Ações, arrependimentos e o Sporting é campeão
Um investidor norte americano, Jean-Marc Chapus, comprou a peso de ouro a participação que era de Luís Filipe Vieira no Benfica. Para o efeito valorizou a SAD do clube em quase três mil milhões de euros. As ações estavam arrestadas e foram vendidas em leilão com um preço elevadíssimo. Caros leitores, e para todos termos uma ideia, o Manchester United, o clube mais valioso do mundo, foi valorizado, numa transação recente, em cerca de cinco mil milhões. O Benfica valeria, assim, quase dois terços do preço do United, que é o clube com mais faturação do mundo. Como podemos apreender isto não é coisa pouca. Para o presidente do clube, Rui Costa, o preço é bom, mas o Benfica anunciou que vai exercer o direito de preferência que os estatutos preveem. Fá-lo porque afirma que não lhe foi oferecida preferência e, por isso, já pediu a nulidade do negócio. Em suma, quer comprar as ações do ex-presidente Vieira. No entanto, comprar pode não ser boa ideia: os negócios dependem do preço e este foi bastante caro. Mais, o Benfica clube já controla a SAD com uma posição 63,65% da SAD. Há algo que deve ser valorizado em tudo isto: o elevado preço pago é sempre um voto de confiança no Benfica.
Falando do dérbi da penúltima jornada, entre o Benfica e o Sporting, houve mais uma invasão de campo no Estádio da Luz. Um adepto, que entretanto se arrependeu, invadiu o campo e, alegadamente, terá tentado agredir o quarto árbitro. Se tentou agredir ou não será matéria para o Conselho de Disciplina decidir depois de analisar as imagens e os relatórios do árbitro e da polícia. O facto de estar no relatório não significa que o órgão disciplinar faça a mesma interpretação. Porquê? Repare, caro leitor, quando falamos de tentativa falamos de interpretação. Não tendo havido concretização é preciso interpretar o que se passou.
Até porque a sanção prevista para a invasão de campo é dura. Vejamos a lei: o art.º 172, do Regulamento Disciplinar da Liga Portugal, diz que «o clube é responsável pelas alterações de ordem e disciplina provocadas pelos seus sócios ou simpatizantes (…) por ocasião de qualquer jogo oficial». Ou seja, o clube assume a responsabilidade pelas ações dos seus adeptos. Parece injusto, e é, assumir a responsabilidade pelo que fazem outros, mas é a única solução possível, para evitar problemas. Os pais e as mães também são responsáveis pelas ações dos filhos menores, certo? O pior é que a sanção prevista no artigo 174 do mesmo regulamento é dura: «O clube, cujo sócio ou simpatizante invada o campo (…) é punido com a sanção de realização de jogos à porta fechada a fixar entre um mínimo de um e o máximo de três jogos (…) e ainda multa.» Resumindo: empate no jogo e desilusão, arrependimento e sanção à vista. Mas o povo é sábio e diz que não adianta chorar sobre leite derramado.
O Direito ao Golo desta semana vai para o Sporting. Foi resiliente após tantos problemas — saída de Amorim e lesões infindáveis em jogadores titulares. Foi também talentoso: não perdeu nenhum jogo com Benfica e FC Porto, caiu e levantou-se, tem o melhor jogador do campeonato, um presidente excelente e, por tudo isto, ganhou bem o campeonato. Parabéns.