Ataques racistas contra jogadoras espanholas no Mundial de andebol
A decisão de denunciar os ataques foi tomada por Francisco V. Blázquez, presidente da RFEBM, em conjunto com as jogadoras e a equipa técnica. No entanto, optaram por manter a situação em sigilo até ao final da participação da equipa na competição, de modo a não perturbar a concentração do grupo e o seu foco no objetivo desportivo.
🔴 𝐓𝐎𝐋𝐄𝐑𝐄𝐍𝐂𝐈𝐀 𝐂𝐄𝐑𝐎 ante el racismo 🔴
— RFEBalonmano (@RFEBalonmano) December 9, 2025
La @RFEBalonmano interpuso una denuncia ante Policía Nacional por los ataques racistas que sufrieron las jugadoras de las #Guerreras🇪🇸 durante su participación en el #GERNED2025
La Federación rechaza cualquier tipo de… pic.twitter.com/PcN5kVaYcC
A própria Polícia Nacional sugeriu que o caso fosse tratado com discrição nas fases iniciais, permitindo assim que as investigações para identificar os autores dos comentários pudessem decorrer de forma mais eficaz.
Várias atletas da equipa espanhola, descendentes de imigrantes, partilharam comentários xenófobos recebidos após a derrota com as Ilhas Faroé.
«Mete mais negras», «Tudo cheio de negras, traidor de m****», «Enchem-nos a seleção de negras e mesmo assim perdem. Era para vos levar à guilhotina» são apenas alguns exemplos das mensagens deixadas por utilizadores após o resultado negativo no segundo jogo da seleção no Campeonato do Mundo, que decorre na Alemanha e nos Países Baixos.
Após a derrota com a Sérvia, pelo menos cinco jogadoras — Danila So Delgado, Carmen Arroyo, Kaba Gassama e as irmãs Lyndie e Lysa Tchaptchet — publicaram no Instagram uma captura de ecrã com alguns desses insultos, acompanhada da frase: «Ganhemos ou percamos, isto é inadmissível». A imagem partilhada foi a mesma para todas.
🔊 Kaba Gassama: "És habitual que quan les coses no van bé rebem insults racistes"
— Tot costa (@totcosta) December 5, 2025
Entrevistem la catalana Kaba Gassama en la prèvia de l'Espanya-Alemanya del Mundial d'handbol i parlem dels insults que han rebut algunes jugadores.https://t.co/4Svsk1BinN
Estas atletas são descendentes de imigrantes: os pais de So Delgado são da Guiné-Bissau, Arroyo tem ascendência colombiana, os de Gassama são do Senegal e a atleta visada é irmão do jogador da equipa de andebol do Sporting, Mamadou Gassama. As irmãs Tchaptchet nasceram em Iaundé, nos Camarões, antes de se mudarem para Navarra.
❌Episodi intolerable de racisme contra la jugadora catalana a les xarxes socialshttps://t.co/V2SJsoeDAJ
— Esport3 (@esport3) December 2, 2025
Francisco V. Blázquez condenou veementemente os acontecimentos. «Condenamos com absoluta firmeza e indignação os comentários dirigidos a algumas jogadoras das 'Guerreras', profissionais que deram tudo, com maior ou menor acerto, mas sempre com a responsabilidade de defender o nosso país», declarou o presidente.
«Não conseguimos entender como certos indivíduos, obviamente alheios ao andebol e ao desporto, podem fazer declarações tão ofensivas contra jogadoras que vestem a camisola de Espanha», acrescentou Blázquez. «Não vamos admitir estes discursos racistas e xenófobos que semeiam a discriminação e a desigualdade no nosso desporto e na nossa sociedade», defendeu.
O líder federativo sublinhou ainda o papel integrador do desporto, onde «não existem distinções de sexo, raça, cor de pele, cultura ou crenças religiosas».
«É absolutamente intolerável que ainda hoje existam pessoas que normalizem comportamentos que degradam a dignidade humana. Não vamos parar e iremos até ao fim, até às últimas instâncias, para levar os autores à justiça. Entre todos, temos de travar estas condutas criminosas», afirmou.