Fama a abrir e sofrimento a segurar (crónica)
O embate entre conjuntos pertencentes ao primeiro escalão, entre Estoril e Famalicão, prometia ser um dos mais equilibrados da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal e não desiludiu: os canarinhos forçaram no final, os minhotos viram-se obrigados a resistir e quase se assistiu a um prolongamento que até se justificava.
O final da partida, de assédio amarelo, destoou totalmente do início, que foi de Fama – o conjunto visitante necessitou de apenas um minuto e quinze segundos após o apito inicial para se colocar na frente, através de um remate de Tom van der Looi, aproveitando desatenção da defesa estorilista em zona frontal e também alguma fortuna no seu remate, que sofreu um desvio na perna de Antef Tsoungui e ludibriou Turk, guarda-redes estorilista.
A equipa da casa acusou a má entrada e demorou a entrar em jogo, sem conseguir tomar as rédeas e acusando dificuldades para travar a imprevisibilidade do trio ofensivo dos visitantes, formado por Gil Dias, Joujou e Zabiri.
Só a partir da meia hora de jogo o Estoril esteve realmente próximo de empatar e esteve perto de o fazer por duas ocasiões, através de Kévin Boma, que aos 31’ apareceu em boa posição mas não calibrou devidamente o seu cabeceamento e a bola passou ao lado, e aos 38’ André Lacximicant finalizou com um remate fraco e denunciado uma jogada bem desenhada e ao primeiro toque do coletivo local.
Os últimos minutos do primeiro tempo foram de ação junto das duas balizas, com o Famalicão a aproximar-se do 0-2 por duas das suas serpentes, Gil Dias aos 41’, num remate cruzado para boa defesa de Turk, e Zabiri, que não conseguiu tirar proveito da boa posição em que se encontrava aos 42’, e o Estoril a quase sair para intervalo com a igualdade recuperada, não fosse João Carvalho ter atirado por alto a partir de zona frontal aos 44’.
No segundo tempo repetiu-se uma melhor entrada do Fama, que dispôs de mais duas chegadas à baliza estoriista aos 48’, por Pedro Santos, e Gil Dias, aos 50’ antes de materializar o segundo golo, tirando proveito do balanceamento da equipa da casa no seu ataque, em busca da igualdade, para alcançar o segundo golo. E fê-lo com tiro de canhão.
Do banco saltou Pedro Bondo aos 65’ e, aos 78’ este assinou o melhor golo da noite armando remate portentoso em ressaca a uma tentativa de corte de Ferro para a entrada da grande área, e a eliminatória parecia quase sentenciada.
No entanto, o Estoril ainda teve palavra a dizer, especialmente a partir do momento em que Ian Cathro emendou bem a mão a partir do banco de suplentes e aos 81’ fez entrar Alejandro Marqués, que cinco minutos depois fez uso da sua capacidade de cabeceamento para corresponder a um cruzamento teleguiado de Rafik Guitane – também ele suplente utilizado – para reduzir para a diferença mínima e relançar a partida.
O Estoril forçou e a dupla Guitane-Marqués quase deu resultado aos 90+5’, com novo cruzamento do argelino para cabececeamento do venezuelano que ainda fez surgir festejos na bancada, porém a passar muito perto da baliza do Famalicão, que suspirou de alívio e segurou o apuramento para os oitavos de final da prova rainha.
Ian Cathro
«A ordem dos golos também tem impacto no jogo - a psicológica, o lado do momentum. O mais problemático para nós foi termos sofrido um golo cedo no jogo, pois perdemos 10% ou 15% do tempo útil no jogo. É uma frustração enorme e também uma realidade, termos de levar a parte boa e também a má e aceitá-lo, mas é frustrante.»
Hugo Oliveira
«O Estoril é uma equipa que tem belíssimos jogadores, tecnicamente muito boa, que no momento da definição tem muita capacidade e poder. Continuámos com muito trabalho deste grupo com um sentimento coletivo grande de jogadores que vão aparecendo e vão jogando e um jogo forte de jogadores que não têm jogado tantas vezes».
As notas dos jogadores do Estoril: Estoril Praia: Martin Turk (6), Tsoungui (5), Kévin Boma (5), Ferro (5), Ricard Sánchez (6), Jordan Holsgrove (5), Tiago Brito (4), Gonçalo Costa, (5), Pizzi (5), João Carvalho (6) e André Lacximicant (5). Jandro Orellana (5), Yanis Begraoui (4), Rafik Guitane (6), Tiago Parente (4) e Alejandro Marqués (6).
As notas dos jogadores do Famalicão: Zlobin (6), Gustavo Garcia (5), Justin de Haas (6), Ibrahima Ba (6), Rafa Soares (6) Van de Looi (7), Gustavo Sá (6), Pedro Santos (6), Gil Dias (6), Joujou (6) e Yassir Zabiri (6). Jogaram ainda: Mathias de Amorim (5), Pedro Bondo (6), Sorriso (4), Simon Ellisor (-) e Léo Realpe (-)