Emma Raducanu segue para a 3.ª ronda do US Open Foto: IMAGO

Emma Raducanu assume trauma : «Já não vou passear sozinha»

A tenista britânica explicou numa longa entrevista ao The Guardian como vive depois de ter sido perseguida por um fã e como os rumores do namoro com Alcaraz abalaram a sua tranquilidade, que nunca mais foi a mesma desde 2021

Há quatro anos, a vida da miúda britânica, com origens multiculturais – os pais, Ion e Renee, são romeno e chinesa, respectivamente, ela nasceu em Toronto, no Canadá, e cresceu em Londres – mudou radicalmente.

A vitória de Emma Raducanu no Open dos Estados Unidos, com 18 anos e vinda do qualifying onde entrou com um discreto 150.º lugar do ranking, tornou-a na primeira britânica a conquistar um Grand Slam desde 1977 e a primeira tenista da história a vencer um Major vinda do qualifying.

Nunca mais teve sossego, garante. Aos cerca de 300 mil euros que até então conquistara em court, juntou o prémio que, em 2021, era de 2,5 milhões de dólares – duplicou para a edição deste ano – e saltou para as manchetes da imprensa.

Este ano, no Dubai, desfez-se em lágrimas durante uma partida quando reconheceu na bancada um perseguidor. O caso tornou-se público, o stalker foi preso, identificado e obrigado a assinar uma declaração em que promete não se aproximar. Contudo, a tenista de 22 anos revela que a sua vida nunca mais foi igual.

«Depois do Dubai... Foi o pior que já passei com alguém do público, dos fãs. Depois daquilo custou-me muito a sair à rua. Desde então tento sempre ter alguém ao meu lado. Não saio muitas vezes sozinha, não dou passeios sozinha. Na verdade, tenho sempre alguém que me vigia as costas», confessou.

Os resultados intermitentes não acompanharam as expectativas criadas à volta da adolescente que, em 2023, foi operada aos dois pulsos e ao tornozelo esquerdo, devido a lesão. «É duro estar sempre a ser comparada, a cobrarem tudo, a dizerem que não trabalho. Fiz terapia, mas percebi que só eu podia ajudar-me. Estou a aprender a viver com isso», confidenciou a tenista.

No mês passado, em Wimbledon, todos queriam saber o mesmo: Raducanu e Alcaraz namoram? A britânica não conseguiu escapar ao assunto, apesar do ténis que exibia no All England Club.

«Até os outros tenistas são confrontados com o assunto. Perguntaram ao Cameron Norrie [parceiro de pares]. Foi horrível», disse Raducanu. «Horrível», insistiu.

«Toda a gente é curiosa, compreendo isso. Mas estão principalmente curiosos sobre a minha vida amorosa e não sobre os meus resultados no ténis. A minha vida privada é privada. É engraçado, às vezes, que as pessoas tentem descobrir alguma coisa e tento não me preocupar muito com isso», explica, acresentando, porém que é difícil ser perseguida por paparazzi na sua cidade, Londres. «É assustador, porque não sabemos que eles estão lá. Depois, no dia seguinte, vemos uma foto nossa.»