Tondela e Estrela anularam-se no João Cardoso - Foto: PAULO NOVAIS/LUSA

Faltou acerto e o jejum teima em continuar (crónica)

Beirões e tricolores não tiveram arte nem engenho para desfazerem o nulo, numa partida recheada de oportunidades e na qual imperou a falta de eficácia. Renan brilhou entre os postes e salvou um ponto para os amadorenses nos instantes finais. AInda não é desta que uma ou outra equipa vencem na Liga

Frente a frente os dois piores ataques da Liga, e dois conjuntos que ainda não conheciam o sabor da vitória na presente edição do campeonato, o nulo seria, à partida, um desfecho expectável no embate entre Tondela e Estrela da Amadora, mas, face ao que aconteceu dentro das quatro linhas, a contenda no João Cardoso terminou com um resultado (bastante) surpreendente.

Ivo Vieira e Luís Silva, que segura o barco do Estrela até ser anunciado o sucessor de José Faria, promoveram, respetivamente, quatro e três mudanças nos onzes iniciais, com intuito de alterar o rumo de insucesso que as equipas têm tomado nas últimas semanas.

Após cinco minutos de desconfiança de parte a parte, com pouco fio de jogo no processo ofensivo de ambas as formações, o jogo abriu e, de repente, surgiu uma avalanche de bons desenhos atacantes que culminou em várias ocasiões de perigo junto das balizas.

A apostar na feroz combinação Marcus Abraham-Sidny Cabral na asa direita, o Estrela causou muitos problemas ao Tondela e sobretudo a Rémy Vita, que teve uma primeira parte para esquecer, não tendo conseguido travar as investidas dos dois homens do emblema tricolor.

Sem conseguir traduzir essa superioridade em golos, os amadorenses viram os beirões crescer (e de que maneira) no encontro e acabaram o primeiro tempo encostados à sua área.

Sucessivas tentativas do conjunto da casa obrigaram Renan a aplicar-se, saltando à vista o lance à passagem da meia hora de jogo: Jordan Pefok cabeceou à baliza e o brasileiro voou para uma enorme defesa, com o esférico a tocar ainda na barra.

À semelhança da equipa de Luís Silva, os comandados de Ivo Vieira não aproveitaram o excelente momento que protagonizaram na reta final dos primeiros 45 minutos e o nulo prevaleceu quando o juiz Gustavo Correia apitou para intervalo.

Motivada pela boa réplica que havia deixado em campo minutos antes, a turma beirã entrou a carregar na etapa complementar e ainda se gritou golo em Tondela, mas o tento de Pefok foi anulado por posiçao irregular do atacante.

O jogo parecia encaminhar-se para nova sequência de aproximações perigosas às balizas, mas acabou por verificar-se exatamente o oposto. O ritmo caiu drasticamente e as fontes de criatividade secaram (quase) por completo.

Schappo, para os tricolores, e Ivan Cavaleiro, para os tondelenses, ainda assustaram os guarda-redes contrários, mas seria apenas nos instantes finais que o encontro ganharia vida.

Após um lance em que Maranhão testou as luvas de Renan e a expulsão por protestos de Hélder Tavares, que estava no banco, chegou o momento que definiu o resultado. Medina subiu à área e atirou de cabeça à baliza e a bola ainda bateu no relvado, mas o guardião do Estrela defendeu e segurou o ponto precioso.

Faltou acerto na hora de finalizar, o que ajuda a explicar o facto de as equipas juntas somarem, no total, apenas cinco golos.

O melhor em campo: Renan Ribeiro (7)
O guardião brasileiro foi herói para os amadorenses e desempenhou um papel crucial no ponto somado em Tondela. Colecionou várias defesas ao longo da partida, entre as quais se destacam duas interevenções espetaculares, uma delas nos segundos finais. Além do guarda-redes, Sidny Cabral esteve em excelente plano e foi o elemento mais inconformado do ataque dos tricolores.
A figura do Tondela: Ivan Cavaleiro (6)
O extremo ameaçou o golo em mais do que uma ocasião e foi o principal desequilibrador da formação beirã, ao desferir vários remates venenosos sem pedir licença. Pedro Maranhã, do lado oposto, também esteve bastante ativo ao longo dos 90 minutos. O jovem Juan Rodríguez protagonizou uma exibição muito sólida no miolo.

As notas dos jogadores do Tondela: Bernardo Fontes (5); Bebeto (6), Christian Marques (5), Brayan Medina (5), Rémy Vita (4); Juan Rodríguez (6), Joe Hodge (5); Pedro Maranhão (6), Rony Lopes (4), Ivan Cavaleiro (6); Jordan Pefok (5). Emmanuel Maviram (5), Hugo Félix (5), Yaya Sithole (5), Tiago Manso (5) e Yefrei Rodríguez (-).

As notas dos jogadores do Estrela da Amadora: Renan Ribeiro (7); Bernardo Schappo (5), Luan Patrick (5), Atanas Chernev (5); Sidny Cabral (6), Abraham Marcus (6), Paulo Moreira (5), Ryan Santos (5); Ianis Stoica (4), Kikas (4) e Jorge Meireles (5). Guilherme Montoia (5), Alisson Jesus (5), Rodrigo Pinho (5), Jefferson Encada (-) e Oumar Ngom (-).

Reações dos treinadores

Ivo Vieira

Não temos tido a sorte do jogo. Na jornada anterior o guarda-redes adversário foi o melhor em campo, nesta partida novamente. Tivemos uma bola na barra e um golo anulado. Na primeira parte, o Estrela causou-nos alguns calafrios, sobretudo no corredor direito. Os jogadores trabalharam imenso para a vitória, mas acabámos por não a conseguir. Fizemos mais do que o suficiente para ter uma ponta de sorte. Na segunda parte, a qualidade do jogo caiu. São duas equipas desesperadas por somar pontos. A bola não entrou, vamos tentar trabalhar com afinco para que as coisas mudem.

Luís Silva

Entrámos muito bem no jogo, sabíamos que ia ser uma partida muito disputada. O relvado não estava fácil, houve muitos passes errados. As duas equipas foram agressivas a chegar ao portador da bola. Criámos ocasiões de golo e conseguimos ganhar bolas em zonas adiantadas. Começámos a quebrar na frescura e o Tondela começou a criar-nos dificuldades. Era importante termos tido uma pontinha de sorte para marcarmos no início. Na segunda parte, tivemos controlo do jogo, mas não controlo das situações. O Tondela criou-nos calafrios nas bolas longas. Penso que o resultado é justo, com duas equipas dignas, que lutaram pelos três pontos.