Candidato à presidência do Benfica fala em «derrota» para os sócios dos encarnados

«É tudo muito fraco quando olho para o programa das outras candidaturas»

Martim Mayer, candidato à presidência das águias pela Lista B, explica como pretende «recapitalizar» a SAD encarnada, antecipa «surpresas» no ato eleitoral de sábado e lamenta ausência do voto eletrónico

Quais são as expectativas para o resultado que pode obter na primeira volta das eleições de sábado?

As expetativas são máximas, tudo o que faço, faço para ganhar. O Benfica é um assunto muito sério para mim. Esta é uma proposta muito consistente, na equipa que apresentamos, nas propostas que fazemos para todas as áreas do clube e entendo que isso está a ser e vai ser reconhecido pelos sócios. Vão existir surpresas.

João Diogo Manteigas afirmou que se tivesse conhecimento de alguma irregularidade, não aceitaria os resultados das eleições. Faria o mesmo?

Embora tenham havido alguns atrasos em alguns itens do processo eleitoral, a mesa da Assembleia Geral e a Secretaria do Benfica têm sido muito competentes e têm estado à altura daquilo que todo o processo eleitoral exige. Por isso, não vejo razões para se pensar que vão existir irregularidades. Somos um clube de bem, um clube de elevação, as pessoas são profissionais e entendo que a base de partida deve ser que tudo vai correr na normalidade. Dentro da minha equipa, tenho todas as competências para que a monitorização do processo eleitoral seja feita. Se houver motivo para questionar alguma coisa que não esteja a acontecer dentro do que é normal, teremos, obviamente, toda a competência e nenhuma reserva em fazê-lo, mas não vejo que isso vá acontecer. Não estou obsessivamente preocupado com isso.

Não vejo razões para se pensar que vão existir irregularidades

Caso não tenha o resultado que pretende obter na primeira volta, estaria disponível para apoiar outro candidato?

À presente data, tenho muita pena que não tenha havido mais debates frente a frente. Fiz um único debate [contra João Diogo Manteigas no podcast Visão Vermelha], nenhum dos outros candidatos mostrou disponibilidade para o fazer. Acho que isso é uma falta de respeito muito grande pelos sócios do Benfica e que é demonstrativo da pouca crença e da pouca qualidade da proposta de todos os outros candidatos. Quando me põem à parte de determinadas análises que são feitas às eleições do Benfica, isso tem uma agenda. Os sócios estão conscientes disso, conhecem a qualidade da minha proposta e já entenderam a grande diferenciação que existe para todas as outras. Se tivesse debatido com alguma candidatura que, até agora, me tivesse mostrado que aporta valor para o Benfica, poderia dizer ‘Se eu não ganhar, vou apoiar este ou vou apoiar aquele’, mas, infelizmente, tenho que reconhecer que é tudo muito abaixo da minha proposta. É tudo muito fraco quando se olha para o programa de cada uma das outras candidaturas. São ideias conceptuais, mas depois não se concretizam em nada.

No seu programa está escrito que pretende reduzir 30 milhões de euros em custos. Como é que pretende reduzir m custos ao mesmo tempo que apresenta projetos como a expansão do Estádio da Luz, a expansão do Benfica Campus e o Benfica Campos para as modalidades?

Temos de recapitalizar a SAD do Benfica e sei como fazê-lo. No primeiro ano do meu mandato, a SAD do Benfica passará a ter uma capitalização bolsista próxima dos mil milhões de euros. Atualmente tem 150 milhões. Vale menos do que o nosso rival. Simultaneamente, estamos a falar de projetos altamente viáveis como o aumento do estádio, que se pagará a si próprio. A receita adicional que isso irá trazer para o Benfica permite fazer o investimento, desde o primeiro ano, começar a pagar esse encargo e libertar para cash flow 20 milhões de euros/ano. Quando se olha para a atual situação financeira do clube e se percebe que só vendendo jogadores é que conseguimos colmatar os 70 milhões de euros [de diferença entre custos e receitas]... €20M virão do estádio e €30M virão das operações que ao abrigo do Benfica Global, uma proposta Benfica no Sangue, iremos fazer em Moçambique e em Angola. Vamos revitalizar o benfiquismo nesses países. Vamos abrir o cartão de sócio Benfica Moçambique e Benfica Angola, criar fun zones para transmissão em direto dos jogos, ter merchandising específico para esses mercados e temos já uma série de patrocinadores muito interessados na concretização da operação. Isso permitirá, a partir do segundo ano, repatriar para o Benfica a partir de Moçambique 15 milhões de dólares e de Angola outros 15M. Entre o estádio e estas operações já somamos €50M. Os outros 20 milhões virão dos custos que, desde o primeiro dia, terão uma auditoria ao presente e ao funcionamento do Benfica, feita pelo Kaizen, que juntamente comigo tem como grande objetivo vir a encontrar 15 a 20% de redução de custos que, na SAD, são recorrentemente 200 milhões por ano. Portanto, estamos a falar de qualquer coisa entre 30 e 40 milhões. Já nos sobra dinheiro para investir melhor desportivamente e, fica resolvido o desequilíbrio financeiro. A minha candidatura responde como é que vai fazer. Por isso, os sócios, quando votam em nós, a seguir só têm que verificar se estamos a fazer como dissemos. Não somos aventureiros.

Disse recentemente que não espera fazer uma auditoria ao passado financeiro do Benfica. O que é que espera encontrar em termos financeiros, caso seja eleito?

De benfiquistas para benfiquistas, só podemos esperar o melhor. Portanto, aquilo que me interessa é pegar no Benfica no presente, e projetá-lo para o futuro. Essa é a minha prioridade. A partir do instante em que olharmos para o presente e percebermos como é que o Benfica está organizado, se houver algum motivo que nos faça percepcionar que devemos ir verificar o passado, então vamos fazê-lo. Mas as auditorias não se avisam, fazem-se.

As auditorias não se avisam, fazem-se.

As eleições vão ser integralmente disputadas em voto físico. Tendo em conta que sempre pugnou pelo voto eletrónico é uma derrota?

É uma derrota para o Benfica. É, definitivamente, uma derrota para todos os sócios do Benfica, muitos deles com 50 votos e 20 votos, e grande antiguidade de ligação ao clube que sabem que estão excluídos da possibilidade de votar, sem disponibilidade para perder uma semana para votar e se calhar gastar alguns milhares de euros. A democracia no clube perde com isso. Não podia estar mais em desacordo e entristece-me que estas eleições vão decorrer sem voto eletrónico, seja no estrangeiro, seja nas regiões autónomas portuguesas.