Os detalhes da sentença de Schjelderup
Andreas Schjelderup, jogador do Benfica, 21 anos, foi condenado a 14 dias de prisão com pena suspensa e período de um ano de liberdade condicional. Fica afastada a possibilidade de fazer serviço comunitário, dado que é jogador de futebol profissional fora da Dinamarca. Tem 14 dias para recorrer da decisão.
O internacional norueguês declarou-se culpado de partilha ilegal de vídeo envolvendo conteúdo sexual de menores, caso que se deu em maio de 2024, quando jogava na Dinamarca, com a camisola do Nordsjaelland, e respondeu pelo crime esta quarta-feira.
A gravidade da partilha ilegal de vídeo foi classificada como categoria 2, que lida, entre outras coisas, com fotografias, sequências de filmes e outras representações visuais de menores de 18 anos, envolvendo atividade sexual.
O juiz deliberou em poucos minutos, após a audiência desta tarde, em Copenhaga, que durou cerca de uma hora. O facto de o jogador se ter declarado culpado foi decisivo, reduzindo a dimensão da pena entre 10 e 20 por cento, de acordo com o juiz. Mas também «os relacionamentos pessoais muito bons ajudaram», assim como a ausência de antecedentes criminais.
Não obstante, o jogador viu «um cartão amarelo», ainda de acordo com o juiz. Schjelderup fica com o cadastro criminal manchado e recebeu uma advertência de deportação da Dinamarca, mas pode regressar livremente a Portugal.
O testemunho dentro da sala de audiência
O início da sessão, às 12h15 de Portugal continental, menos uma do que em Copenhaga, ficou marcado pelo conteúdo da acusação, só depois o jogador se declarou culpado. Trata-se, aliás, de uma audiência de confissão.
A publicação Nettavisen divulgou as palavras exatas do jogador do Benfica dentro da sala de audiências: «Recebi o vídeo no Snapchat como uma piada de mau gosto e reenviei-o para um grupo com quatro amigos. Só vi os primeiros segundos, mas percebi que tinha conteúdo sexual e que envolvia dois jovens. Assim que o reenviei aos meus amigos, percebi rapidamente que era ilegal. Apaguei-o de imediato do grupo e da galeria do meu telemóvel.»
Foi depois interrogado sobre a sua reação ao ser contactado pela polícia: «A princípio, não sabia bem do que se tratava. Nunca antes tinha falado com a polícia sobre qualquer assunto.»
A procuradora do Ministério Público pediu uma pena de 20 a 30 dias de prisão efetiva, citando jurisprudência de casos semelhantes. No entanto, a procuradora também considerou que, por se tratar de um «caso isolado», a pena de prisão poderia ser suspensa.
O advogado de defesa de Schjelderup, Anders Nemeth, salientou que o seu cliente não procurou ativamente o material e que apenas reencaminhou um vídeo que lhe tinha sido enviado. A possibilidade de trabalho comunitário foi discutida como alternativa, refere a mesma publicação. «O meu cliente não se opõe ao trabalho comunitário, mas existem alguns desafios práticos», referiu o advogado, de acordo com a Nettavisen.
A acusação reconheceu a existência de atenuantes, como a ausência de antecedentes criminais e as boas condições pessoais do jogador, que poderiam justificar uma pena suspensa. No entanto, caso essa fosse a decisão, a procuradora defendeu que o trabalho comunitário deveria ser cumprido na Dinamarca.
A defesa de Schjelderup lembrou que joga futebol em Portugal e que ainda assim manifestou disponibilidade para cumprir serviço comunitário na Dinamarca, se essa fosse a sentença. Foi revelado que os serviços prisionais e de reintegração social dinamarqueses consideraram Schjelderup «não apto» para trabalho comunitário, precisamente devido à dificuldade logística de viajar entre Portugal e a Dinamarca.
A audiência terminou e o juiz saiu da sala para deliberar. Tanto a defesa como a acusação concordaram que o processo deveria ser tratado como um caso de confissão, não havendo mais observações a fazer. O juiz retirou-se então para deliberar, informando que a sentença seria anunciada em breves minutos. Questionado se desejava proferir algumas palavras antes da deliberação, Andreas Schjelderup optou por não o fazer.