num ambiente que também conhecemos, porque jogámos aqui no Europeu em 2021 e tivemos muitas dificuldades em batê-los. Acabámos por ganhar com alguma folga, mas os golos foram todos marcados nos últimos 10 minutos. Quanto aos jogadores da Hungria, há dois que são grandes rivais meus, o Kerkez e o Szoboszlai, que conheço bastante bem, mas, no geral, é uma equipa em que os jogadores jogam todos num nível bastante alto. Esperamos um jogo bem competitivo, ainda para mais no campo deles.

- A Hungria pode ser a equipa que desafiará Portugal na luta pelo primeiro lugar?

- É difícil dizer. Também temos a equipa da Irlanda. Conheço muito bem os jogadores, porque muitos deles jogam na Premier League, e eu conheço bem o nível da Premier League. Portanto, é difícil lhe dar essa resposta. Agora, por força do calendário e dos primeiros dois jogos terem sido fora contra a Arménia e contra a Hungria, e os próximos dois serem em casa… Não consigo dizer se acho que é mais a Irlanda ou a Hungria que, eventualmente, poderá disputar o topo do grupo. Agora, aquilo que lhe digo é que, por força do calendário, este é o jogo que nos mete um bocadinho mais próximos desse nosso grande objetivo.

- Marco Rossi, treinador da Hungria, colocou Portugal ao lado da Espanha no topo do mundo e referiu que há jogadores de topo a fechar esta geração e que já há mais três nomeados para a Bola de Ouro. Como é que explica este fenómeno?

- É uma geração muito forte. Portugal sempre teve jogadores fantásticos, mas é talvez a geração que tem mais jogadores a jogar nos melhores clubes do mundo, e com isso vem expectativa, mas também muita responsabilidade. Não só a Espanha, mas há outras seleções bastante fortes, com uma capacidade igualmente forte, e que podem competir connosco. Aquilo que posso garantir é que esta seleção, e como provou também agora nesta Liga das Nações, pode competir com qualquer outra. Temos essa ambição de nos podermos bater com qualquer seleção, mas também temos a humildade de perceber que há muitas seleções que estão no nosso patamar.

- Sente que o treinador tem cada vez mais dificuldades em escolher o onze por haver mais boas opções?

- Sim, não é nada fácil, por muito boas razões. Como disse, estão quase todos nos melhores clubes do mundo, a um nível altíssimo, e, portanto, o selecionador não tem um trabalho fácil.

- Que memórias guarda do jogo na Hungria em 2021?

- Não foi um jogo especialmente feliz para nós. Não estivemos muito bem a nível exibicional. Esse jogo contra a Hungria foi o único que ganhámos nesse Europeu. Mas já passaram quatro anos. A nossa equipa mudou bastante, a equipa deles mudou bastante e acho que vai ser um jogo bastante diferente.

- Dominik Szoboszlai [médio do Liverpool e capitão da Hungria] tem jogado a lateral-direito. Em que posição preferia que ele não jogasse?

- Não sei dizer porque, a este nível, queremos sempre quer jogar contra os melhores. Respeitamos muito os jogadores que jogam no nível mais alto. Respeito muito jogadores que jogam em várias posições, significa que não entendem só a posição, mas também o jogo. Jogou muito bem pelo Liverpool a lateral-direito e até marcou o golo da vitória [frente ao Arsenal]. Tenho muito respeito pelo Szoboszlai.

- Diria que é um jogador de classe mundial?

- Joga num dos melhores clubes do mundo, é um ótimo jogador. Ganhou a Premier League na época passada, tem tido bastante sucesso. Espero que não ganhe mais uma e que não ganhe amanhã, mas tenho muito respeito por estes jogadores.

- Que energia dá ainda Cristiano Ronaldo aos 40 anos?

- Dá muita energia, muita ambição, mesmo com a idade que tem. Depois de tudo o que ganhou, ainda quer mais. Nunca ganhou o Mundial e, tendo isso em foco, posso imaginar que seria o final perfeito para a carreira dele, porque ele terá de terminar um dia. Traz sobretudo ambição, liderança e experiência nestes momentos, deixa-nos mais próximos da vitória.

- Ganhar o Mundial é o objetivo final de Ronaldo?

- Não sei, têm de lhe perguntar. Eu diria que sim, porque, como disse, ele tem 40 anos. Não sei por mais quantos anos é que ele quer jogar, mas, será, certamente, uma das suas últimas campanhas para Portugal.

- Qual será o ponto mais forte da equipa da Hungria?

- Vimos uma equipa que é capaz de pressionar alto, que fez isso contra a Alemanha, contra uma seleção também muito forte, portanto, não é só fazer contra um certo tipo de seleções. Mas acho que a velocidade e a potência que têm para saírem em contra-ataque talvez seja a característica mais perigosa. Partindo do princípio de que vamos voltar a ser uma seleção muito pressionante e que vamos ter um bocadinho mais a bola, esperamos nós, penso que o maior perigo será sempre a saída para contra-ataque.