Do CR7 ao DJ17
NÃO, não foi há muito tempo: num dos seus sempre insignes artigos em A BOLA, Jorge Valdano escreveu-o (enleante):
- No futebol chamamos génio àquele que não se ajusta a um padrão e transforma em normais coisas que parecem mágicas. Ou seja, Messi.
Bem mais espantoso (ou talvez não) foi o modo como rematou o artigo:
- Jamais me ocorrerá dizer que Messi é mais do que Di Stéfano, Pelé, Cruyff ou Maradona. Tão pouco que é menos.
Espantoso (ou talvez não) porquê? Porque nesse friso de cinco génios não pôs Cristiano Ronaldo. Entrando, sorrateiro, na cabeça de Valdano descobri pelo menos uma de cinco razões para tal: não o pôs lá por achar que Ronaldo não dá (ou não deu) ao futebol a dimensão para-humana que Messi lhe dá (jogando-o com um deus poeta a insinuar-se na ponta das chuteiras). Admito que sim, mas não fujo à convicção: apesar do Cruyff no Valdano, por tudo o que já fez (e há de fazer ainda...) CR é (pelo menos) o Melhor Jogador Europeu de Todos os Tempos. É-o por ter despojado o seu jogo de frivolidades e extravagâncias, para com ousadia e astúcia se tornar no que eu acho que também já é (ainda mais): o Maior Goleador de Toda a História do Futebol - e não, não estou só a referir-me à contabilidade simples, ao facto de ter ultrapassado Pelé em golos oficiais ou de estar a seis de Ali Daei (que não são cinco devido à tarouquice da UEFA, na questão do VAR no apuramento para o Mundial), estou a referir-me também à sua criação e à sua marcação, umas vezes mais esplêndida, outras menos - a ser capaz de, com golo em golpe súbito, mudar a cara a jogo que se arrastasse (ou arraste) em bocejo (sem o melhor de si...)
PS: Acredito que, nos próximos 100 anos, Portugal (que já teve Eusébio) não volte a ter outro Ronaldo. Também sei que ao Ronaldo é impossível ser Ronaldo em todos os minutos de um jogo - mas não deixo de ver, com encanto, o Diogo Jota a ter cada vez mais instantes do melhor Ronaldo dentro de si.