Aves SAD e Nacional empataram 2-2 - Foto: Fernando Araújo/LUSA
Aves SAD e Nacional empataram 2-2 - Foto: Fernando Araújo/LUSA

A prenda parecia boa, mas foi aberta antes de tempo… (crónica)

Aves SAD estava bem embalado para conquistar a primeira vitória da época. A vencer o Nacional por 2-0 ao intervalo, os avenses deixaram-se empatar num segundo tempo para esquecer

A chuva caía. O relvado encharcava. E a bola rolava lentamente.

Num jogo algo amarrado e numa fase em que se via que nenhuma das equipas estava a conseguir desmontar a estrutura defensiva adversária, os adeptos mais distraídos foram, de repente, surpreendidos com um golo. Ou melhor… distraído estava Zé Vítor. Num lance que parecia completamente controlado, o defesa atrapalhou-se com bola e ofereceu uma prenda de Natal antecipada a Tomané, deixando-o isolado na cara do guarda-redes. O avançado não vacilou e fez o 1-0.

Embalada pelo tento inaugural, a turma de João Henriques cresceu no jogo e houve espaço para Tunde brilhar. O avançado nigeriano abriu o livro e fez o 2-0 com um golaço de fora de área, com um grande remate de pé esquerdo.

Logo à entrada do segundo tempo, Zé Vitor redimiu-se do erro da primeira parte e reduziu para os insulares. O defesa apareceu dentro de área, a descair para o lado esquerdo, e rematou forte para o 2-1, num lance em que ficou a sensação que Simão Bertelli devia ter feito mais. O guardião brasileiro nem esticou os braços…

O Nacional veio do descanso com outra atitude, galvanizado por uma dupla substituição e uma reformulação tática, e foi para cima do Aves SAD. Os insulares cresceram no jogo e o segundo golo do Nacional tornava-se demasiado previsível. Aos 61', Jesús Ramírez marcou um dos golos mais fáceis dos dez que já leva no campeonato. Depois de uma carambolada na área do Aves SAD, o venezuelano só teve de encostar.

Os comandados de João Henriques (que cumpriu o primeiro jogo nos nortenhos, depois da saída de João Pedro Sousa) viu-se, ao intervalo, com uma oportunidade de ouro para conquistar a primeira vitória da época. Porém, no regresso do descanso, os insulares demonstraram mais vontade de reverter o resultado do que os avenses em mantê-lo…

E tudo (ou, neste caso, o pouco) um cartão vermelho levou… Se, por um lado, foi uma primeira parte sem medo; por outro, foi uma reta final sem Semedo para o Aves SAD… O internacional português cometeu uma falta muito dura aos pés de Jesús Ramírez e a equipa de arbitragem não perdoou. À primeira, João Gonçalves até tinha dado o amarelo, mas, depois de chamado ao VAR, saiu vermelho para Rúben Semedo.

Os da casa ainda tentaram reagir, mas estavam demasiado desmoralizados para voltar à vantagem. O Nacional foi, indubitavelmente, a melhor equipa no segundo tempo e até criou chances para fazer a reviravolta. No final, um ponto foi a prenda de ambos.

O melhor em campo: Laabidi
O médio entrou ao intervalo, tal como José Gomes, e mexeu com a partida. O craque Laabidi foi peça fundamental para o crescimento e afirmação do jogo do Nacional no segundo tempo. O tunisino de 24 anos fez a assistência para o primeiro 'tento' dos insulares (Zé Vitor). No último lance, poderia ter reforçado este estatuto de melhor em campo - não tivesse falhado por escassos centímetros um golo de cabeça , no coração da área, que daria o 3-2 à sua equipa.

As notas dos jogadores do Nacional (4x2x3x1): Kaique (5); João Aurélio (6); Zé Vítor (4); Chico Gonçalves (5); Vallier (5); Matheus Dias (5); Miguel Baeza (5); Pablo Ruan (5); Liziero (5); Paulinho (6); Jesús Ramírez (6); José Gomes (5); Laabidi (6); Nourani (-); Lucas João (-) e André Sousa (-)

A figura do Aves SAD: Tunde
Marcou o melhor golo do jogo (já lá vamos) e, a par de Perea, funcionou como desequilibrador. Pela direita, o extremo nigeriano baralhou a defensiva alvinegra. Foi por ali (agora sim) que fez o 2-0, com um golaço. Após um movimento da direita para o meio, o craque de 22 anos atirou sem hipótese para Kaique, com seu 'mágico' pé esquerdo. Vai no segundo jogo a marcar, depois de ter faturado também na vitória (1-0) para a Taça frente ao Vitória de Guimarães.

As notas dos jogadores do Aves SAD (3x4x3): Simão Bertelli (4); Devenish (5); Rúben Semedo (3); Paulo Vitor (5); Diogo Spencer (6); Pedro Lima (6); Jaume Grau (5); Kiki Afonso (5); Tunde (6); Óscar Perea (6) e Tomané (6); Rafael Barbosa (5); Leonardo Rivas (5); Gustavo Assunção (-); Aderllan Santos (-); Jordi Escobar (-)

João Henriques, treinador do Aves SAD

«Estamos frustrados porque sentimos que tivemos os três pontos na mão, depois de uma primeira parte muito boa. Os jogadores mostraram que não acabou. Disse-lhes que este vai ser o ponto que nos vai dar a permanência. Sofremos o 2-1 no primeiro remate que foi à nossa baliza. Depois fomos abaixo e com menos um tivemos de nos retrair para segurar este resultado. Acredito que temos tudo para conseguir o objetivo do clube. Não há duvida que vamos ganhar jogos.»

Luís Sousa, treinador adjunto do Nacional

«São duas partes totalmente distintas. A primeira foi de estudo, porque não sabíamos com o que podíamos contar do adversário e sofremos dois golos. A seguir ao intervalo, ajustámo-nos e fomos para cima, conseguindo fazer dois golos. Acho que fomos a melhor equipa, criámos oportunidades suficientes para vencer o jogo, mas faltou eficácia nesta parte final. Ainda assim, é um ponto importante.»