Mariana Silva e Beatriz Antunes falam do Mundial 2030

E se o País Basco fosse adversário de Espanha? É possível

Seleção autonómica teve luz verde na 'pelota vasca' e contou com o voto de Portugal; protejando para o futebol, os campeões da Europa perderiam Nico Williams, Unai Simón, Merino…

A pelota vasca é um a modalidade desportiva muito antiga e com grande tradição no Pais Basco Espanhol e Francês, também se pratica em muitos países latino americanos, em algumas regiões dos Estados Unidos e vai ganhando adeptos em outras regiões espanholas como as de Madrid, Valência ou Barcelona. O jogo pode disputar-se individualmente ou em pares e, basicamente, trata-se de mandar a bola contra uma parede, o frontão, de forma a que ele caia no meio campo contrário podendo o envio ser feito de várias maneiras: com a mão protegida com uma ligadura, com uma raqueta de madeira similar a do ténis de mesa ou com uma cesta de verga circular atada à mão, a bola pode atingir grande velocidade chegando aos 200 Kms/h. A pontuação é similar à do ténis ou do squash.

Em Espanha, além da Federação Espanhola, existe também a Federação do País Basco, algo que sucede também no futebol que conta com a seleção nacional à que cabe a representação a nível internacional e com as de algumas das regiões autárquicas que jogam poucas vezes e sempre em desafios particulares. Este esquema, porém, está em perigo de não ser respeitado, tal como denunciou o jornal Marca, descrevendo o sucedido com a pelota basca como um «escândalo histórico no desporto espanhol».

O que efetivamente aconteceu foi que, na sua assembleia geral realizada em dezembro em Pamplona, a Federação Internacional decidiu, com seis votos a favor, entre eles o de Portugal, modificar os estatutos e aceitar como membro de pleno direito à Federação do País Basco, significando isso que a seleção autárquica da modalidade poderá vir a defrontar a seleção nacional nas competições internacionais, a começar pela Liga das Nações que terá início no próximo dia 31 de maio.

A Federação Espanhola recorreu ao TAD e agora a FIPV (Federação Internacional de Pelota Vasca) ameaça expulsá-la nesta quinta-feira se, até lá, não retirar esse recurso, se isso vier a dar-se não haverá representação nacional espanhola nessa competição, uma questão muito delicada que, a toda a pressa, negociam e procuram chegar a uma solução, o governo, a Federação Espanhola, a do País Basco e a Internacional.

Tudo isto tem um fundo político pois, para contentar o governo do País Basco, o Governo central aceitou incluir na nova lei de desporto, que entrou em vigor há um ano, um artigo que prevê a possibilidade de participar em competições internacionais a seleções de regiões autárquicas de modalidades com tradição histórica e social, independentemente de que já haja representação duma federação espanhola, para que isso suceda tem que haver aprovação do Governo de Espanha, mas a porta ficou aberta.

O Comité Olímpico Espanhol considera injusta a situação em que se encontra a Federação Espanhola e recorda que o COI só deixa participar nos Jogos Olímpicos as Federações representativas dos países que façam parte das Nações Unidas.

A questão ganha maior dimensão ainda se esta realidade fosse projetada para o futebol: como se, por exemplo, Nico Williams, Unai Simón, Merino ou Zubimendi deixassem de representar a seleção campeã da Europa, podendo, até defrontar… os antigos colegas.