Uma descontraída conversa de A BOLA com três dos 12 Linces que contribuíram para a concretização dos objetivos de Portugal no regresso ao Euro passados 14 anos e que terminou com a histórica passagem aos oitavos de final

EuroBasket: «Combinámos que não pedíamos autógrafos»

A BOLA conversou com Diogo Ventura, Diogo Gameiro e Francisco Amarante sobre como viveram o EuroBasket, dentro e fora do campo, e até sobre quem gostariam de ter defrontado

«Naaaaãoooo! Nada!», respondem, quase que a uma só voz, e com gargalhada pelo meio, Diogo Ventura, Diogo Gameiro e Francisco Amarante quando questionados se durante o 41.º EuroBasket, em que tiveram oportunidade de enfrentar algumas das melhores seleções e jogadores do Mundo, sobretudo quando estiveram sempre tão próximos da Sérvia e de Nikola Jokic, que jantava nas mesas ao lado no hotel, havia pedido algum autógrafo ou para tirar fotografias.

«Não quisemos dar parte fraca», conta Amarante, antes de Ventura revelar: «Discutimos isso antes entre todos… Mas ninguém acabou por pedir, a não ser que tenha sido às escondidas. Mas não», assegura.

«Perguntávamos quando é que já está a valer. Hoje, já está a valer? E passávamos por eles como se não fossem ninguém, de cabeça levantada», acrescenta, rindo-se, Francisco. «Dois ou três dias depois passavam por nós e já era: ‘Vais ver, amanhã vou jogar contra ti e estás lixado!’ Às tantas eram tantos dias que tudo passou a ser normal. Agora, dentro de campo, nem havia essa questão», garante Ventura.

Diogo Ventura Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

Estes são pequenos excertos de uma descontraída conversa de A BOLA com três dos 12 Linces que contribuíram para a concretização dos objetivos de Portugal no regresso ao Euro passados 14 anos, quarta participação, e que terminou com a histórica passagem aos oitavos de final e duas inéditas vitórias na fase de grupos: Rep. Checa (50-62) e o triunfo sobre a Estónia (65-68), com Neemias Queta excluído, devido a segunda falta técnica a 14 minutos do fim. Até acabarem eliminados pela campeã mundial, agora também europeia, Alemanha (85-58), que colocaram em sentido os três quartos iniciais até quebrarem fisicamente no último em que apenas marcaram 7 pontos.

Conversa que poderá ver mais tarde em A BOLA.pt, Youtube e A BOLA TV, e onde, desde já, o EuroBasket marca as carreiras dos três basquetebolistas que alinham no Sporting e no Benfica, e com o passar do tempo têm a certeza que também irão sentir, cada vez mais, que os fez crescer como pessoas. Até porque tiveram oportunidade de este ser igualmente o Europeu dos pais e famílias que os acompanharam desde o minibásquete.

«O jogo contra a Sérvia foi marcante pelos nomes que enfrentámos, mas o que me deu maior gozo foi com a Estónia, por termos um pavilhão cheíssimo contra nós e pelo que significava. Já não era uma fase de grupos, mas uma autêntica final para os oitavos de final», destaca Ventura.

«No meu caso, foi logo o primeiro [Rep. Checa], mas o da Estónia é o que ficará na memória porque já fomos a saber que era uma final e os adversários e adeptos também. Foi o verdadeiro jogo da morte. Mas, mais do que ter defrontado a Sérvia, foi depois ter jogado contra a Alemanha, campeões do Mundo, e agora também da Europa», salientou Gameiro.

Francisco Amarante Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

Francisco, por seu lado, considera que o embate com os estonianos foi «o jogo». «Entrámos e era tudo a assobiar. Estava um ambiente incrível. Tornou-se marcante por termos conseguido a vitória. Agora frente à Sérvia, olhávamos para o outro lado e víamos malta que só vemos pela televisão. A realidade é essa. Defrontá-los foi um prazer enorme. Contra a Alemanha igual, mas acrescentado o facto de estarmos nos oitavos de final do EuroBasket. Estes foram os três jogos que me marcaram», esclarece.

Em Riga, no caminho de Portugal estiveram os dois finalistas: primeiro a Turquia (95-54) e depois a Alemanha. Será que houve outros países e superestrelas que gostariam de ter tido a oportunidade de defrontar? «Para mim era a Eslovénia, para jogar contra o Luka [Doncic]», dispara Ventura. «Queria perceber, ao vivo e a cores, como é que ele faz. É que não vejo ali nenhum arranque [com bola] fisicamente forte. Gostava de levar um daqueles nós que ele dá, e depois com os steap backs, para perceber como é que é. Na televisão olhamos e não há grande velocidade, mas muita técnica. Queria saber como é levar um daqueles triplos», acrescenta.

«Para a mim era a Grécia. Tentar perceber qual é a dimensão do Giannis [Antetokounmpo]. Deve ser uma cena completamente absurda. Se de fora já é o que é, jogar contra ele e senti-lo a atuar daquela forma, ainda maior deve ser a sensação», justifica Amarante.

«Eu também» concorda de imediato Gameiro. «Mas gostaria de ter apanhado a Espanha novamente [risos dos colegas], para sentir como iria ser num jogo a valer e notar como é que entravam depois de já lhes termos ganho na fase de preparação [primeira vitória de sempre de Portugal]. Agora, há muitos anos que sou um enorme fã do [Vasilije] Micic da Sérvia. Não tanto pelo que fez na NBA mas como jogou no Anadolu Efes [clube turco que ganhou duas EuroLigas]. Não é, nem de perto nem de longe, uma superestrela, mas gostei sempre de o ver», vai contando.

Diogo Gameiro Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

«Mas também gostei muito de defrontar o Jokic. Não é base nem nada, não temos muito contacto, só que a maneira como joga um basquetebolista com aquelas características físicas e especialmente por conseguir safar-se tão bem na NBA, respeito-o imenso. Adoro a forma inteligente como percebe o jogo. Só a malta da Sérvia foi um prazer e a concretização de um sonho poder defrontá-los», completou.

Na ambição dos três está agora um desejo: voltar a viver uma fase final como a que experienciaram na Letónia. E prometem tentar que seja já no Mundial do Qatar 2027, antes do Euro 2029. Sabem que não será fácil, mas agora têm noção de que viver estes momentos.

Quanto a como é voltar a jogar com Neemias Queta, ou fazê-lo pela primeira vez, sentir o que evoluiu e o que traz a todos no campo e para o balneário, para isso terá mesmo de ver a entrevista. Vale a pena.