Benfica: como Mourinho faz crescer Dahl e Richard Ríos
A vitória por 2-0 frente ao Nápoles, na quarta-feira, na 6.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, deixou José Mourinho muito satisfeito. No final do jogo, o treinador do Benfica elogiou o desempenho coletivo e destacou a interpretação tática de cada jogador em campo.
Mourinho também aproveitou para responder às críticas ao seu trabalho no comando da equipa.
«Ouvi que todos os jogadores do Benfica pioraram desde que cheguei. Acho que o Ríos piorou bastante, o Dahl piorou bastante. Há muita gente que piorou bastante», disse o técnico, com ironia, na conferência de imprensa após o jogo com o Nápoles.
Neste desafio europeu, Richard Ríos e Samuel Dahl exibiram-se a bom nível, com especial destaque para o colombiano. Pela segunda vez consecutiva, depois do dérbi com o Sporting (1-1) para o campeonato, Ríos foi eleito o melhor em campo — marcou um golo e fez a assistência para o golo de Barreiro frente aos italianos.
Mourinho tem vindo a realizar trabalho específico de evolução com ambos os jogadores, potenciando as suas características individuais.
O TRABALHO COM DAHL
Em relação a Samuel Dahl, o treinador e a sua equipa técnica têm focado o desenvolvimento do lateral no aspeto defensivo, especialmente na ocupação de espaços com mais agressividade e no aumento da eficácia nos duelos.
Antes da chegada de Mourinho, Dahl era frequentemente utilizado em posições mais avançadas, como médio ou ala-esquerdo, o que lhe retirava rotinas defensivas. Esse défice levou Mourinho a apostar em treinos direcionados, que têm dado resultado.
Desde a chegada do treinador português, Dahl, de apenas 22 anos, soma 16 jogos, 15 como titular, tendo completado 90 minutos em 11 deles. Marcou dois golos nesta fase.
A TRANSFORMAÇÃO DE RÍOS
O trabalho com Richard Ríos foi ainda mais intenso.
«Ríos precisa ter raio de ação muito grande. Limitá-lo é retirar-lhe uma das suas forças. O que fazemos é garantir que, quando ele avança, outro jogador ocupa o espaço. A conexão Ríos-Barreiro-Aursnes está a dar-nos equilíbrio e permite ao Richard ser um grande jogador. Ele é um grande jogador, não conseguiram rebentar com ele», afirmou Mourinho após o triunfo diante do Nápoles.
Segundo informações apuradas por A BOLA, houve um trabalho mental consistente para libertar o médio colombiano da pressão associada ao seu preço de transferência, que foi de 27 milhões de euros pagos ao Palmeiras.
A adaptação ao Benfica foi difícil, mas Mourinho acredita ter encontrado o melhor sistema tático para tirar o máximo rendimento de Ríos. O plano passa por retirar-lhe a responsabilidade na criação de ataques, dando-lhe mais liberdade de movimentos e autonomia ofensiva.
A equipa técnica também tem insistido para que Ríos melhore os movimentos de rutura e chegada à área adversária. O trabalho já produz resultados: dois golos e duas assistências nos últimos oito jogos, além de uma notável evolução na confiança e qualidade de jogo.
«Este não é o meu limite, posso dar muito mais e não vou descansar enquanto não o fizer», afirmou Richard Ríos após o jogo com o Nápoles. O médio vai-se tornando um dos jogadores mais acarinhados pelos adeptos, numa evolução que se deve, em grande parte, ao trabalho e empenho de José Mourinho.