Palavras de José Mourinho, treinador do Benfica, após a vitória por 2-0 frente ao Nápoles

Mourinho: equipa que já joga qualquer coisinha, pauladas no Benfica e alguém que quis rebentar Ríos

Treinador do Benfica dispara em várias direções. O mais importante, para ele, é a equipa continuar viva na Champions

— Que análise faz ao jogos? Que dinâmicas quis com as alterações que fez na equipa?

— Foi uma grande vitória e um grande jogo, coletiva e individualmente. Não houve alguém que não tivesse feito um grande jogo, depois um ou outro sobressaem. Mas como equipa foram fantásticos, grande coesão e interpretação defensiva, num jogo difícil. O que pensámos [fazer] com bola as coisas saíram bem. Ivanovic deu muita saída em profundidade, contrariando o modo de jogo [do Nápoles], é muito mais difícil para eles jogadores que saltam em profundidade, pusemos muita gente pelo meio, atraímos jogadores e o Ivanovic atacou a profundidade. Foram eles que fizeram um grande jogo. Será mesmo muito difícil para os experts atacar o Benfica, vão ter dificuldades, porque o Benfica fez um grande jogo.

— Criticou a forma como a equipa entrou com o Sporting, com o Nápoles a equipa entra bem nas duas partes. Trabalhou isso?

— A preparação foi muito parecida. Definimos princípios para os diferentes momentos do jogo, tentámos, trabalhámos. Contra o Sporting cometemos um erro inicial que nos custou um golo, trouxe-nos intranquilidade e a exibição não é completa porque não foi do primeiro ao último minuto. Hoje foi diferente. Ele foram muito fortes do primeiro ao último, contra uma equipa muito forte, com jogadores muito fortes, com um treinador fantástico. Só que o Benfica hoje foi efetivamente muito melhor.

— Sabe-se que o sonho dos benfiquistas é voltar a conseguir um título europeu, e há muita gente que diz que, para conseguir isso, só mesmo com José Mourinho. Isto não é pressão demasiada também para si?

— Não, porque porque é irrealista, é uma pressão irrealista. A ambição dos benfiquistas é a mesma ambição que a minha, ponho sempre os desafios mais altos. Mas num momento como este, em que estamos fora, está a falar em ganhar a Champions? Imagina a coisa. Mas estou contente com o jogo e já está. E não só contente com o jogo, estou contente com este, com o jogo do Sporting, com a maneira como a equipa vai crescendo, escondendo as suas limitações, porque as tem, contente como outras soluções vão aparecendo a pouco e pouco. Temos perfil de equipa humilde, que leva paulada de tudo quanto é lado, mas continua tranquilamente a sua caminhada. Há 15 dias estávamos mortos na Champions e agora estamos vivos, ainda estamos ali com a cabeça debaixo da água, mas estamos na luta pela sobrevivência.

— Exibição teve nota artística e foi a melhor desde que chegou?

— Não sou a pessoa indicada para falar de notas artísticas e de grandes análises. Recordo-me de que disseram que a construção do Benfica é bola na frente do Otamendi. E mais não faz. Eh pá, melhoramos qualquer coisinha, não? Já jogamos qualquer coisinha, damos dois/três passos e de vez em quando conseguimos fazer um golo como o segundo, que se tivesse sido uma equipa com camisola de cor diferente teria sido uma nota artística elevadíssima. Não sei, nota artística é para vocês, não é para mim. Estou contente com a vitória, com a performance individual, com a performance coletiva, que os benfiquistas vão para casa com a felicidade de terem ganho um jogo grande, um jogo importante, por continuarmos vivos na competição, que é o mais importante. O objetivo, o objetivo, nesta parte final do ano, a jogar na, Champions, o objetivo era continuar vivo para os próximos dois jogos. E lá estaremos.

— Sai daqui com a sensação de que a equipa está no ponto ou ainda longe do que pretende?

— Ah, longe, longe. A equipa melhora a pouco e pouco, a equipa vai melhorando, esconde deficiências, limitações, encontra novas soluções, começa a saber interpretar diferentes adversários, diferentes modos de jogar. A equipa começa a ter a cultura tática e começa a ser equipa. Mas obviamente que estamos longe daquilo que gostaria que fosse a nossa equipa. Mas quem nós somos neste momento, o grupo que somos, os jogadores que somos, acho que estamos a esconder muito bem as nossas limitações, estamos a desenvolver muito bem as nossas próprias qualidades. Outra coisa que ouvi é que todos os jogadores do Benfica pioraram desde que cheguei. Acho que o Ríos piorou bastante, o Dahl piorou bastante. Há muita gente que piorou bastante. Mas pronto. Siga a Marinha.

— Esse saco é uma prenda para alguém?

— Tem lá uma camisola do Scott McTominay, fui eu que o meti lá dentro, deixei o Pogba em casa, o mínimo que poderia fazer era dar-me uma camisola.

Não conseguiram rebentar com o Ríos. É um grande jogador!

— Como explica a evolução de Ríos e de Barreiro?

— Em primeiro lugar, a personalidade deles. Não é facil ser jogador do Benfica, ainda menos no momento atual, em que é muito fácil bater no Benfica. Levaram muita paulada e mostraram capacidade mental para lidar com muita crítica e comentário ofensivo. Isso é o ponto fulcral. Depois é conhecimento cada maior que temos uns dos outros. Ríos precisa ter raio ação muito grande. Limitá-lo é retirar-lhe uma das suas forças. Dizer que não pode ir a ali ou aqui, é complicado. O que temos é de dizer que quando ele vai para ali ou para lá, alguém tem de fazer isto. Aquela conexão Ríos-Barreiro-Aursnes está a dar-nos equilíbrio e permite ao Ríos ser um grande jogador. Ele é um grande jogador, não conseguiram rebentar com ele.