Carreira de árbitro surge como boa oportunidade para jovens jogadores no final da formação e estudantes universitários; perspetiva de continuar ligado ao desporto é forte argumento para possíveis futuros juízes
A maior recetividade dos jovens para a arbitragem está também relacionada com a oportunidade derivada de várias situações do dia-a-dia de um jovem estudante e, até, de um desportista. Exemplo disso mesmo será o de Tiago Pereira, jovem de 18 anos, estudante universitário de Desporto que contactou com a tecnologia da recém-inaugurada carrinha Arbitragem na Escola e assume a A BOLA poder ter-se tornado num aspirante a árbitro.
«Numa realidade como, por exemplo, a minha, um período de transição num ano complicado, em que seguimos de juniores para seniores, e a entrada no ensino superior faz com que a maior parte dos jovens jogadores fique pelo caminho. Nem sempre temos lugar nas equipas ou dá para conciliar treinos com aulas, e (ndr: a arbitragem) dá-nos outra possibilidade de ir buscar alguns que, têm a intenção de continuar no desporto», observa o estudante.
Tiago Pereira reconhece que a possibilidade de arbitrar um jogo, ou partes do mesmo, altera a perceção inicial da dificuldade da função e da compreensão sobre a figura de um árbitro de futebol. «Tenho a visão de, quando jogava, criticava-se muito os árbitros, porque nem sempre os lances são apitados como nos achamos ou temos uma outra visão, mas quando nos colocam no outro lugar e acabamos por ser nós a ter de decidir no lugar dele, acabamos a perceber OK, as coisas acabam por ser de outra forma, se calhar não vemos as coisas de forma tão linear. O árbitro é alguém que muitas vezes não conhecemos,» admite por fim o jovem.
Luciano Gonçalves considera que o momento atual é o indicado para a implementação da iniciativa; José Fontelas Gomes recorda iniciativa anterior de arbitragem, repleta de sucesso
Secretário de Estado apoia iniciativa também nas universidades
A apresentação da carrinha Arbitragem na Escola contou com o contributo dos principais dirigentes das instituições que regem o desporto e, em particular, a arbitragem nacional. Na primeira fila, o anfitrião do evento, Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, acompanhado pelo presidente da Liga de Clubes, Pedro Proença, o presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, José Fontelas Gomes, assim como um dos diretores da FPF, Rui Manhoso, o árbitro de futebol e presidente da Mesa da Assembleia Geral da APAF, Luís Godinho, e o presidente da direção da mesma instituição, Luciano Gonçalves.
Entre estes nomes, o maior destaque apontou para a presença do secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, a quem Luciano Gonçalves desejou «um excelente mandato, um trabalho de excelência e enorme profissionalismo como nos habituou na Federação». «Não tenho dúvidas nenhumas de que irá marcar neste caso na secretaria de estado do Desporto e no Governo, uma página no desporto em Portugal», desejou o principal responsável pela APAF, instantes antes de, chamado para o último discurso da manhã, o próprio governante se mostrar um aceso defensor da ideia da Arbitragem na Escola.
Pedro Dias aposta ainda em levá-la não apenas a escolas básicas e secundárias como também a universidades. «As escolas são um local privilegiado e muito importante na sociedade. Fiquei sensibilizado com o interesse manifestado pelas instituições de ensino superior em colaborarem com os agentes desportivos e contribuírem no desenvolvimento desportivo», afirmou, satisfeito.
«Na rua, jogávamos sem árbitros e no desporto isso não é possível. O desenvolvimento desportivo dá-se desta forma, ajudando e qualificando o processo, e o árbitro é sem dúvida alguma um elemento decisivo para isso. A arbitragem é uma área em que devemos fazer uma análise e reflexão do contributo que pode ser dado. Temos aproximadamente um árbitro para 50 atletas. É apenas um número, mas merece reflexão», comentou o secretário do Desporto.