«Se o corpo e o espírito estão no Benfica, não há risco de renovar»

NACIONAL25.11.202409:15

António Simões, extremo campeão europeu pelo Benfica, analisa futuro de Di María e explica, um a um, os golos do argentino; «Vi Pelé fazer um golo como o dele, nos EUA, mas no sintético», conta

Di María, extremo argentino do Benfica, foi tema forte da conferência de Imprensa de Bruno Lage no fim do jogo da Taça de Portugal com o Estrela da Amadora (7-0). Questionaram o técnico sobre a beleza dos golos e a eventual renovação do argentino, nós fizemos o mesmo a António Simões, antigo extremo campeão europeu pelas águias.

«Podemos dizer que foi magia», começa por dizer António Simões, 80 anos. «Os meus argumentos, são os meus, vejo por fora, não vejo por dentro, mas, sim senhor, renovava. No entanto, sem saber de tem pequenas mazelas ou sinais de que fisicamente começa a ficar esgotado. Se há alguma lesão crónica. Por isso, também estou de acordo com Bruno Lage, há tempo para assegurar a renovação com toda a segurança», defende, sem se deter: «É escolha pessoal e qualidade de vida, não apenas qualidade do contrato, independência financeira está garantida.»

«Se o corpo e o espírito estão dentro do Benfica não me parece haver risco algum de renovar, de querer Di María mais um ano, mas mais vale esperar que seja ele a decidir se quer também mais um ano.» E a idade não é problema: «Vou dar o exemplo de um antigo treinador do Benfica chamado Jimmy Hagan, tinha um conceito rigoroso nas substituições. Ele preferia um jogador talentoso, mesmo com sinais de fadiga, a um jogador fresco menos talentoso», conta António Simões.

António Simões, antigo extremo do Benfica e internacional português (Foto: Miguel Nunes)

Golos de Di María vistos por Simões

Autoridade no capítulo do Benfica e dos golos bonitos, Simões explica, um a um, como viu os três golos de Di María ao Estrela. «No primeiro, ele recebe a bola de volta depois de um ressalto e ainda bem, até porque a bola foi direita a ele e ele viu tudo, fez o arco e meteu a bola no sítio onde queria, momento mesmo a favor dos esquerdinos. Ainda por cima estava perto da baliza, foi o aproveitar do ressalto da melhor forma, depois a bola fez a curva para o golo», observou.

O 2-0 é o momento do jogo: «No segundo, há uma receção fantástica, dribla um adversário com um pequeno toque em vólei, um pequeno toque para cima, e depois executa e faz o golo, bicicleta lindíssima de ver. Nem todos os jogadores têm coordenação física para isso. É um golo que todo o mundo adora, pelo gesto técnico e físico, coordenação fantástica. Vi o Pelé fazer um como este nos EUA, num sintético.»

Por fim, o 3-0, de pé direito: «Onde é que está a magia do lance do golo? É antes da finalização, quando ameaça e dribla o adversário, que não pode comprometer-se a 100 por cento num lance em que não tem certeza de que pode ganhar a bola. Di María ameaçou com muito saber e experiência para o lado direito e o defesa fica deitado no chão. Sabe logo ali que tem de chutar de pé direito, já não tem tempo para puxar para o esquerdo. Foi perfeito, para cima, guarda-redes não tem hipótese.»