João Neves comemora efusivamente um dos golos (Foto IMAGO)
João Neves comemora efusivamente um dos golos (Foto IMAGO) - Foto: IMAGO

João Neves a assobiar no passeio dos prodígios (as notas de Portugal)

Numa tarde em que o talento nacional andou à solta, médio do PSG brilhou mas Bruno Fernandes também deu um recital de bem jogar e... marcar. Renato Veiga em horas encantadas, tal como o inevitável Vitinha
O melhor em campo: João Neves (8)
Numa das mais belas canções do inimitável Jorge Palma, o Passeio dos Prodígios, a dada altura é dito que quando os deuses brincam é para magoar. Os deuses do futebol cá do burgo brincaram no Estádio do Dragão e quem saiu magoada — e muito — foi a Arménia, vergada a uma goleada absolutamente castigadora mas... merecida. E no Passeio dos Prodígios, João Neves assobiou como que na tranquilidade e simplicidade de quem vai a andar junto ao mar a apreciar a maresia num domingo qualquer. Esteve quase empatado com Bruno Fernandes para arrecadar o louvor de melhor em campo, mas a execução no terceiro golo deu-lhe o galardão. E a execução do livre direto é absolutamente fenomenal, como fenomenal é a forma como aborda todos os encontros, com intensidade incrível. Que forma de se ter estreado a marcar.

DIOGO COSTA (5) — O que dizer dum guarda-redes que sofreu um golo que pouco ou nada poderia fazer para evitar, defendeu uma bola fácil e se limitou, já muito pertinho do fim, a socar outra que ameaçava perigo? Pouco. De resto, não pagou bilhete para ver do relvado o vendaval ofensivo de Portugal.

NÉLSON SEMEDO (6) — Errou no golo arménio porque não acompanhou convenientemente o movimento de fora para dentro de Spertsyan mas foi-se recompondo com o tempo e na vertente ofensiva deu muito, jogando mais para dentro para entregar a largura e a profundidade a Bernardo Silva. Desbloqueou, em toques refinados a desmontar o adversário, na jogada do terceiro golo da Seleção.

RÚBEN DIAS (6) — Com tão pouco o que fazer na componente defensiva, aproveitou para lançar o ataque em passes verticais a quebrar linhas do adversário e sofreu o primeiro penálti porque se tentou posicionar para o cabeceamento e um defesa arménio resolveu agarrá-lo. Portugal agradeceu.

RENATO VEIGA (7) — Cada golo marcado é um suplemento de alma para qualquer jogador, principalmente para um defesa, como é o caso. Aproveitou muito bem o embaraço de Avagyan para concretizar e partir para uma exibição muito sólida, mostrando-se a uma nação futebolística que não o conhece muito a fundo, pois saiu cedíssimo para o estrangeiro.

JOÃO CANCELO (6) — Caso se puxe atrás o filme do jogo, rapidamente se chegará a conclusão de que não fica bem nos frames do golo arménio, pois caiu e ficou a pedir falta quando não houve qualquer infração de Ranos. Mas não se deixou ficar a carpir mágoas e deu muito em termos ofensivos. Teve boa oportunidade para marcar, mas a bola saiu para uma nuvem alta (49'). Tinha brilhado intensamente em Erevan ao marcar dois golos, mas nem sempre pode vestir o mesmo a capa de herói.

VITINHA (7) — É um absoluto regalo à vista ver jogar o médio do PSG. Em termos de passes longos é dos melhores do mundo e se alguém encontrar um curto falhado paga-se muito bem a tal detetive. Tanto sabe comandar a orquestra como tocar violino ou, em caso de necessidade, bombo. A forma como endossa a bola a Bruno Fernandes no lance do segundo golo é absolutamente magistral.

BERNARDO SILVA (6) — É evidente que não está num momento superlativo de forma e isso notou-se, embora não seja daqueles casos em que se pode dizer que causa estorvo à equipa. Longe disso. Ficou perto dum golo acrobático (40'), mas a bola saiu ao lado.

BRUNO FERNANDES (8) — Se fossem apenas os três golos apontados não teriam os arménios tantos pesadelos para os próximos tempos. Deu um recital no Dragão. Está ao nível dos génios, aqueles que veem mais à frente. A forma como bateu a bola no livre direto lateral que apanhou Avagyan totalmente desprevenido e escancarou as portas ao primeiro golo prova-o. Na ausência de Cristiano Ronaldo, ficou encarregue de marcar os penáltis e esteve irrepreensível. Disse que não foi a sua melhor exibição pela Seleção, mas como se disse num célebre debate televisivo: «olhe que não, doutor, olhe que não...»

RAFAEL LEÃO (6) — Tem qualidade inquestionável e até teve um lance em que se destacou e que culminou com remate de Gonçalo Ramos defendido por Avagyan. No entanto, mostrou um ar de algum enfado que não lhe fica bem...

GONÇALO RAMOS (7) — Um golo marcado depois de grande astúcia a adivinhar o passe disparatado do jogador arménio e mais uma assistência para Bruno Fernandes. E daqui até ao início da fase final do Mundial ficará a dúvida: merecerá a titularidade em detrimento de Cristiano Ronaldo?

CARLOS FORBS (6) — Em dia de estreia pela equipa principal de Portugal, não marcou mas sofreu um penálti. Poderia ter sido melhor, mas já não foi nada mau..

FRANCISCO CONCEIÇÃO (6) — De regresso ao Dragão, acendeu mais uma brasa no seu currículo com mais um golo, no caso o último de Portugal.

JOÃO FÉLIX (6) — Boas movimentações a baralhar ainda mais uns já meio atónitos defesas arménios.

RÚBEN NEVES (6) — Mas que enormes passes fez. Tem uma mira naqueles pés, definitivamente...

MATHEUS NUNES (5) — Consistência, foco e vistas largas.

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