Eleições do Benfica, Bobby Robson e... 'farpa' em Lage: Mourinho ao ataque em Newcastle
José Mourinho, treinador do Benfica, fez a antevisão do encontro com o Newcastle desta terça-feira, em Inglaterra, relativo à 3.ª jornada da fase de liga da UEFA Champions League.
— Este é um jogo de tudo ou nada, tendo em conta os resultados anteriores? E pode ter influência nas eleições do Benfica?
— Sobre as eleições, jogar no Benfica e treinar o Benfica encerra, por si só, pressão e responsabilidade. Não é para todos. Mas é suficiente, essa pressão inerente a ser treinador do Benfica e a ser jogador do Benfica, para vir ainda uma pressão extra pelo facto de termos ou não termos algum tipo de influência no resultado das eleições. Não acho que é justo e não acho também que nós nos tenhamos preparado para isso. Preparámo-nos para o jogo, como nos preparámos para o jogo de Chaves e como nos prepararemos para o jogo de sábado, para o campeonato, esquecendo, ou tentando esquecer, que existem eleições, porque o nosso trabalho é outro e é nisso que nós temos de nos focar. Estão 18 pontos em disputa, depois do jogo de estarão 15, se nós fizermos 15 pontos, qualificamo-nos. Nem precisamos de 15, nem precisamos de 14, nem precisamos de 13, nem precisamos de 12, provavelmente nem precisamos de 11, portanto o jogo não é decisivo. Agora, jogaremos a pensar que sim, como se fosse a nossa última oportunidade, mas não é.
— Como é recordar Bobby Robson em Newcastle. É especial?
— Senti sempre qualquer coisa especial mesmo antes do mister Robson partir. Depois de partir, comecei a sentir aquela proximidade infelizmente marcada pelo nosso dia a dia, mesmo com as pessoas que amamos, mesmo com os familiares que partem. Leva-nos a passar ao lado dessa saudade. Mas depois há locais que nos fazem abrir novamente a porta a essas pessoas, para que entrem no nosso pensamento. Trabalhei com ele uns 6 anos, por aí, e não passava um dia em que não mostrasse paixão por Newcastle, clube, cidade e região. Nunca escondi, mesmo como treinador de outros clubes ingleses, que o Newcastle me era um clube muito querido por influência de uma pessoa que é uma lenda deste clube e desta região.
— O que é que a equipa ainda não tem e precisa de ter para vencer?
— Se calhar vencemos e já não precisamos de nada mais. Pode acontecer. Pode acontecer que nós amanhã ganhemos o jogo e no fim digamos que não nos falta nada para poder ganhar aqui. Vamos ver, mas fundamentalmente há um adversário pela frente em cada jogo. Muitas das vezes há um plano de jogo que se consegue pôr em prática, outras vezes não se consegue. Depois as pessoas podem ficar com a perceção de que o plano de jogo era errado. E muitas vezes não é o plano de jogo que é errado, muitas vezes é o adversário que faz com que o plano de jogo pareça errado. Nós amanhã jogamos contra uma equipa muito forte, muito bem organizada, com jogadores escolhidos a dedo para jogar de acordo com as ideias do Eddie Howe. Uma equipa tremendamente física, muito forte no jogo direto, muito forte na bola parada, mas depois tem jogadores nas alas rapidíssimos. Tem quatro alas rapidíssimos, dois a jogar e dois no banco. É uma equipa muito forte, com um estádio absolutamente fantástico para jogar e um estádio que joga com eles. As pessoas não vêm aqui para verem um jogo, as pessoas vêm aqui para jogarem com a sua equipa. É um jogo extremamente complicado para nós, mas eu acredito que também é um jogo extremamente complicado para eles.
— Quão especial é este estádio?
— Não, não é só o estádio. É o estádio, é o clube, é a história, é a paixão dos adeptos. E nestes últimos anos é também o poderio económico que lhes permite ter a equipa que têm, que lhes permite sair de uma situação complicada e ganhar pela primeira vez em décadas uma competição como a taça da Liga há um par de anos, que lhes permite jogar duas épocas a Champions. É equipa que está muito perto de coisas maiores. Vão ver que é um ambiente extraordinário.
— Assinava o empate antes do jogo?
— Não, não, eu disse o mesmo no Chelsea, e depois perdemos. Portanto se calhar devia ter aceite o empate que era melhor do que perder, mas antes do jogo não. Nós queremos jogar, sabendo que eles vão querer levar o jogo para o lado onde são mais fortes.
— Equipa pode dar apoio suplementar a Rui Costa antes das eleições?
— Nós temos de tentar estar isolados desse contexto. A nossa missão é outra. A situação eleitoral seria uma pressão extra se nós estivéssemos focados nela e não estamos.
— Um balanço do primeiro mês de Benfica. Algo o deixa frustrado? E quando pode Manu regressar a uma convocatória?
— Nada me deixa frustrado, apesar de ter sido a terceira vez na minha longa carreira que agarrEI numa equipa com o campeonato em andamento, foi o Benfica a primeira vez, o Tottenham a segunda e o Benfica agora a terceira vez. Não posso dizer que tenho muita experiência de agarrar em equipas com o comboio em andamento. Não se pode estar frustrado, é aquilo que é, cheguei a meio da época. Manu? Pensamos que na próxima semana estará a treinar connosco já de um modo global, a partir da próxima semana pode começar a integrar o trabalho normal com a equipa, o que significa que no final de Novembro já terá condições de poder jogar.
— O que disse no final do jogo em Chaves?
— Nunca digo nada. Quando o jogo acaba vou ao balneário, cumprimento os jogadores e não é o momento de conversar com eles sobre o jogo. Entre eu e eles não existe nenhum tipo de desacordo relativamente àquilo que eu quero e àquilo que eles querem. Assim que marcámos, queria: ‘vamos à jugular’, vamos acabar com o jogo. E eles tentaram e não conseguiram. Entraram num ritmo de jogo mais lento, que penso honestamente que era o ritmo a que eles estavam habituados a jogar.
— Arreprende-se de não ter sido treinador do Newcastle?
— Não tenho arrependimento, porque eu nunca tive a oportunidade. Eu nunca recusei o Newcastle. Já recusei muitos clubes na minha carreira, sempre com muito respeito. O Newcastle nunca entrou em contacto comigo. Neste momento na minha carreira, não existe outro clube onde eu poderia estar mais feliz e mais motivado do que o Benfica. Portanto,não trocaria o Benfica por qualquer outro clube neste momento.