Gianni Infantino, Presidente da FIFA, na Cimeira Mundial do Desporto, no Dubai
Gianni Infantino, Presidente da FIFA, na Cimeira Mundial do Desporto, no Dubai - Foto: IMAGO

Infantino: «Poderíamos ter preenchido 300 anos de Mundiais em duas semanas»

Presidente da FIFA defendeu os preços elevados no próximo Campeonato do Mundo e garantiu que o dinheiro vai ser reinvestido no futebol mundial. Abordou ainda outros problemas, do VAR, calendarização e a regra do fora de jogo

O preço dos bilhetes para o Mundial 2026, a realizar-se durante o próximo verão nos Estados Unidos, México e Canadá, continua a causar muita polémica e insatisfação dos adeptos. Entretanto, o Presidente da FIFA, Gianni Infantino, quebrou o silêncio e defendeu esses valores mais elevados, afirmando que a procura é muito mais alta do que a oferta.

«Temos seis a sete milhões de bilhetes à venda e, em 15 dias, recebemos 150 milhões de pedidos de bilhetes», disse Infantino na Cimeira Mundial do Desporto, no Dubai, esta segunda-feira. «Portanto, 10 milhões de pedidos de bilhetes todos os dias. Isso mostra o quão poderoso é o Mundial», afirmou, apesar dos preços estarem a triplicar, comparativamente com o Mundial 2022 no Qatar.

«Nos quase 100 anos de Campeonato do Mundo, a FIFA vendeu 44 milhões de ingressos no total. Então, em duas semanas, poderíamos ter preenchido 300 anos de Mundial. Imagine isso. É absolutamente louco», completou, sendo que o preço mais barato para a final da competição é a rondar os 3 mil euros.

A FIFA introduziu um pequeno número de ingressos «mais acessíveis» a 50 euros para todos os 104 jogos, isto depois das críticas à sua estrutura de preços após o lançamento inicial dos ingressos. «Ouvimos os comentários e esta nova categoria é a coisa certa a fazer», disse um funcionário da FIFA, próximo das discussões, à BBC Sport.

Infantino garantiu ainda que o dinheiro arrecadado com a venda de bilhetes será reinvestido no futebol mundial, embora não tenha especificado o valor. «O que é crucial é que as receitas geradas com isso sejam revertidas para o futebol em todo o mundo. Sem a FIFA, não haveria futebol em 150 países do mundo. O futebol existe porque, e graças a, estas receitas que geramos com e a partir do Mundial, que reinvestimos em todo o mundo.»

VAR, fora de jogo, perdas de tempo e calendarização

Além do Mundial, abordou outros grandes problemas do futebol mundial, incluindo a calendarização. «Quando ouço alguns debates sobre haver demasiado futebol... Talvez haja demasiado futebol em algumas partes do mundo, mas certamente não há suficiente noutras. Temos que tentar encontrar o equilíbrio adequado entre o futebol de clubes e o futebol de seleções», defendeu, e ampliou o conceito: trata-se também de separar «jogos com sentido» de «jogos sem sentido» para sustentar o interesse e o impacto global do jogo.

Outro tópico foi a arbitragem e mais em concreto o VAR. «Introduzimos o VAR. Tornámos o jogo mais justo. Estamos a tornar o VAR cada vez melhor para ajudar os árbitros a tomar a decisão certa», disse, afirmando que o objetivo é tornar o futebol «mais ofensivo, mais atraente». «Nova regra de fora de jogo? Talvez no futuro o atacante tenha que estar à frente para estar em fora de jogo», apontou, mostrando estar disponível à ideia de Wenger, ex-treinador do Arsenal. «Estamos a estudar também medidas contra a perda de tempo. É importante que o jogo flua», acrescentou.