ABC suspende programa de Jimmy Kimmel após comentários sobre Charlie Kirk
A ABC suspendeu o programa de talk-show de Jimmy Kimmel por tempo indeterminado, alegadamente na sequência de comentários do apresentador sobre o homicídio do influenciador de direita Charlie Kirk.
«O 'Jimmy Kimmel Live' será suspenso por tempo indeterminado», afirmou um porta-voz da estação detida pela Disney, em comunicado.
No seu monólogo de segunda-feira, Kimmel afirmou: «O gangue MAGA [de apoiantes de Donald Trump] está a tentar desesperadamente caracterizar este miúdo que assassinou Charlie Kirk como qualquer outra coisa que não um deles, e a fazer tudo o que pode para tirar dividendos políticos disto.»
Ao sair do estúdio de televisão em Los Angeles, pouco depois do anúncio, Kimmel não prestou declarações.
O apresentador também criticou o facto de as bandeiras terem sido colocadas a meia haste em homenagem a Kirk e ridicularizou a reação do Presidente dos EUA, Donald Trump, ao tiroteio.
«Não é assim que um adulto lamenta o assassinato de alguém a quem chama amigo. É assim que uma criança de quatro anos chora a morte de um peixinho dourado», disse Kimmel, que frequentemente ironiza sobre Trump.
No dia em que Kirk foi baleado, Kimmel usou o Instagram para condenar o ataque e enviar «amor» à família do ativista de 31 anos.
Donald Trump celebrou a notícia da suspensão de Kimmel, considerando-a «uma ótima notícia para a América».
Pouco depois de a ABC anunciar a suspensão de Kimmel, o Presidente norte-americano escreveu nas redes sociais: «O programa de Jimmy Kimmel, com fracas audiências, foi CANCELADO. Parabéns à ABC por finalmente ter a coragem de fazer o que tinha de ser feito.»
O anúncio da ABC da suspensão surgiu logo após um dos maiores proprietários de estações de televisão locais dos EUA, a Nexstar Media, ter comunicado que não iria transmitir o Jimmy Kimmel Live! «num futuro próximo, a começar pelo programa desta noite».
A Nexstar considerou as observações do comediante sobre Kirk — cujo suspeito homicida, de 22 anos, já compareceu em tribunal — «ofensivas e insensíveis num momento crítico do nosso discurso político nacional».
«Não acreditamos que reflitam o espectro de opiniões, pontos de vista ou valores das comunidades locais onde estamos inseridos», afirmou Andrew Alford, presidente da divisão de radiodifusão da Nexstar.
O presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, agradeceu à Nexstar «por fazer a coisa certa» e disse esperar que outras emissoras seguissem o seu exemplo. A Nexstar procura atualmente a aprovação da FCC para a sua fusão planeada de 5,2 mil milhões de euros com a Tegna. Precisa, adicionalmente, que a FCC altere a lei que impede que um conglomerado controle mais de 39 por cento das estações locais nos EUA.
Carr, nomeado por Trump para a liderança da FCC, já tinha criticado o monólogo de Kimmel.
O chefe do regulador de comunicações dos EUA disse na quarta-feira que o apresentador da ABC tinha demonstrado «a conduta mais doentia possível» e instou a Disney a tomar medidas.
O Sindicato dos Argumentistas da América (WGA) condenou a decisão de suspender Kimmel como uma violação dos direitos constitucionais de liberdade de expressão.
«Que vergonha para aqueles no governo que se esquecem desta verdade fundamental», afirmou em comunicado.
Uma fonte por dentro da situação disse à CNBC que Kimmel não foi despedido, acrescentando que os responsáveis da estação pretendem falar com o apresentador sobre o que ele deverá dizer quando regressar à antena.
Kimmel é o mais recente apresentador de late-night a ver o seu programa enfrentar problemas. Em julho, a estação rival CBS anunciou que iria terminar o The Late Show With Stephen Colbert no próximo ano, após 11 temporadas.
Tal como a Nexstar, também a Paramount, dona da CBS, precisava da aprovação da FCC para uma fusão. A CBS pagou 13,5 milhões de euros a Donald Trump, por acordo, na sequência de um processo judicial do presidente norte-americano instaurado contra o programa 60 Minutes, por causa da edição de uma entrevista com Kamala Harris, candidata democrata, durante a campanha.