Renato Paiva e a contestação: «Eu nem tenho tempo para dormir...»
Depois da vitória por 4-0 do Botafogo sobre o Internacional, Renato Paiva era um treinador mais satisfeito, embora tenha sublinhado ainda algumas fragilidades na primeira parte, em que a equipa marcou dois golos.
«O resultado é melhor que a exibição na primeira parte. Acho que a primeira parte não é para estarmos a ganhar 2-0, sinceramente. Mas depois corrigimos algumas coisas e a segunda parte é toda nossa em termos de jogar e não deixamos o adversário jogar. Aí nós estivemos muito bem, e acaba por ser já uma segunda parte com muita imagem daquilo que eu gosto», disse, falando depois mais longamente sobre como lidar com a pressão.
Na semana passada o treinador foi contestado com mensagens nas paredes do estádio e insultado em jogos.
«Sem querer tirar importância ao que vem de fora, o grande segredo é fecharmos no interno. Nós sabemos quem somos, com quem trabalhamos, os jogadores sabem que são, eu sei quem sou, não cheguei aqui por acaso... E mesmo que eu quisesse olhar para o externo, não conseguiria», explicou, dando um exemplo do seu dia no domingo:
«A minha rotina no dia de jogo, hoje eu faço as palestras de manhã, almoço e vou ver o Estudiantes [próximo adversário na Libertadores]. Mas, entretanto, há o jogo com o Internacional, e às vezes ainda me engano com os jogadores (risos). Mesmo que eu quisesse, não tinha tempo. E se eu quisesse fazer isso, estaria a trair aqueles que aqui estão, porque todo tempo é pouco para preparar o que temos de preparar. Porque é que vi hoje o Estudiantes? Porque segunda e terça-feira os treinos estão relacionados com o que eu vi do Estudiantes, não posso chegar amanhã para preparar o treino, já tenho de saber o que vamos fazer. Depois já tenho de saber do Flamengo. Não temos tempo nem para dormir, durmo cinco a seis horas por dia. Não me estou a queixa porque sou um privilegiado comparado com muitas vidas que existem. Dentro da minha profissão, o Brasil é um mundo à parte, mas tenho de me adaptar.»
Não temos tempo nem para dormir, durmo cinco a seis horas por dia. Não me estou a queixa porque sou um privilegiado