Já não é só Amorim: conheça a dupla que Rui Borges transformou
Já não restam dúvidas. Esta é a época de emancipação de Rui Borges. Quase um ano após a chegada a Alvalade, mantém-se a identidade da equipa, a mentalidade e o lastro de vitórias do passado recente, mas, chegando aqui, muito mudou e os traços que marcaram o sucesso na era Ruben Amorim vão-se esvanecendo no tempo. Primeiro com a mudança de um sistema bem vincado nos últimos quatro anos (de um 3x4x3 para o atual 4x2x3x1) e agora, quase 12 meses depois, com o ressurgimento de algumas peças do plantel já com a assinatura de Rui Borges. E, neste âmbito, olhando para o aspeto individual, há dois nomes moldados claramente como tendo o efeito Rui Borges: Iván Fresneda e João Simões.
Poucas previsões apontavam para o impacto que o treinador teria nesta dupla. Se o primeiro, lateral-direito de 21 anos, parecia já um talento adiado, sem espaço em Alvalade e de quem Amorim estava prestes a prescindir — após transferência avultada de €9 milhões junto do Valladolid em 2023/2024 —, o segundo era já um jovem em afirmação, mas como elemento de rotação, longe do protagonismo atual. E hoje... ambos vivem o melhor momento das respetivas carreiras. E se nomes como Pedro Gonçalves, Diomande, Hjulmand, Geny Catamo ou Quenda são nomes que tiveram em Amorim o principal responsável pelas afirmações, Fresneda e João Simões são peças que se tornaram valiosas com o carimbo do atual técnico.
AFINAL O QUE MUDOU NELES?
A evolução tornou-se visível nos jogos: Fresneda com mais passes progressivos, maior influência no início das jogadas e maturidade defensiva, que assenta que nem uma luva no sistema de defesa a quatro no corredor direito. Já João Simões, que tinha como atributos a entrega e consistência, tornou-se num médio moderno, um 8 de elevada rotação e versatilidade tática. Mas a confiança transmitida pelo treinador está patente, sobretudo, nas ações ofensivas: passes mais criteriosos, temporizações inteligentes e uma crescente capacidade de decidir no último terço.
SIMÕES, UM FUTURO CAPITÃO
A cotação de João Simões subiu esta época muito devido à montra europeia que tem tido. O médio de 18 anos, curiosamente, soma mais minutos na Liga dos Campeões (377) do que na Liga (227). Valorização que terá efeito no plantel, uma vez que os leões, sabe A BOLA, projetam João Simões como um dos capitães a médio prazo. Também Fresneda, que está na antecâmara de uma chamada à seleção A de Espanha e foi alvo de clubes italianos (Como) no final da época, mantém-se (bem) referenciado nas principais ligas europeias.
A RECUPERAÇÃO DE QUARESMA E A ADAPTAÇÃO DE MAXI
João Simões e Iván Fresneda cresceram pelas mãos de Rui Borges, mas existem outros casos nos quais o treinador teve papel de enorme preponderância. Um deles, e aquele que mais poderia sofrer com a mudança de sistema, foi Eduardo Quaresma. Muito tem sido o trabalho feito junto do central de 23 anos para uma melhor adaptação e rotação num sistema de quatro defesas. Peça determinante com Amorim numa linha de três (como central pela direita), Eduardo Quaresma entra no lote de soluções para o eixo defensivo e terá, nas próximas semanas, testes de fogo face à saída de Diomande para a CAN e à lesão de Debast. Também Maxi Araújo, internacional uruguaio de 25 anos, habitual como ala esquerdo com Ruben Amorim, foi uma aposta ganha como lateral-esquerdo. O uruguaio é um dos elementos mais importantes no plantel e reforçou (ainda mais) a importância na estrutura leonina.