Com Ruben Amorim o Sporting já era campeão
Eu sempre gostei, e sempre fui um sortudo com os adeptos portugueses, e sinto falta dos adeptos do Sporting
Ruben Amorim sente a falta dos adeptos do Sporting e os adeptos do Sporting, mesmo aqueles que não o admitem e que apontam o dedo acusador à saída do treinador em novembro para orientar o Manchester United, sentem a falta de Ruben Amorim. Arrisco a dizer, e muitos sportinguistas no fundo também o arriscam, que se Amorim ainda fosse o técnico do Sporting, o Sporting se não era já, estava a um passo de ser bicampeão nacional.
Na reta final da Liga, em pleno sprint das decisões, muitos apontam que o futuro campeão, seja Sporting ou Benfica, não apresenta um futebol convincente, que será um campeão com parca qualidade de jogo, que vencerá o menos mau. O Benfica de Bruno Lage, em alguns momentos, teve essa qualidade, essa vertigem ofensiva de campeão, mas o Sporting das 11 primeiras jornadas, o Sporting de Amorim versão 2024/2025, teve qualidade. Muita, mais do que qualquer outro mesmo da sua era, mais do que o campeão de 2020/2021. Era mais consistente e até empolgante do que o de 2023/2024: era o melhor Sporting pelo menos dos últimos 20 anos.
Foram 11 jogos no campeonato, 11 vitórias, 39 golos marcados e 5 sofridos, 1.º lugar com 33 pontos mais 5 do que o Benfica, mais 9 golos marcados do que os encarnados e menos 2 sofridos. E foram ainda três vitórias — uma delas ao Man. City e por 4-1 — e um empate na UEFA Champions League, dez dos 11 pontos com que os leões terminaram a fase de liga da prova continental, mais duas vitórias ainda, uma na Taça de Portugal e outra na Taça da Liga. Números impressionantes apenas manchados pela derrota na Supertaça com o FC Porto e da forma como foi, depois de vantagem por 3-0 aos 24'...
Mas não foram só os números, foram as exibições, a equipa a jogar de olhos fechados e em certas ocasiões numa vertigem de ataque sincronizado como numa piscina as nadadoras sincronizam os movimentos. Houve jogos, como na goleada ao Farense, só para ter um a servir de exemplo, em que a defesa adversária em certos momentos não sabia para onde se virar, tal a organizada avalanche leonina. A este Sporting de que falo tudo saía já de forma natural, jogava como respirava. Era muita qualidade.
Sim, dirão que sem elementos fundamentais que entretanto se lesionaram, Amorim teria as mesmas dificuldades que tiveram Rui Borges e João Pereira. Pode ser, mas mesmo assim acredito que os leões teriam ultrapassado as adversidades e estariam hoje mais confortáveis do que estão e em posição privilegiada para ganhar o campeonato como acredito que até na Champions tinham deixado uma pegada maior… Porque sem a mudança de métodos que as mudanças de treinadores sempre implicam menos lesões tinham acontecido; porque a empatia e o compromisso com os jogadores vinha de cinco anos a trabalharem juntos; em última instância porque a estrelinha de Amorim ainda devia servir para alguma coisa — ainda ontem se viu o que ela vale nos momentos do aperto, ficaram os adeptos do Manchester United a saber o que é o efeito Amorim, até com Maguire a fazer de Coates na área do Lyon. Digam o que disserem e sem invalidar os méritos de Rui Borges e a coragem que tem tido na adversidade que tem perseguido o seu Sporting, os adeptos leoninos, mesmo os que por pudor não o admitem, sentem saudades de Amorim. E os do United, no futuro, acredito que também vão ter legado para o sentir quando ele sair de Old Trafford.
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