«É tudo muito fraco quando olho para o programa das outras candidaturas»
— Quais são as expectativas para o resultado que pode obter na primeira volta das eleições de sábado?
— As expetativas são máximas, tudo o que faço, faço para ganhar. O Benfica é um assunto muito sério para mim. Esta é uma proposta muito consistente, na equipa que apresentamos, nas propostas que fazemos para todas as áreas do clube e entendo que isso está a ser e vai ser reconhecido pelos sócios. Vão existir surpresas.
— João Diogo Manteigas afirmou que se tivesse conhecimento de alguma irregularidade, não aceitaria os resultados das eleições. Faria o mesmo?
— Embora tenham havido alguns atrasos em alguns itens do processo eleitoral, a mesa da Assembleia Geral e a Secretaria do Benfica têm sido muito competentes e têm estado à altura daquilo que todo o processo eleitoral exige. Por isso, não vejo razões para se pensar que vão existir irregularidades. Somos um clube de bem, um clube de elevação, as pessoas são profissionais e entendo que a base de partida deve ser que tudo vai correr na normalidade. Dentro da minha equipa, tenho todas as competências para que a monitorização do processo eleitoral seja feita. Se houver motivo para questionar alguma coisa que não esteja a acontecer dentro do que é normal, teremos, obviamente, toda a competência e nenhuma reserva em fazê-lo, mas não vejo que isso vá acontecer. Não estou obsessivamente preocupado com isso.
Não vejo razões para se pensar que vão existir irregularidades
— Caso não tenha o resultado que pretende obter na primeira volta, estaria disponível para apoiar outro candidato?
— À presente data, tenho muita pena que não tenha havido mais debates frente a frente. Fiz um único debate [contra João Diogo Manteigas no podcast Visão Vermelha], nenhum dos outros candidatos mostrou disponibilidade para o fazer. Acho que isso é uma falta de respeito muito grande pelos sócios do Benfica e que é demonstrativo da pouca crença e da pouca qualidade da proposta de todos os outros candidatos. Quando me põem à parte de determinadas análises que são feitas às eleições do Benfica, isso tem uma agenda. Os sócios estão conscientes disso, conhecem a qualidade da minha proposta e já entenderam a grande diferenciação que existe para todas as outras. Se tivesse debatido com alguma candidatura que, até agora, me tivesse mostrado que aporta valor para o Benfica, poderia dizer ‘Se eu não ganhar, vou apoiar este ou vou apoiar aquele’, mas, infelizmente, tenho que reconhecer que é tudo muito abaixo da minha proposta. É tudo muito fraco quando se olha para o programa de cada uma das outras candidaturas. São ideias conceptuais, mas depois não se concretizam em nada.
— No seu programa está escrito que pretende reduzir 30 milhões de euros em custos. Como é que pretende reduzir m custos ao mesmo tempo que apresenta projetos como a expansão do Estádio da Luz, a expansão do Benfica Campus e o Benfica Campos para as modalidades?
— Temos de recapitalizar a SAD do Benfica e sei como fazê-lo. No primeiro ano do meu mandato, a SAD do Benfica passará a ter uma capitalização bolsista próxima dos mil milhões de euros. Atualmente tem 150 milhões. Vale menos do que o nosso rival. Simultaneamente, estamos a falar de projetos altamente viáveis como o aumento do estádio, que se pagará a si próprio. A receita adicional que isso irá trazer para o Benfica permite fazer o investimento, desde o primeiro ano, começar a pagar esse encargo e libertar para cash flow 20 milhões de euros/ano. Quando se olha para a atual situação financeira do clube e se percebe que só vendendo jogadores é que conseguimos colmatar os 70 milhões de euros [de diferença entre custos e receitas]... €20M virão do estádio e €30M virão das operações que ao abrigo do Benfica Global, uma proposta Benfica no Sangue, iremos fazer em Moçambique e em Angola. Vamos revitalizar o benfiquismo nesses países. Vamos abrir o cartão de sócio Benfica Moçambique e Benfica Angola, criar fun zones para transmissão em direto dos jogos, ter merchandising específico para esses mercados e temos já uma série de patrocinadores muito interessados na concretização da operação. Isso permitirá, a partir do segundo ano, repatriar para o Benfica a partir de Moçambique 15 milhões de dólares e de Angola outros 15M. Entre o estádio e estas operações já somamos €50M. Os outros 20 milhões virão dos custos que, desde o primeiro dia, terão uma auditoria ao presente e ao funcionamento do Benfica, feita pelo Kaizen, que juntamente comigo tem como grande objetivo vir a encontrar 15 a 20% de redução de custos que, na SAD, são recorrentemente 200 milhões por ano. Portanto, estamos a falar de qualquer coisa entre 30 e 40 milhões. Já nos sobra dinheiro para investir melhor desportivamente e, fica resolvido o desequilíbrio financeiro. A minha candidatura responde como é que vai fazer. Por isso, os sócios, quando votam em nós, a seguir só têm que verificar se estamos a fazer como dissemos. Não somos aventureiros.
— Disse recentemente que não espera fazer uma auditoria ao passado financeiro do Benfica. O que é que espera encontrar em termos financeiros, caso seja eleito?
De benfiquistas para benfiquistas, só podemos esperar o melhor. Portanto, aquilo que me interessa é pegar no Benfica no presente, e projetá-lo para o futuro. Essa é a minha prioridade. A partir do instante em que olharmos para o presente e percebermos como é que o Benfica está organizado, se houver algum motivo que nos faça percepcionar que devemos ir verificar o passado, então vamos fazê-lo. Mas as auditorias não se avisam, fazem-se.
As auditorias não se avisam, fazem-se.
— As eleições vão ser integralmente disputadas em voto físico. Tendo em conta que sempre pugnou pelo voto eletrónico é uma derrota?
— É uma derrota para o Benfica. É, definitivamente, uma derrota para todos os sócios do Benfica, muitos deles com 50 votos e 20 votos, e grande antiguidade de ligação ao clube que sabem que estão excluídos da possibilidade de votar, sem disponibilidade para perder uma semana para votar e se calhar gastar alguns milhares de euros. A democracia no clube perde com isso. Não podia estar mais em desacordo e entristece-me que estas eleições vão decorrer sem voto eletrónico, seja no estrangeiro, seja nas regiões autónomas portuguesas.