A noite em que as ‘vacas sagradas’ não deram um pingo de leite (as notas de Portugal)
(4) Diogo Costa – Joga muito bem com os pés, mas, por vezes, inebria-se e excede-se. Aconteceu aos 17 minutos quando, na luta com Azaz na pequena área, falhou o passe e daí nasceu um lance perigosíssimo para a baliza de Portugal. Na sequência do pontapé de canto, ficou perdido quase na linha de golo, como perdidos estiveram todos os que defendiam a baliza lusa, congelados durante o passe de Scales para Parrott e o desvio de cabeça deste para o 1-0. Mais tarde, em cima do intervalo, terá sido surpreendido pelo remate do mesmo Parrott surgir para a direita, quando o mais lógico seria sair para a esquerda. O remate foi rente ao poste direito e, mesmo surpreendido, fica a ideia de que Diogo Costa poderia ter feito algo mais. E, ao minuto 38, num remate cruzado de Ogbene, ainda viu a bola esbarrar no poste esquerdo.
(4) João Cancelo – Mostrou, durante meia hora, em lances quase na linha de fundo, a sua enorme técnica. Não foi noite, porém, para muito mais do que isso. Culpas divididas no segundo golo, que nasceu na sua zona de ação.
(3) Rúben Dias – Bolas e bolas lançadas para a corrida dos atacantes irlandeses; bolas e bolas em que Rúben Dias demonstrou uma insegurança incomum, incapaz de travá-los ou de cortar passes que pareciam relativamente simples. Congelado no 1-0, congelado no 2-0. Ligeira melhoria no segundo tempo.
(3) Gonçalo Inácio – Não esteve melhor do que Rúben Dias. Começou com cortes falhados e prolongou-se em sucessivas tremedeiras sempre que os avançados irlandeses lhe apareciam pela frente com a bola mais ou menos controlada. Saiu ao intervalo.
(4) Diogo Dalot – Jogou pelo lado esquerdo, apostou sempre num jogo vertical que o levasse até à linha de fundo e lhe permitisse cruzar, mas nada disso lhe saiu bem. Deu nas vistas apenas pelos sucessivos remates de fora da área, mas nenhum com êxito.
(5) Rúben Neves – Começou por andar dez metros à frente de Rúben Dias e Gonçalo Inácio, ou lado a lado com eles, mas, quando Portugal passou a estar em desvantagem, poucas vezes voltou a aparecer tão recuado. Passou a tentar organizar o meio-campo, sem grande êxito, sendo notado sobretudo pelos múltiplos remates de longa distância. O melhor deles, em cima do minuto 90, saiu à figura do guarda-redes irlandês.
(5) João Neves – Jogo ingrato, muito ingrato, para o jovem médio. Teve bola, sim, mas muitas dificuldades em criar algo perigoso, tal era o muro irlandês à sua frente. Antes da meia hora, perseguiu um irlandês pela esquerda da defesa, cortando o lance e evitando maior perigo. Mais tarde, aos 31’, rematou forte, mas ao lado. Sairia quase no final para entrar Gonçalo Ramos.
(6) Vitinha – O cérebro de Portugal tentou organizar o meio-campo, lançar os companheiros e até rematar de longe, mas não era noite para mostrar o talento que exibe no PSG. Incrível como, após desvio de Renato Veiga com as costas, falhou o remate na pequena área. Parecia golo, sim, mas não foi.
(3) Bernardo Silva – Rodou, rodou, rodou. Sempre com bola, sempre sem ponta de perigo. Há muito que, na Seleção, não está ao nível que já mostrou aos portugueses. Saiu cedo e bem.
(2) Cristiano Ronaldo – Entrou elétrico no jogo, tentando marcar de calcanhar, depois num livre direto e, por fim, num remate por cima da barra. E foi tudo. Ou quase. A abrir a segunda parte, caiu na tentação de dar uma cotovelada nas costas de um adversário e foi, de forma justa, expulso. Jogo para esquecer. Ou não.
(4) João Félix – Andou sempre bastante recuado, procurando pegar na bola e, com a sua técnica, tentar entrar com ela na área irlandesa ou servir companheiros mais adiantados, tentando furar as poucas brechas no muro defensivo adversário. Teve um desvio de cabeça, após cruzamento de Rúben Dias, com a bola a sair por cima. Tentou muito até ser substituído, mas nunca verdadeiramente bem.
(4) Nélson Semedo – Entrou bem, tentando furar a defesa irlandesa pelo lado direito, mas, pouco a pouco, absorveu a letargia da equipa e apagou-se quase por completo.
(4) Renato Veiga – Quarenta e cinco minutos em campo na fase em que Portugal mais atacou. Tentou lançar companheiros e arriscou um ou outro remate, mas teve ainda uma falha, perto dos 90’, que poderia ter dado golo à Irlanda.
(4) Rafael Leão – Era jogo para mostrar serviço, mas o milanês, como quase todos os portugueses, não esteve à sua altura.
(4) Francisco Trincão – Jogou como tem jogado no Sporting: encostado à esquerda, tentando fugir para o meio com a bola colada aos pés para rematar cruzado. Sem êxito.