A vida sem Gyokeres, o herdeiro e um troféu para ganhar: tudo o que disse Rui Borges
Rui Borges fez, esta quarta-feira, a antevisão ao primeiro jogo oficial da época, com o Benfica, na final da Supertaça, que se joga amanhã, quinta-feira, no Estádio Algarve. Antes de abordar o encontro, o treinador leonino fez questão de deixar uma mensagem de reconhecimento e encorajamento aos bombeiros que, de Norte a Sul do País, combatem vários incêndios.
- Começa a época com a discussão de um troféu. Que história quer começar a escrever na nova temporada?
- É bom começar com a disputa de um troféu. É sinal que ganhámos no ano passado, que fomos vencedores de algo, neste caso de dois troféus que queríamos muito. Não há motivação maior. Sabemos de antemão que o início de época é sempre algo diferente, em que tentamos recuperar a melhor forma após as férias. Há jogadores que entram e saem. Estamos à procura da nossa fórmula. Tenho a certeza que seremos competentes perante um grande adversário. Pela época passada, foi o nosso maior adversário ao longo da época. Espera-se um grande jogo, um grande público e, acima de tudo, um grande espetáculo.
- Esta é a sua primeira pré-temporada no Sporting, qual é a importância disso? O Sporting é favorito no jogo da Supertaça?
- Favoritos não somos. São sempre jogos de 50/50, independentemente de quem é campeão. São duas boas equipas com grandes jogadores. Acredito que seja um grande jogo. A pré-época é sempre importante, em qualquer clube. É uma novidade para mim, neste clube grande, diferente. Nós, treinadores, gostaríamos de ter, desde o primeiro dia, a constituição do plantel, para ganharmos tempo para os processos que queremos. Para chegarmos ao início na máxima força e todos ligados no que queremos fazer. Num clube como o Sporting, temos de nos adaptar. Há jogadores internacionais a chegar mais tarde. Há um 'entra e sai' de jogadores, por tudo aquilo que fizeram na época. São humanos. Mexe com o nosso dia a dia. É tudo uma questão de adaptação. Sou o treinador mais feliz do mundo, já o disse várias vezes. Agora é jogar, recuperar, jogar, recuperar... Há toda uma contigência por ser um clube grande.
Nem sequer vou falar disso, de arbitragem. Começamos a época com um grande jogo. Que seja um espetáculo. Não nos vamos focar em coisas que não fazem sentido. Que haja respeito e, acima de tudo, que nos saibamos comportar dentro daquilo que é o espetáculo
- Nas suas ideias para o jogo do Sporting o que significa a saída do Sporting e a entrada de Luis Suárez?
- Não se trata apenas da ideia do treinador. Trata-se de nos reajustarmos às individualidades que temos, à nossa equipa. O Suárez chegou há três dias. Não tem todos os comportamentos inseridos. Pelo jogador que é, acredito que facilmente adquira tudo o que é preciso para o jogo do Sporting. Há coisas em torno de ligações individuais, para aquilo que o treinador quer e perde. Perdeu-se uma referência [Viktor Gyokeres]. Não fugimos a isso. Vamos ganhar outra, seja o Suárez ou o Harder. Vão dar coisas diferentes do Viktor. Há coisas muito próprias deles, de micro-relações que malta como Quenda e Geny tinham com ele. Têm de ganhar rotinas com a malta nova. Levou tempo com o Viktor, levará tempo com os restantes. As micro-relações são importantes e só o tempo é que as vais criar. Em termos táticos não muda nada. Sai um jogador, entra outro. Sou treinador e estou aqui para isso mesmo, sempre a adaptar-me. Estes seis meses foram importantes para crescer enquanto treinador, tanto eu, como a equipa técnica. É tudo um crescimento. Para mim, não muda nada. O futebol é isto. Tenho um plantel dentro daquilo que quero e daquilo que é a qualidade. Vamos à luta.
- Qual a condição física de Maxi Araújo? Na época passada Harder viveu na sombra de Gyokeres, acontecerá o mesmo agora com a chegada de Luis Suárez?
- O Maxi continua em dúvida para amanhã. Em relação ao Harder e ao Suárez, são dois jogadores que vão disputar a vaga de avançado. Não quero dizer que, em algum momento, não podem jogar os dois. Há margem, depende do que eles são capazes de demonstrar. Dentro das oportunidades, há que agarrá-las. O Harder não teve muitos jogos como titular, por força da referência muito acima a nível mundial, mas foi chamado a jogar e cumpriu. Ele não é o Viktor [Gyokeres], é um miúdo e sabe, mas tem de se adaptar à equipa, tanto ele, como o Suárez.
- O Benfica emitiu um comunicado em relação à nomeação de Fábio Veríssimo para apitar a Supertaça. Que comentário faz?
- Nem sequer vou falar disso, de arbitragem. Começamos a época com um grande jogo. Que seja um espetáculo. Não nos vamos focar em coisas que não fazem sentido. Que haja respeito e, acima de tudo, que nos saibamos comportar dentro daquilo que é o espetáculo.
- O último jogo com o Benfica, que fechou a época do ano passado, terminou em polémica. Teme que haja alguns reflexos amanhã?
- Só posso falar daquilo que é a nossa parte. Ganhámos, vencemos uma Taça e os adeptos estavam felizes. É isso que posso falar. É um grande jogo num início de época. Ainda bem que assim é logo para começar. É um jogo de futebol que cria emoção e paixão. Temos de saber vivê-lo. O passado é passado. Muito sinceramente, já nem penso naquilo que ganhei. Se amanhã não ganhar, o treinador já não é muito bom. O futebol é isto. É uma disputa de um troféu que queremos muito ganhar. O Benfica tem nove, nós temos outras nove. Até isso podemos levar de antemão para nos motivar de alguma forma. Queremos ganhar a uma grande equipa, independentemente de quem é o árbitro. Focamo-nos apenas no que controlamos.
- Que setores falta reforçar no plantel? O Sporting começou a pré-época mais cedo, isso trará vantagem em relação ao adversário?
- O plantel está equilibrado, para já. Claro que queremos sempre acrescentar alguma coisa. Vocês têm falado muito dos laterais, sou sincero, é muito por aí. Pré-época? Não olho dessa forma. O Benfica acabou a época mais tarde, teve menos férias, mas perdeu menos condição física. Estão mais preparados nesse aspeto, porque tiveram menos repouso, infelizmente ou felizmente, como quiserem. Nós perdemos toda a condição física e temos de trabalhá-la novamente, com os condicionalismos de entrarem jogadores mais tarde e tudo mais. É o nosso trabalho. Temos de nos adaptar a isso. Não acho que isso vá condicionar algo, seja numa equipa ou noutra. A ambição de ambas será enorme e irá sobrepor-se a tudo o resto.
- O Benfica fez apenas um jogo aberto. Tem mais dificuldades em preparar o encontro de amanhã?
- Podia dizer que sim. Só tivemos acesso a apenas um jogo do adversário, que conta com uma base grande da época passada. Mas, sabemos do grande trabalho ao longo da carreira do mister Bruno Lage, que tem jogadores diferentes. Não serve de desculpa para estarmos ou não preparados para a exigência do jogo em si. A motivação e a ambição de disputar o troféu e ganhá-lo tem de se sobrepor a tudo o resto. O treinador controla 20% do jogo, os restantes 80% são tomadas de decisão dos jogadores. Temos de ter capacidade de nos adaptarmos perante o que o jogo nos vai propor.
- Tem alguma na manga para o lado esquerdo? Sem Matheus Reis, castigado, e Maxi Araújo em dúvida?
- Para o lado esquerdo? Ui, tantas opções... Quenda, Esgaio, Fresneda, Geny Há muitas soluções. Alguém joga lá de certeza.
Viktor? São coisas que não controlo, nem liguei a isso. Estava focado no grupo. Sabíamos que acabaria por sair porque, por mais quisesse ir para o Arsenal, não faltariam clubes porque marcou uma era. Ajudou-me imenso, é desejar a maior sorte. Nós cá continuamos. Sporting e campeões
- A Supertaça joga-se em julho, os adeptos querem vencer. Mas, será muito cedo para os adeptos tirarem conclusões de valor em relação às equipas?
- Não posso falar pelos adeptos. Ora sou o melhor treinador do mundo por ganhar dois troféus, mas amanhã, se não ganhamos, o treinador já não é isso tudo. Entendo o adepto. A crítica faz parte. Não condiciona em nada, independentemente do desfecho, aquilo que será a próxima época.
- Hjulmand tem dado que falar. Tem a garantia de que irá continuar ou tem alternativa em estudo? E em relação a Gyokeres, esperava que saísse da forma como saiu?
- O Hjulmand tem uma cláusula, quem o quiser vai ter de pagar e falar com o presidente. Da minha parte olho para ele todos os dias, está ligado, motivado, tem dado o exemplo diário naquilo que é a exigência do treino. Veio diferente, casado [risos], de resto está igual. Sinto-o tranquilo. É normal que possa mexer com ele ou outro qualquer, estamos numa equipa grande, é normal que se fale dos nossos jogadores. Viktor? São coisas que não controlo, nem liguei a isso. Estava focado no grupo. Sabíamos que acabaria por sair porque, por mais quisesse ir para o Arsenal, não faltariam clubes porque marcou uma era. Ajudou-me imenso, é desejar a maior sorte. Nós cá continuamos. Sporting e campeões.
- Diogo Travassos renovou contrato. Quais os planos que tem para ele?
- Dita aquilo que esperamos dele para o futuro, tem crescido, conseguiu impor-se a jogar no Estrela, o que é muito bom para a idade. Tinha vindo de lesão e teve essa capacidade de tornar a acreditar no sonho dele que acredito que seja jogar no Sporting. A perspetiva é boa, por isso é que está aqui, para fazer parte deste grupo. Depois veremos qual será a melhor opção. Está aqui porque pedi para estar aqui. Em janeiro tentámos trazê-lo novamente mas não foi possível.
- No que ao reforço do plantel que será à sua imagem diz respeito, a administração está a satisfazer os seus pedidos?
- Estamos a tentar arranjar, dentro do que é idealizado de posições, vermos a melhor opção e solução. No Sporting toda a gente conta e muito, cada um no seu papel. Se já trabalhei ou não pode ter coisas boas. O clube é diferente, tudo é diferente. Dentro do que queremos, estamos à procura das melhores soluções.