Festa de um dos quatro golos do Sporting em Guimarães, a 23 de dezembro de 2025, em jogo da 15.ª jornada da Liga (4-1). Foto Rogério Ferreira/KAPTA+
Festa de um dos quatro golos do Sporting em Guimarães, a 23 de dezembro de 2025, em jogo da 15.ª jornada da Liga (4-1). Foto Rogério Ferreira/KAPTA+

Conto de Natal no castelo incluiu perus e Arcanjo (crónica)

Enorme eficácia leonina na frente mitigou erro tremendo de Rui Silva... e capitalizou erro tremendo de Castillo. Trincão comandou o assalto ao castelo

O Sporting vai para a Consoada com uma vitória gorda a saber a peru. Durante alguns minutos, porém, sabia a peru a iminência de o Vitória de Guimarães poder empatar um jogo para cujo intervalo saiu a perder por dois golos.

Expliquemos, não sem antes salvaguardar o maior respeito pelo trabalho dos dois guarda-redes e esclarecer que a utilização do termo «peru» tem sobretudo a ver com a quadra que atravessamos: o Sporting teve uma primeira parte autoritária e saiu para o descanso a vencer 2-0. O Vitória reentrou de forma avassaladora e Telmo Arcanjo (estão a ver? A ideia é brincar, sem malícia, com nomes relacionados ao Natal) reduziu para 1-2 num grande frango, ou peru, de Rui Silva, até então e depois de então impecável no jogo.

Quando só dava Vitória no castelo e o empate parecia uma ameaça bem forte, foi a vez de Castillo retribuir a oferta de Rui Silva e permitir aos leões fazerem (quer dizer, quem o fez foi ele...) o 3-1. E aí as coisas inclinaram-se decisivamente para — justiça seja feita à verdade — onde pareciam inclinadas desde o ínício da partida.

Rui Borges inovou na estratégia para o assalto ao castelo, juntando pela primeira vez dois pontas de lança no onze inicial. Um (Suárez) mais encaixado na área, entre os centrais vimaranenses, outro (Ioannidis), a brincar ao antigo número 10, naquilo a que se convencionou ultimamente chamar o papel de um «9,5». A verdade é que o grego fê-lo de forma exemplar na primeira parte, ligando com enorme facilidade a defesa e o ataque leoninos e permitindo a Francisco Trincão encostar na direita e dali sair para fazer os seus estragos habituais.

Houve mais Sporting na primeira parte, mas este — recorde-se — é um conto de Natal e inclui presentes, além de perus e arcanjos. À passagem da meia hora, quando até já se via um Vitória a querer reerguer-se, Samu teve um erro individual e perdeu a bola para Trincão. O chefe do exército leonino (mais um jogaço!) foi por ali abaixo, tabelou com Ioannidis e acabou a fazer o 1-0 após corte de João Mendes contra o próprio poste. Com muita ironia à mistura, porque deu tudo e mais um bocadinho ao jogo da equipa, Samu esteve de novo ligado ao 2-0: falhou uma boa oportunidade para empatar e na sequência do respetivo pontapé de baliza Trincão descobriu Mangas na esquerda, o ex-vimaranense (porquê tão assobiado?) cruzou certinho e Ioannidis fez o 2-0, num belo movimento coletivo verde e branco.

Talvez o Sporting não esperasse tanto Vitória no regresso após intervalo, mas a verdade é que já todos sabemos que não se chega ao castelo fundador a achar que se transpõem as muralhas com facilidade. É certo que Suárez podia ter feito o 3-0 logo aos 47 minutos e atirou por cima, mas aos 50 veio o tal erro de Rui Silva e o bicampeão tremeu mesmo.

Os donos da casa, galvanizados e apoiados pelas conhecidas e admiradas bancadas, chegaram-se ainda mais à frente. E voltou a haver ironia. Na segunda vez em que o Sporting foi lá acima (não esquecer aquela oportunidade de Suárez) ganhou um livre, a bola foi batida para junto da linha de fundo, cruzada para perto da baliza e Castillo colocou-a com o braço na própria baliza.

Foi golpe demasiado rude para o Vitória. A equipa da casa não desistiu, Nélson Oliveira entrou para dar acutilância ao ataque (acabaria expulso num daqueles pisões que sem serem maldosos já se começavam a evitar, até em nome da saúde dos companheiros de profissão), mas o Sporting percebeu que tinha o jogo ganho e ainda aumentou a vantagem, terminando o assalto ao castelo com um golo do sempre importante Maxi, hoje médio esquerdo a jogar muitas vezes pelo meio.

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