Treinador do Manchester United não deixou o antigo jogador do clube sem resposta, depois de ter reforçado que, a longo prazo, o objetivo é vencer a Premier League

Quanto custará a Amorim o 3-4-3? Já pode ter valido um lugar no Liverpool 

«Teimosia» do treinador português continua a ser apontada como a principal debilidade e segundo o The Times pesou na decisão dos reds em deixar cair a sua contratação 

O 3-4-3. Sempre o 3-4-3. 

Desde que iniciou a carreira de treinador, se há coisa da qual Ruben Amorim não abdica - além dos fiéis adjuntos - é do sistema tático. No Casa Pia. No SC Braga B. Na equipa principal do SC Braga. No Sporting. E, claro, no Manchester United

E em Inglaterra, com os resultados a teimar em não surgir, as críticas à teimosia do português aumentam de volume. 

Ao ponto de o The Times ter decidido analisar em detalhe a carreira de Amorim até ao momento, começando com uma premissa simples: em 23 jogos no Manchester United, Amorim utilizou 23 onzes iniciais diferentes, mas apostou 23 vezes no seu 3-4-3. 

A publicação recorda que na primeira época que iniciou no Sporting, Amorim contratou 12 jogadores e promoveu 25 saídas do plantel, entre vendas e empréstimos. 

E até lança um dado importante, garantindo que o sistema de que o treinador não abdica foi uma das razões para o Liverpool não avançar para a sua contratação para substituir Klopp no verão. Apesar de serem apreciadores de Amorim, os reds calcularam que a reformulação do plantel para o preparar para o 3-4-3, custaria 400 milhões de libras. 

Essa soma está longe do que o Manchester United poderá investir no verão, sendo que a publicação defende que o técnico precisa urgentemente, pelo menos, de alas, médios defensivos e um ponta de lança para encaixar no sistema. 

Fraqueza ou sabedoria? 

A intransigência tática de Amorim tem sido desde a chegada a Inglaterra. E são muitos os defensores de que o treinador de 40 anos devia ceder, nem que fosse até ao final desta época, para deixar os jogadores do plantel mais confortáveis, uma vez que não estão habituados ao sistema predileto de Amorim. 

O jornal cita, por exemplo, Rui Faria, antigo adjunto de José Mourinho, que escreveu em janeiro que «as ideias de um treinador são tão poderosas quanto os resultados permitem. Ter flexibilidade para adaptar as nossas ideias aos jogadores disponíveis não é um sinal de fraqueza, mas sim de sabedoria». 

Porque há muito que vai ter de mudar num clube que, nos últimos anos, se transformou num cemitério de treinadores e jogadores.  

A publicação lembra que, apesar dos quase 2 mil milhões de euros gastos desde que Ferguson deixou o comando técnico do clube, mas que tem um avançado que é 150.º nesta edição da Premier League no que diz respeito aos remates (Hojlund), o 86.º com mais dribles bem-sucedidos (Garnacho), o 37.º médio com maior acerto no passe (Ugarte) e o 16.º guarda-redes com melhor percentagem de defesas (Onana). 

No artigo, há ainda um antigo jogador do Sporting e conhecedor profundo da exigência do Manchester United que defende Amorim: Peter Schmeichel. 

«Não acho que alguém conseguisse fazer muito melhor. Trouxeram-no para mudar as coisas. Se me perguntarem se eu não desejei também que ele mudasse um pouco, claro que sim. Mas ainda não teve tempo para implementar as suas ideias, com jogos de três em três dias. E, talvez, quando ceder, pode comprometer», declarou, deixando claro o que pensa de Amorim.  

«Eu gosto dele: é uma pessoa aberta, honesta e que faz sentido. Além disso, não é ele que joga, são os jogadores», aponta.  

A concluir, o The Times compara a «teimosia» de um jovem Amorim com outros treinadores que triunfaram mantendo as ideias que apresentaram no início das suas carreiras, como Vincent Kompany (Bayern Munique) e Julian Nagelsmann (selecionador da Alemanha).