Tudo o que disse Rúben Amorim antes do jogo com o Famalicão
Rúben Amorim

Tudo o que disse Rúben Amorim antes do jogo com o Famalicão

NACIONAL02.02.202414:39

O técnico do Sporting fez a antevisão ao encontro do próximo sábado

Como é que se começa a preparar estes ciclos de jogos de três em três dias? Qual é o balanço deste mercado, com as chegadas de Koba e de Pontelo e as saídas de alguns jovens para o principal escalão do futebol português? 

- Começando já pelo jogo do Famalicão e o ciclo. O ciclo não se pensa, obviamente, como equipa técnica, olhamos muito para aquilo que é o espaço entre jogos, porque nós podemos falar de um ciclo com muitos jogos, mas se tivermos três dias de descanso de trabalho entre os jogos, nós conseguimos recuperar bem os jogadores. Portanto, é mais um pensamento no estado físico deles do que outra coisa. Pensa-se no próximo jogo. E o próximo jogo é com o Famalicão, uma equipa que nós sabemos que tem sempre talento e, portanto, nestes jogos, sem grande responsabilidade, eles têm uma capacidade de ter bola, de criar perigo a qualquer equipa. Sabemos também que é um jogo num campo diferente, onde é sempre muito difícil, em que vai haver muito mais duelos e, portanto, o nosso trabalho foi dizer aos jogadores, e eles têm plena noção disso, que tudo o que se passou no último jogo, todo o ambiente, todo o relvado, todos os duelos que ganhámos, todas as bolas que rematámos à baliza e entraram, vai ser completamente diferente e já não vai ter interferência neste jogo. O nosso objetivo é ganhar o jogo, manter a liderança, que seja por meio a zero. 

Em relação ao mercado, o que nós fizemos foi preparar não só o presente, mas, principalmente, o futuro. O Afonso tinha tido poucos minutos na nossa equipa, treinava quase sempre connosco, mas precisa de minutos. Teve esta oportunidade [de sair por empréstimo] e foi. O Dário, a mesma coisa. O que sentimos com o Dário é que ele está num passo onde a equipa B já é curta para ele, mas equipa A é difícil para ele, neste momento, devido à qualidade dos jogadores e não da sua qualidade. Foi para a primeira liga, para jogar, ter esses minutos e ganhar essa confiança para dar o passo seguinte. O Koba é muito parecido também aquilo que fizemos com o Rafael [Pontelo]. Ou seja, nós também já chegámos a uma fase diferente no nosso clube. Quando chegámos cá, nós comprámos o Nuno Santos, se calhar pelo mesmo valor, para ser o nosso titular, digamos assim. O que estamos a fazer é preparar o futuro sabendo que, quando olhamos para o Koba, nós não estamos só a comprar o jogador que ele é, mas o que ele pode ser. E o que nós achamos que ele pode ser, daqui a um ou dois anos, nós teríamos que pagar muito mais por um jogador como ele.

A imprensa de hoje revela que a direção do Sporting desvalorizou as suas palavras sobre a continuidade sobre o seu futuro e interpretou-as quase como uma forma de picar os seus jogadores. Foi uma espécie do discurso «onde vai um vão todos»?

- Essa do «onde vai um vão todos» foi uma coisa que saiu naturalmente num momento diferente e não foi nada pensado para unir a equipa. Saiu na conferência de imprensa. Em relação ao meu futuro, eu não posso dizer mais nada do que já disse. Pelas pessoas que trabalham à minha volta, nós vamos trabalhar juntos para sempre. E esse é o nosso pensamento, digamos assim. Sobre esse assunto, já disse o que tinha a dizer. Não vou dizer mais nada, senão estaremos sempre todas as semanas a falar do meu futuro. Vamos ver o que acontece no final da época.

O Sporting tem profundidade, mesmo sem Morita e Diomande, para atacar este mês de fevereiro? Os reforços vêm para ajudar já?

- Quando digo que são para o futuro, é a nossa ideia enquanto clube de salvaguardar o futuro, de anteciparmos coisas que nós achamos que podem acontecer, mas não quer dizer que eles não sejam opção para agora. Nós temos profundidade no plantel. Faltam no máximo dos máximos nove dias para pelo menos o Ousmane e o Morita voltarem. Obviamente que, nestes 9 dias temos jogos muito importantes que podem ajudar a decidir o nosso lugar. Sinto que o plantel está no bom caminho e eu acho que sem grandes lesões, temos o plantel para competir por todas as competições e para dar oportunidades a todos os jogadores.

Mateus Fernandes, emprestado ao Estoril, podia vir de regresso em janeiro? Se sim, faz sentido contratar Koba?

- Sim, porque uma coisa não tem a ver com a outra. Nós não pudemos trazer o Mateus porque não havia essa possibilidade, porque é um jogador que encaixa bem, porque se calhar a jogar a médio, comparando-o com o Pote, é se calhar um jogador mais parecido e até ele está a fazer esse papel no Estoril. Mas uma coisa não impediria a outra. Volto a dizer, queremos salvaguardar a nossa equipa, preparar o futuro e há certos jogadores, como o Koba, que tem muita qualidade, mas que ainda precisa de muito trabalho. Por isso é que ele também não era titular indiscutível no Estoril.

Agora, eu tenho quase a certeza que se deixarmos um jogador como o Koba crescer noutro clube, iríamos pagar mais e se calhar não teríamos a capacidade de o ir buscar. Agora, eles são jogadores de qualidade e são opções para jogar. Como nós vimos, o Geny de repente explodiu, o Quaresma também não tinha minutos, explodiu, por isso eles têm que estar preparados para jogar. O importante é olhar para o jogador e ver que há talento. O Koba já está convocado para amanhã.

Joan Laporta, presidente do Barcelona, afirmou que o Sporting estaria disposto a competir na Superliga Europeia. Qual é a sua opinião?

Eu não tenho opinião sobre esse assunto. Como funcionário do Sporting, jogarei na competição em que o Sporting estiver inserido e lutaremos para vencer todas. Isso é uma decisão do clube e nós temos que a aceitar.

Preferia abdicar do campeonato ou da Liga Europa? Gyokeres teve propostas? O Rúben já recusou propostas de outros clubes?

Em relação a isso, não vou comentar. Em relação ao Gyokeres, ele ficou no Sporting porque nós não tivemos nenhuma pela cláusula de rescisão. 

Nenhum jogador do Sporting ficou porque nós vamos lutar pelo título. Os jogadores do Sporting ficaram porque nós tivemos a capacidade do ano passado de perder o Porro, o Mateus, o Ugarte no fim da época e, portanto, saíram jogadores que valeram muito dinheiro. Essa é a razão para não vendermos. Nós não estamos a fazer um esforço financeiro, a manter os jogadores para lutarmos pelo título. Nós fizemos um planeamento muito diferente do ano passado e não fazemos mais nada aqui se não fizermos um grande investimento. Com o Gyokeres estamos mais perto de ganhar? Sem dúvida nenhuma. Se nós não tivéssemos o Viktor, se não tivéssemos o Pote, se não tivéssemos todos os jogadores, ou um Trincão, porque nós não sabemos qual vai ser o jogador mais importante até ao fim, um Paulinho, nós ficaríamos muito mais longe. O Viktor tem 23 golos, não sei quantas assistências. Obviamente nós estamos mais perto de alcançar títulos. Eu não abdicaria de nenhum, mas volto a dizer, para mim, o principal é o campeonato. É o principal, não vamos abdicar de Liga Europa nem de Taça de Portugal. Agora, temos que saber que valores é que nós teremos se entrarmos diretamente na Liga dos Campeões. Que impacto tem isso na nossa estratégia.

Agora, o foco é ser campeão, porque isso dá um orgulho também a toda a gente do clube e aos nossos adeptos. Queremos ganhar, não de 20 em 20 anos, mas de 2 em 2, um em um. Portanto, isso tem um impacto que nós não podemos deixar de lado. Se pudermos ganhar tudo, vamos fazer por isso. Temos de ter sorte, mas isso, como sabem, por vezes não falta.

É possível vermos Nuno Santos e Geny Catamo ao mesmo tempo no onze, dadas as mais-valias defensivas mas também as fragilidades ofensivas do Famalicão? Os jogadores que vêm das seleções vão jogar pelas suas características ou, dado o momento de forma de jogadores como Quaresma, Trincão, Pedro Gonçalves, etc., vão ter de «correr atrás do prejuízo»?

Todos os jogadores têm de correr atrás do prejuízo. Os jogadores não podem ser prejudicados porque foram para as seleções, mas quando chegarem aos treinos, quem treina a melhor e, de acordo com as características, irá jogar.  Não vão ser prejudicados porque foram à seleção.

Quem estiver melhor jogará e, como vocês disseram, temos muitos jogos para rodar toda a equipa. Em relação aos laterais, podem jogar várias combinações. Não vou dizer porque eu acho que tem influência na forma como se defende a equipa. Mas nestes jogos, pouco interessa. O que interessa é o talento que os jogadores do Famalicão têm. Se joga o Puma ou o Chiquinho. Eu acho que poderá jogar ou os dois ou o Puma poderá entrar porque é muito rápido e forte fisicamente. O Cádiz é o jogador que toca mais vezes na bola dentro da área de cabeça, por isso, temos que salvaguardar os cruzamentos. Por outro lado, grande parte da rotina do Famalicão pela esquerda é com o Moura, que está castigado. Vão lá pôr um central ou um lateral direito? O Otávio saiu, podem perder na profundidade. Eu não vou dizer quem joga. Podem jogar os dois, podem não jogar nenhum. Depende daquilo que queremos para o jogo. A grande preocupação é explicar aos jogadores que tudo o que se passou no passado já não interessa. Seja ganhar por meio a zero, ganhar por um a zero, o que der, temos que ganhar o jogo.

Eles têm talento para vencer o Sporting. temos que dar resposta a isso porque lutamos pelo título e queremos manter o nosso lugar. 

St. Juste ainda está lesionado? Pensou em investir num extremo ou desistiu dessa ideia? Relativamente ao planeamento, o Rodrigo Ribeiro ir para a Premier League será «um passo maior que a perna»?

Ele é um miúdo que acredita muito em si, por uma ou outra razão não conseguiu desenvolver-se como outros. É uma opção dos jogadores, dos agentes, de fazer essas mudanças. Desejo a melhor sorte ao Rodrigo, porque tem muito talento. Eu nunca disse que nós queríamos buscar um extremo. Isso são vocês que estão a dizer. O que eu disse, e na altura, é queós tentámos um jogador que queríamos muito não só para o presente, mas também para o futuro, e não o conseguimos. Não desistimos. Não conseguimos, não tínhamos uma segunda opção tão boa como ele. E, portanto, o que nós fizemos foi guardar tudo e seguir outro caminho, de jogadores com grande talento, a que podemos chegar já para evitar que no futuro tenhamos que pagar mais por eles. 

Qual é o valor da cláusula de rescisão de Gyokeres que o deixaria passar um verão descansado?

Isso é com o clube. A última vez que disse que o jogador não ia sair, teve que sair… Mas tenho a certeza que no fim da época vai ser difícil aguentar certos jogadores.