Vingegaard? Roglic? João Almeida respeita, mas assume: «Sou candidato»
João Almeida participa pela terceira vez na 'Algarvia', vai correr com o dorsal 1 e vem com vontade de lutar pela vitória em Portugal, mesmo tendo Jonas Vingegaard e Primoz Roglic como rivais
Será com o dorsal um vestido e poucos dias depois de ter ficado em 2.º lugar na Volta à Comunidade Valenciana que João Almeida (UAE Emirates) vai partir, na quarta-feira, para a estrada, naquela que será a terceira participação do ciclista de 26 anos na Volta ao Algarve.
Ainda que sem o companheiro de equipa Remco Evenpoel, vencedor do ano passado, que se encontra a recuperar de uma queda grave sofrida em dezembro, o corredor de A-dos-Francos terá a seu lado um pelotão recheado de grandes nomes do ciclismo com quem vai tentar estar na discussão da 51.ª edição da corrida.
À cabeça dos favoritos, é inevitável falar de Jonas Vingegaard, dinamarquês da Visma-Lease a Bike que venceu a Volta a França em 2022 e 2023, bem como de Primoz Roglic, esloveno da Red Bull-BORA-hansgrohe, que já venceu quatro vezes a Vuelta e que no ano passado conquistou também o Giro, prova na qual Almeida terminou em terceiro.
Nesta segunda-feira, no lançamento da corrida, que foi feito com uma conferência de imprensa no Museu de Portimão, de onde parte a prova algarvia, João Almeida assumiu que o seu nome tem de constar entre aqueles que vão para a estrada com ambições de vencer a classificação geral.
«Acho que sou um dos candidatos para discutir a corrida. Claramente há corredores que são mais fortes ou aparentam estar mais fortes», disse sobre os rivais renomados.
Só quatro portugueses venceram nos últimos 25 anos
João Almeida assume-se como candidato ao triunfo na Volta ao Algarve e se tiver sucesso nesta 51.ª edição da prova junta-se a uma lista restrita de vencedores portugueses nos últimos 25 anos. Desde que o sportinguista Joaquim Fernandes venceu no longínquo ano de 1936, no primeiro ano, um fogacho que voltou a acender-se em 1947, quando venceu Serafim Paulo (Lisgás), até à implementação definitiva em 1977, ano em que venceu o portista Belmiro Silva, a Volta ao Algarve conheceu muitas caras e equipas. Cândido Barbosa, em 2002, pela LA Pecol foi o primeiro português a vencer no novo milénio e três anos depois foi a vez de Hugo Sabido (Paredes) repetir o feito. Em 2006, João Cabreira (Maia-Milaneza) triunfou na Algarvia e seria preciso esperar até 2021 para João Rodrigues (W52-FC Porto) volta a vencer em casa.
«Apesar de ser a primeira corrida deles, são corredores que já todos conhecem. Onde vão, discutem as corridas. É para eles que também vamos estar a olhar um bocadinho nas etapas mais difíceis».
E embora possa contar com o apoio do público português, que costuma marcar presença em força nas estradas algarvias, Almeida rejeita a ideia de isso lhe trazer «pressão extra». «Já comecei a minha temporada, já não é a primeira corrida. Vai ser bastante dura e dará para ver como está a forma. Não só para mim, como para todos os corredores», reconheceu.
Cronoescalada no Malhão vai decidir o mais forte
O melhor guardado para o fim. A cereja no topo do bolo. Ó Malhão, Malhão! A sabedoria popular teria muito a dizer sobre a maior novidade do traçado da 51.ª edição da Volta ao Algarve. Nós vamos resumi-la assim: uma cronoescalada que termina no Alto do Malhão, na derradeira etapa da prova que arranca, quarta-feira, de Portimão.
A tirada de 19,6 km que vai decidir o vencedor parte de Salir, tem 17 quilómetros praticamente planos, para depois acabar em dureza (e beleza, para os amantes de ciclismo!) com 2.600 metros desde o sopé até ao topo, com uma inclinação média de 9,2%.
Mas há mais novidades. E mais montanha! Se a tirada inicial está desenhada para uma potencial chegada em sprint - 192,2 km desde Portimão até Lagos -, o segundo dia promete fazer já alguma diferença nas contas pela classificação geral. É que termina noutro daqueles nomes temidos das estradas algarvias: a Fóia. Serão 177,6 km que os ciclistas vão ter de percorrer entre Lagoa e o ponto mais alto do Algarve, em plena serra de Mochique. Só que, contrariamente ao que tem sido habitual, a subida final, com 8,4 quilómetros, faz-se pela encosta norte da serra, com zonas de inclinação menos constantes, mas alguns troços de maior dificuldade, nomeadamente a 3,5 km do final, onde a pendente média é de 10%.
A terceira etapa pode permitir ao pelotão esticar um pouco mais as pernas, ao longo de 183,5 km entre Vila Real de Santo António e Tavira, mas o quarto dia inclui três contagens de montanha ao longo dos 175,2 km que vão ligar Albufeira a Faro.
A (DURA) «LUFADA DE AR FRESCO»
Uma das principais novidades da edição que arranca na quarta-feira é a cronoescalada que vai terminar no Alto do Malhão, na última etapa. E o melhor voltista nacional da atualidade só tem elogios para a mudança. «No final, vai ganhar o mais forte de qualquer maneira. É uma boa forma de fazer as coisas um bocadinho diferentes e de mudar o percurso de uma forma positiva. Acho que dá aqui uma lufada de ar fresco à corrida e é um desafio diferente. É muito bom. Pessoalmente, gosto», finalizou.