Ex-campeão do mundo recorda calvário no Barcelona: «Nem de casa saía»
Samuel Umtiti era um dos melhores defesas do mundo em 2018, ano em que conquistou o Mundial ao serviço da seleção francesa, na Rússia. No entanto, esse foi o torneio que acabou por lhe marcar o resto da carreira, já terminada.
Na altura jogador do Barcelona, Umtiti tinha uma lesão no joelho, mas decidiu infiltrar-se para poder jogar o Mundial. Os problemas vieram depois.
«Depois do Mundial, quis tirar um tempo para perceber exatamente o que tinha e tomar as decisões certas sobre o meu tratamento. Não estávamos totalmente de acordo com o clube [o Barcelona], por isso decidi procurar outras opções, consultar especialistas para que todos me pudessem dar a sua opinião. A maioria disse-me que não precisava de ser operado. No final, o Barcelona respeitou a minha decisão, aquilo que eu queria», começou por dizer, na RMC.
O tratamento não resultou, e Umtiti não mais voltou a ter a regularidade pretendida em Camp Nou: em quatro anos, fez apenas 49 jogos pelo Barcelona, antes da saída em 2022, para o Lecce. Nesse período, as críticas pela ausência foram muitas.
«Acho que aconteceram coisas internamente que as pessoas não souberam apreciar, enquanto eu tenho um enorme respeito por todos. O facto de não estar a fazer a minha reabilitação contigo não significa que não goste de ti. Não, simplesmente decidi fazer outra coisa porque o que me ofereceste não funcionou», esclareceu.
«Mas, a partir desse momento, creio que se criou uma fratura e as pessoas começaram a falar, a dizer coisas que não eram totalmente verdadeiras, culpando-me por tudo. O mais importante para mim era regressar», explicou.
Umtiti foi-se abaixo, de tal forma que assume que passou por problemas de saúde mental: «Olhando para trás, sei que mentalmente me afetou imenso, talvez por causa dos episódios de depressão. Aconteceram tantas coisas... Nem sequer saía de casa.»
«As pessoas não sabiam de nada disto. Pensavam: 'Se ele não publica nada nas redes sociais, é porque não faz nada'. Mas eu trabalhava arduamente, fazia duas ou três sessões de treino por dia, tinha um plano de preparação... Era incrível o que eu fazia, praticamente não tinha vida, não via os meus amigos. Quando lia tudo o que saía na imprensa, pensava: 'Como podem pensar isso de mim? Eu não sou assim, o dinheiro não me motiva'. Eu só queria jogar futebol», afirmou.
Para tentar melhorar, o ex-jogador francês que terminou a carreira em setembro, assume que até de alimentação mudou: «Decidi fazer as coisas de outra maneira, mas segui os conselhos que me deram, porque não sou médico. Li livros sobre o meu problema, deixei de comer carne e peixe, e segui uma dieta incrível que me ajudou a reduzir a inflamação. Era tão grave que tive de mudar a minha alimentaçã. (...) Algumas pessoas não fizeram o que deviam e, para mim, um profissional não pode ser tão incompetente.»
«Antes tinha muito ressentimento, mas trabalhei muito e não guardo rancor a ninguém. Estou em paz com tudo isso», garantiu, para concluir.