Dentro do ovo Kinder da FIFA estava a Paz
No dia 10 de outubro, a venezuelana Maria Corina Machado foi anunciada como vencedora do prémio Nobel da Paz, frustrando as ambições do presidente dos EUA, Donald Trump, que à data julgava merecê-lo depois de ter acabado com sete guerras.
Um mês depois, a FIFA criou, de forma surpreendente e espontânea, um Prémio para a Paz, a fim de homenagear «indivíduos que ajudaram a unir pessoas de todo o mundo, que tomaram medidas excecionais e extraordinárias em prol da paz e, com isso, uniram pessoas em todo o mundo... merecendo, consequentemente, um reconhecimento especial e único». Isto vindo de um organismo que atribui a organização de grandes eventos a países com graves questões relativamente aos direitos humanos, como o Qatar, onde foram bem conhecidos os problemas com as construções dos estádios, e à Arábia Saudita. Mas como os jogos são todos dentro de estádios fechados com ar condicionado, tudo passa.
O prémio seria atribuído no sorteio para a fase final da competição que EUA, México e Canadá vão receber no próximo ano e acabou por ser o segredo mais mal guardado do ano: na sexta-feira passada lá apareceu, surpreendido, Donald Trump para o receber, no Kennedy Center, onde, no meio de várias atuações e convidados, lá se procedeu ao sorteio.
Note-se que além de um troféu de tamanho desmedido com quatro mãos a segurar um globo – que é maior que o troféu mais importante em causa, o de Campeão do Mundo -, havia ainda uma medalha. Tal como na história da coroação de Napoleão, e depois de fazer uma cara surpreendida como quem abre um ovo Kinder, Trump pegou na medalha e colocou-a ele próprio.
A delegação norueguesa disse através do presidente da Federação, o que muito pensaram: «Quando este prémio não tem critérios objetivos, nem júri, nem qualquer ligação à direção, corre-se o risco de ser uma forma disfarçada de politizar a organização.»
Entende-se que o presidente da FIFA, Gianni Infantino, queira a todo o custo amansar a fera que é Trump, e mantê-lo entretido, sobretudo depois de este já ter dito, por várias vezes, que até gostaria de modificar as cidades-sede, a fim de castigar governadores ou presidentes de câmara do partido democrata.
É a FIFA que tem poder de decisão. «O torneio é da FIFA, a jurisdição é da FIFA, e é a FIFA que toma estas decisões», disse há dias o vice-presidente da entidade que controla o futebol, Victor Montagliani. Mas se pelo meio se encontrar um troféu pacificador, tanto melhor.
Artigos Relacionados: