Italianos inverteram uma história que um 'velho' queria continuar a contar (crónica)
O Bayern abordava o jogo da primeira mão dos quartos de final da UEFA Champions League sentado num confortável registo de 22 jogos sem ser desfeiteado na fortaleza Allianz Arena.
Os primeiros minutos deram nota da vontade bávara, malgrado as muitas ausências, a querer mandar no jogo. Olise, na direita, causava estragos e começou por alvejar a baliza de Sommer logo ao minuto 7. Grande parte da esperança alemã recaia em Harry Kane, o melhor marcador da prova, mas o inglês estava desajustado, como se viu à passagem do minuto 14, quando completamente solto de marcação — notícia numa tão bem organizada defensiva nerazurra — cabeceou para as mãos do guarda-redes suíço.
O Inter sentia muitas dificuldades, com a estrela da equipa, o ponta-de-lança Lautaro Martínez a descer até ao seu meio terreno defensivo para ajudar na construção, que não estava propriamente fácil. Kane dispôs de outra oportunidade, mas a bola bateu com tanto estrondo no poste esquerdo da baliza de Sommer que por esta altura ainda estará a abanar.
Paulatinamente, a equipa de Simone Inzaghi começava a responder e Carlos Augusto remata à malha lateral de um até aí descansado Urbig. O Bayern tinha a bola mas muitas vezes não sabia bem o que lhe fazer e num contra-ataque muito bem desenhado pelo Inter, condução pela esquerda, toque de calcanhar de Marcus Thuram e trivelada absolutamente fantástica de Lautaro Martínez a inaugurar o marcador. Para ver e rever até não mais se poder.
Na segunda parte a toada manteve-se mas foi Lautaro quem ficou perto de ampliar a vantagem e o português Raphael Guerreiro responde ao encher o pé esquerdo mas a bola a sair por cima (64).
O treinador dos alemães, Vincent Kompany, não se conforma e faz três substituições duma assentada, cumprindo uma vontade aos adeptos e colocando em campo Thomas Muller, o veterano de 35 anos que ao fim de 25 anos faz as despedidas do Bayern. E como em todas as histórias que se querem de heroísmo, foi o velho no sentido mais carinhoso do termo se esforçou para que o tal registo de 22 jogos de invencibilidade caseira dos bávaros se mantivesse e foi dele o golo do empate.
Quando tudo apontava para um empate ou até uma vitória germânica, pois estavam por cima do jogo, veio ao de cima o cinismo italiano e num contra-ataque de compêndio, Frattesi, que tinha saído do banco, fez o resultado final.