EuroBasket: Estónia-Portugal, o jogo do tudo ou nada
É o tudo ou nada! Hoje, contra a Estónia (12h45), Portugal decide o seu futuro no 41.º EuroBasket 2025. Quem ganhar regista a segunda vitória no Grupo A, em Riga, e passa aos oitavos de final. Objectivo que, nas três anteriores presenças, os Linces só concretizaram em Espanha-2007. Quem perder entra de férias.
«Demos o primeiro passo no primeiro jogo (vitória sobre a Chéquia por 62-50), falta-nos dar o segundo para atingir o objetivo e é nisso que temos de nos focar. Vai decidir se atingimos a nossa meta ou não e, tal como disse aos jogadores, temos de encarar isto como uma partida que vai para prolongamento», começou por analisar o selecionador Mário Gomes após o último treino na Xiaomi Arena.
Apronto que antecipou um jogo em que Rafael Lisboa, Diogo Brito e Francisco Amarante irão atingir as 50 internacionalizações e o capitão Miguel Queiroz 126, igualando Miguel Miranda, que esteve nos Euros de Espanha-2007 e Lituânia-2011.
«O jogo está empatado, agora é preciso jogar o resto. O estado de espírito da equipa é bom, não pode ser outro. Eles têm noção disso. Sempre definimos que o mais importante ao longo da competição era reagir sempre, independentemente de correr melhor ou correr pior, de modo a que chegássemos ao último jogo a não depender de ninguém para decidir as coisas. É o que vai acontecer e continuo confiante que a equipa pode consegui-lo porque temos capacidade», garantiu horas depois de Portugal (56.ª ranking mundial) ter sofrido a terceira derrota seguida ao ser batido pela anfitriã Letónia (9.ª) por 62-78.
Antes disso, a Seleção caíra, também como se esperava, frente à supercandidata Sérvia (2.ª) por 69-80 e com estrondo, a pior exibição de todas, contra a Turquia (27.º) por 95-54. «Julgo que não ficaram afetados por isso. Os nossos jogadores têm conhecimento do basquetebol internacional e sabem as equipas contra quem jogaram», diz ainda o técnico à agência Lusa por a equipa vir de três desaires.
«Aliás, penso que, em Portugal, provavelmente ninguém acreditaria que íamos chegar aqui e conseguir jogar olhos nos olhos com a Sérvia, com a Letónia, fez talvez o melhor jogo até agora contra nós, tal como a Turquia, que, segundo o seu treinador, fez um jogo perfeito», contou o técnico luso.
Provavelmente sem se recordar que Miguel Queiroz dissera, na véspera do início do campeonato, que o grupo estava «preparado para jogar cara a cara contra quem seja», ainda que soubesse que os Linces estão «noutro nível» face às mais fortes seleções.
Agora, e com Portugal e Estónia a terem ultrapassado a Chéquia (19.º), será a primeira vez que Neemias Queta não encontrará ninguém que também atue na NBA, nem mesmo em clubes da EuroLiga. No entanto, a formação báltica (43.º) conta com elementos que disputam várias principais ligas europeias, como a Espanha, Itália, Alemanha ou Polónia. O poste Mattias Tass (Legia de Varsóvia) será o opositor de Neemias e Kristiam Kullamae (Bilbao Basket) detém a melhor média de pontos com 13,0.
O saldo do confronto é favorável aos estónios: 2 v-4 d, em partidas no EuroBasket ou fases de apuramentos. Foram eles que ganharam as últimas três ocasiões: em 2016 numa fase de qualificação (82-63, 68-76) e em 2017 (60-74) no Torneio da Mealhada.
«Vamos dar o máximo e veremos se chega ou não, porque do outro lado está uma equipa à qual temos capacidade para ganhar, mas sabemos que não é uma equipa mais fraca do que a nossa. Eventualmente não será mais forte, apesar de estar uns lugares acima de nós no ranking, mas com capacidade para atingir os mesmos objetivos, com a vantagem de jogar em casa. Temos de nos abstrair disso, não há mais nada a fazer», vai dizendo devido aos adeptos estónios terem vindo a encher o pavilhão pois estão a poucas horas de carro da capital da Letónia.
«Temos que conseguir pô-los a jogar cinco contra cinco em meio campo, não lhes permitir lançamentos, posses de bolas muito curtas, porque o jogo, como nós costumamos dizer na gíria basquetebolística, de run and gun (correr e lançar), dá-lhes vantagem. Há que defender ao máximo nível e depois, no ataque, melhorar aquilo em que não temos estado tão bem: a rapidez de circulação da bola e a percentagem de lançamentos, particularmente de dois pontos», concluiu Mário Gomes.
Se para Portugal trata-se da quarta participação num EuroBasket (1951, 2007, 2011), no caso da Estónia é a sétima (2001, 2015, 2022, 2025), tendo registado a melhor classificação em terminarem em 5.º em 1937 e 1939, antes da II Guerra Mundial e passarem a integrar a União Soviética. Já independentes, em 1993 terminaram na 6.ª posição.
Em 2029, depois da edição de 2025, A Estónia, juntamente com a Grécia, Eslovénia e Espanha, serão os organizadores do 43.º EuroBasket.
Neemias Queta (60 pts) e Travante Willams (44) figuram na sétima e décima posições, respectivamente, dos melhores marcadores de sempre de Portugal no EuroBasket. Lista liderada por João Santos, com 111 pontos (11 jogos), seguido de Élvis Évora; 73 (11) e Miguel Miranda, com 72 (11). Neemias tem os mesmos pontos que os marcados por João Betinho Gomes, mas este disputou seis jogos e Travante está empatado com Paulo Cunha, tendo este realizado quatro partidas.