Bellerín sem papas na língua
Bellerín sem papas na língua - Foto: IMAGO

Ex-Sporting atira: «Prefiro ser genuíno mesmo com toda a m**** a cair sobre mim»

Héctor Bellerín reconhece que a época passada «foi uma das mais complicadas da carreira, a nível futebolístico e pessoal»

Héctor Bellerín está a protagonizar um grande arranque de temporada ao serviço do Betis, após um ano no qual praticamente não jogou devido a problemas físicos.

Em entrevista ao Mundo Deportivo, o lateral-direito que passou pelo Sporting em 2022/23, recordou a época transata e admite que foi «uma das mais complicadas» da carreira.

«A última temporada, tanto a nível futebolístico como pessoal, foi uma das mais complicadas da minha carreira, com muitos momentos de frustração, dor física e até incerteza», frisa o defesa de 30 anos.

Conhecido pela abertura com que fala de vários temas além do futebol, o internacional espanhol garante que não tenciona deixar de expressar as suas ideias, apesar de tal já lhe ter causado alguns problemas, dando os exemplos das afirmações sobre o genocídio em Gaza e a defesa de grupos marginalizados.

«No mundo em que vivemos é o preço a pagar por nos expormos: ter uma opinião, ser sincero... Vivemos num mundo polarizado. Muitas vezes não fui julgado apenas pelo meu desempenho em campo. Sei que isso vai acontecer e tenho de me sentir confortável com isso, porque não posso ser de outra forma. Se não fosse futebolista, expressar-me-ia da mesma forma. Tenho este altifalante. Temos a responsabilidade de o usar para o bem, cada um interpreta-o à sua maneira. Eu uso-o da forma que considero positiva, não para mim, mas para os outros. Se procurasse o meu próprio interesse, falaria de coisas muito diferentes», vinca.

Bellerín reconhece que «muitas vezes é uma posição incómoda», garantindo: «Não o faço para ser mais aceite socialmente ou para que os adeptos gostem mais ou menos de mim. Dão-me um microfone e eu digo o que penso. Não vou esconder-me. Tenho muito apoio dos meus colegas. E muitos que não pensam como eu. Aprendemos uns com os outros. Temos conversas importantes, todos somos definidos pela nossa experiência, mas vivemos numa situação política e social muito tensa. Expor-se tem um preço a pagar e nem sempre se é bem recebido. Não acredito em quem diz que isso não o afeta, porque somos pessoas e dói quando nos insultam. É um preço a pagar. Prefiro ser quem sou, ser verdadeiro e levar com toda a m**** em cima de mim do que tentar ser algo que não sou.»