«Centralização dos direitos audiovisuais do Futebol Profissional representa, sem dúvida, um marco histórico em Portugal», defende André Mosqueira do Amaral
«Centralização dos direitos audiovisuais do Futebol Profissional representa, sem dúvida, um marco histórico em Portugal», defende André Mosqueira do Amaral

Ir além dos direitos

Liga para Todos é o espaço de opinião quinzenal de André Mosqueira do Amaral, Diretor Executivo da Liga Portugal

A centralização dos direitos audiovisuais do Futebol Profissional representa, sem dúvida, um marco histórico em Portugal. Não resolverá, por si só, todos os desafios do nosso futebol. É verdade. Contudo, pode ser o alicerce de uma transformação profunda, como uma plataforma de futuro que ultrapassa a mera agregação e comercialização conjunta dos direitos de transmissão.

O que se abre é a possibilidade de construir um ecossistema moderno, competitivo e sustentável. No produto, significa investir na qualidade audiovisual, analisar qual o formato competitivo que melhor serve as Sociedades Desportivas e reforçar a atratividade global das nossas competições. Nos conteúdos, é a oportunidade de criar uma nova economia audiovisual, coerente e com identidade própria. Um espaço de narrativas que valorizem os protagonistas e consolidem o Futebol como produto cultural e mediático, à imagem do caminho que tem sido efetuado pela Liga TV. Nos dados e na tecnologia, significa estar na vanguarda da criação de valor para adeptos e parceiros, através da personalização de experiências, da análise inteligente de audiências e da proteção de um ativo estratégico: o combate à pirataria digital. A centralização permitirá implementar sistemas unificados de monitorização, notificação e remoção de transmissões ilegais. Mas será igualmente indispensável o compromisso do legislador, para garantir a defesa do mais elementar direito de propriedade intelectual.

Mais do que uma redistribuição justa e solidária de receitas, o desafio passa por desenvolver mecanismos que valorizem verdadeiramente as competições, os estádios, as marcas e as comunidades locais. Como ensina a economia comportamental, não basta discutir critérios de repartição — é preciso trabalhar na operacionalização da criação de valor.

Saliento ainda a importância da internacionalização: a centralização facilita parcerias estratégicas, atrai investimento estrangeiro e abre canais de diálogo com outras Ligas e entidades reguladoras. É este o caminho que a Liga Portugal tem vindo a percorrer nos últimos meses, um caminho de construção, com ambição e visão, que pretende reposicionar o Futebol Profissional num novo patamar de competitividade global.