Seleção espanhola alvo de insultos racistas no Mundial de andebol feminino. IMAGO
Seleção espanhola alvo de insultos racistas no Mundial de andebol feminino. IMAGO

Ataques racistas contra jogadoras espanholas no Mundial de andebol

A Real Federação Espanhola de Andebol (RFEBM) apresentou uma queixa junto da Polícia espanhola devido a uma onda de ataques racistas e xenófobos dirigidos a várias jogadoras da seleção, conhecidas como 'Las Guerreras', durante o Mundial de 2025, uma das quais a irmã do jogador do Sporting, Mamadou Gassama

A decisão de denunciar os ataques foi tomada por Francisco V. Blázquez, presidente da RFEBM, em conjunto com as jogadoras e a equipa técnica. No entanto, optaram por manter a situação em sigilo até ao final da participação da equipa na competição, de modo a não perturbar a concentração do grupo e o seu foco no objetivo desportivo.

A própria Polícia Nacional sugeriu que o caso fosse tratado com discrição nas fases iniciais, permitindo assim que as investigações para identificar os autores dos comentários pudessem decorrer de forma mais eficaz.

Várias atletas da equipa espanhola, descendentes de imigrantes, partilharam comentários xenófobos recebidos após a derrota com as Ilhas Faroé.

«Mete mais negras», «Tudo cheio de negras, traidor de m****», «Enchem-nos a seleção de negras e mesmo assim perdem. Era para vos levar à guilhotina» são apenas alguns exemplos das mensagens deixadas por utilizadores após o resultado negativo no segundo jogo da seleção no Campeonato do Mundo, que decorre na Alemanha e nos Países Baixos.

Após a derrota com a Sérvia, pelo menos cinco jogadoras — Danila So Delgado, Carmen Arroyo, Kaba Gassama e as irmãs Lyndie e Lysa Tchaptchet — publicaram no Instagram uma captura de ecrã com alguns desses insultos, acompanhada da frase: «Ganhemos ou percamos, isto é inadmissível». A imagem partilhada foi a mesma para todas.

Estas atletas são descendentes de imigrantes: os pais de So Delgado são da Guiné-Bissau, Arroyo tem ascendência colombiana, os de Gassama são do Senegal e a atleta visada é irmão do jogador da equipa de andebol do Sporting, Mamadou Gassama. As irmãs Tchaptchet nasceram em Iaundé, nos Camarões, antes de se mudarem para Navarra.

Francisco V. Blázquez condenou veementemente os acontecimentos. «Condenamos com absoluta firmeza e indignação os comentários dirigidos a algumas jogadoras das 'Guerreras', profissionais que deram tudo, com maior ou menor acerto, mas sempre com a responsabilidade de defender o nosso país», declarou o presidente.

Insultos
«Mete mais negras», «Tudo cheio de negras, traidor de merda», «Enchem-nos a seleção de negras e mesmo assim perdem. Era para vos levar à guilhotina» são apenas alguns exemplos das mensagens deixadas por utilizadores após o resultado negativo no segundo jogo da seleção no Campeonato do Mundo, que decorre na Alemanha e nos Países Baixos.

«Não conseguimos entender como certos indivíduos, obviamente alheios ao andebol e ao desporto, podem fazer declarações tão ofensivas contra jogadoras que vestem a camisola de Espanha», acrescentou Blázquez. «Não vamos admitir estes discursos racistas e xenófobos que semeiam a discriminação e a desigualdade no nosso desporto e na nossa sociedade», defendeu.

O líder federativo sublinhou ainda o papel integrador do desporto, onde «não existem distinções de sexo, raça, cor de pele, cultura ou crenças religiosas».

«É absolutamente intolerável que ainda hoje existam pessoas que normalizem comportamentos que degradam a dignidade humana. Não vamos parar e iremos até ao fim, até às últimas instâncias, para levar os autores à justiça. Entre todos, temos de travar estas condutas criminosas», afirmou.