Estoril acelerou no vermelho e «fartou-se» de marcar (crónica)
Em antevisão à partida em Vila do Conde, Ian Cathro tinha dado o mote. «Estou farto do discurso de que praticamos um bom futebol e devíamos ter mais pontos. Temos de entrar para ganhar no primeiro minuto de jogo», disse. A mensagem do escocês foi clara, os seus comandados ouviram e responderam com a melhor exibição da época até ao momento.
Dominante é a melhor palavra para descrever a entrada dos canarinhos em Vila do Conde. Ao ritmo das batutas dos maestros João Carvalho e Jordan Holsgrove, com Gonçalo Costa e Pedro Carvalho, nas alas, em evidência, os estorilistas fizeram as delícias de Cathro. Pressionantes, ofensivos, com boa circulação de bola, a superioridade amarela era nítida perante um Rio Ave tímido, pouco agressivo, que colocava a fé na força de Clayton e na velocidade de André Luiz.
Mas nem tudo era perfeito para o Estoril. Faltava o mais importante: o golo. De resto, a definição no último terço era o único ponto negativo da exibição da turma estorilista – que apenas conseguiu assustar Miszta numa ocasião, num remate de João Carvalho (19’).
Mas se as coisas já estavam a pender (e muito) para o lado visitante, Panzo fez questão de facilitar ainda mais a vida aos canarinhos. Com 21 minutos de jogo, o inglês travou Begraoui, que seguia isolado para a baliza de Miszta. Sem hesitar, Miguel Nogueira mostrou o vermelho direto.
O tento inaugural era uma questão e Begraoui, à imagem do seu treinador, fartou-se e resolveu fazer o gosto ao pé... em dose dupla. Dois grandes remates cruzados do marroquino que deram justiça ao resultado (40’ e 45+3’).
Apenas na segunda parte o Rio Ave conseguiu soltar-se (um pouco) das amarras da superioridade canarinha. André Luiz (55’) esteve perto do golo, um minuto depois de Bacher ter evitado o golo... do Estoril, com um corte em cima da linha a remate de Lacximicant.
Mas o surgimento dos vilacondenses foi sol de pouca dura e o jogo retomou a toada do primeiro tempo. A fluidez ofensiva dos visitantes – aliada à fragilidade defensiva do Rio Ave - voltou a aparecer para causar mais estragos. Holsgrove espalhou magia e serviu Lacximicant, que surgiu à ponta de lança para alargar a vantagem estorilista (63’).
Decisivo em tantas partidas, Miszta – tal como o resto da equipa – estava em dia não. A exibição apagada do polaco foi coroada com uma grande penalidade cometida sobre Tiago Parente. Begraoui assumiu a responsabilidade e fez o hat trick (70’). Quatro golos que contaram a história de um jogo em que o Estoril trouxe cor e o Rio Ave foi cinzento.
As notas dos jogadores do Rio Ave:
Miszta (4), Lomboto (5), Brabec (5), Panzo (3), Vrousai (5), Liavas (5), Ntoi (5) e Nikos Athanasiou (6), André Luiz (6), Clayton (5), Dario Spikic (5), Aguilera (5), Eric Moreira (5), Nikitscher (5), Marc Gual (5) e João Graça (-).
As notas dos jogadores do Estoril:
Joel Robles (5), Boma (6), Bacher (5), Tsoungui (5), Pedro Carvalho (6), Jandro (5), Holsgrove (7), Gonçalo Costa (6), João Carvalho (6), Begraoui (8) e André Lacximicant (6), Ferro (5), Tiago Parente (6), Pizzi (5), Patrick de Paula (5) e Guitane (-).
Reação dos treinadores
Sotiris Silaidopoulos (treinador do Rio Ave)
É uma noite para esquecer. Temos de pedir desculpa aos nossos adeptos. Foi um mau resultado e uma má exibição. Não entrámos como era suposto. O vermelho mudou o jogo, mas, mesmo com 10 jogadores, tivemos muitos erros. Não será fácil esquecer esta noite, mas teremos de o fazer. Temos de levantar-nos, mostrar caráter, mostrar personalidade e ficar unidos
Ian Cathro (treinador do Estoril)
Mostrámos que esta equipa tem algo de diferente. Temos uma mentalidade diferente e uma capacidade para ultrapassar momentos menos felizes, continuando a jogar o nosso futebol, com confiança, intensidade e uma mentalidade muito forte. Por vezes, jogar contra 10 pode ser mais complicado, mas conseguimos manter a nossa ordem e o nosso ritmo com bola. Mostrámos qualidade suficiente para fazer um grande jogo de futebol.