Estádio Maracanã - Foto: IMAGO

Governo do Rio de Janeiro avalia possibilidade de venda do Estádio do Maracanã

Decisão ainda carece de aprovação final na Assembleia Legislativa. Ideia é reduzir custos e aliviar a dívida estadual, segundo a imprensa brasileira.

O lendário Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, poderá ser incluído na lista de bens públicos que o Governo estadual pretende vender para reduzir despesas e amortizar parte da dívida com a União Federal.

A possibilidade surgiu após a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) alterar um projeto de lei apresentado pelo Executivo, adicionando novos imóveis à lista de ativos potencialmente alienáveis, entre eles, o complexo do Maracanã.

Maracanã já foi palco de várias finais (IMAGO/Fotoarena)

O presidente da Comissão, Rodrigo Amorim, afirmou à imprensa brasileira que o objetivo é aliviar os custos com patrimónios considerados subutilizados ou excessivamente dispendiosos. «O Governo paga uma fortuna pela manutenção do complexo do Maracanã, cerca de um milhão de reais (160 mil euros) por jogo», disse o deputado.

O projeto ainda será votado em plenário, e eventuais alterações poderão ser feitas antes da decisão final. De acordo com estimativas incluídas na lei orçamental de 2026, o Estado do Rio de Janeiro deverá pagar cerca de 12,3 mil milhões de reais (2 mil milhões de euros) em juros e amortização da dívida no próximo ano.

Estádio Maracanã - Fluminense e Flamengo - remodelado

Entre os deputados, há opiniões divergentes. Alexandre Knoploch, relator do projeto, afirmou que o Flamengo vê com bons olhos a operação, considerando o clube o mais apto a gerir o estádio. Já Flávio Serafini, do PSOL, considera «um absurdo incluir o Maracanã» na lista de possíveis vendas, defendendo que o espaço é um património cultural e deve permanecer sob gestão pública.

Atualmente, Flamengo e Fluminense detêm a concessão do estádio e do ginásio do Maracanãzinho até 2044. O complexo inclui ainda o Parque Aquático Júlio Delamare e o antigo Estádio de Atletismo Célio de Barros, ambos sob administração estadual.

Adeptos do Fluminense nas bancadas do Maracanã (IMAGO/Pera Photo Press)

Especialistas alertam, no entanto, que uma eventual venda exigiria alterações legais. O jurista Hermano Cabernite, especialista em Direito Público e Administrativo, explicou que o Maracanã «é um bem público estadual, destinado ao uso desportivo e recreativo, e só poderia ser alienado mediante mudança formal dessa natureza por lei específica».

Inaugurado em 1950, o Maracanã é um dos estádios mais emblemáticos do mundo, palco de duas finais do Campeonato do Mundo (1950 e 2014) e de inúmeros momentos históricos do futebol brasileiro.