Aves SAD-Moreirense, 0-3 O destino por mãos alheias, mas com direito a nova vida (crónica)
Equipa de José Mota não teve alma nem chama, jogou cerca de 30 minutos com dez jogadores e caiu com estrondo frente ao vizinho
Sem alma e sem chama, o Aves SAD foi derrotado pelo Moreirense (0-3) e vai disputar o playoff de sobrevivência contra o Vizela, terceiro colocado da Liga 2. Por mérito alheio, sublinhe-se.
Os avenses nem pareciam estar a jogar uma final ou como disse José Mota, o jogo que definiria a época. Ainda que tenham começado ligeiramente melhor com um remate perigoso de Tunde (11’), o Aves SAD sofreu o primeiro golpe aos 18 minutos quando Alanzinho, à lei da bomba, abriu o marcador.
A partida começou cedo a fugir aos avenses que nunca mais se reencontraram. Com um futebol fluído e descontraído, o Moreirense passeou na Vila das Aves e chegou naturalmente ao segundo golo numa jogada de laboratório: canto de Alanzinho, toque subtil de Ivo Rodrigues e remate certeiro de Teguia.
O Aves SAD não fez pela vida e ficou dependente do que fizessem (ou não fizessem) os adversários. José Mota tentou agitar as hostes com a entrada de Nenê para o lugar de Gustavo Assunção à meia hora de jogo. As instruções eram claras: servir os avançados num estilo de jogo mais direto. Ainda assim, a melhor ocasião avense na primeira metade pertenceu ao experiente avançado, mas num lance de contragolpe (40’).
O Aves SAD precisava de um milagre para chegar ao triunfo. Porém, as esperanças avenses esfumaram-se com uma entrada horripilante na etapa complementar. Aos 50 minutos, o Moreirense aproveitou uma transição para fazer o terceiro golo por Jorquera e fechar em definitivo a partida.
Os minhotos deixaram o seu destino por mãos alheias, no fundo. A expulsão de Kiki Afonso, quatro minutos após o 0-3, deixou o Aves SAD em agonia até ao final. Aproveitou, claro, o Moreirense para jogar a seu bel-prazer e só não construiu um resultado ainda mais expressivo porque desperdiçou uma mão cheia de oportunidades.
Jorquera ainda chegou ao bis (65), mas o lance foi invalidado após a equipa de arbitragem ter recorrido ao VAR e nos minutos finais, valeu Ochoa a impedir a goleada. O Aves SAD acabou o jogo a lutar contra o próprio destino e ainda esteve perto do golo de honra. Não marcou por culpa de Caio Secco (exibição seguríssima) numa fase em que Bacci, que porventura fez o último jogo ao comando do Moreirense, fez questão de dar tempo de jogo a Mika – estreia na Liga.
Sem fazer nada por isso neste jogo, os avenses vão ter direito a nova vida, mas desta feita, não terão margem de erro.
O melhor em campo: Alanzinho (7)
Jogaço! O Moreirense jogou o que o brasileiro quis jogar. Alanzinho liderou a manobra ofensiva dos cónegos e com liberdade para deambular pelo ataque foi aproveitando o espaço que existia na organização contrária. O médio abriu o marcador com um golaço de fora da área e igualou a época mais profícua da carreira, além de ter estado no lance do 0-2.
A figura do Aves SAD: Ochoa (5)
Sofreu três golos, é verdade, mas evitou pelo menos outros tantos. Sem hipóteses de defesa nos dois primeiros golos, o guarda-redes brilhou na segunda metade e os avenses bem podem agradecer-lhe pelo facto de não terem sofrido um resultado bem mais pesado. Será precisa a versão que Ochoa mostrou na segunda parte para ajudar o Aves SAD a ficar na Liga.
As notas do Aves SAD: Ochoa (5), Fernando Fonseca (4), Devenish (4), Roux (3), Kiki Afonso (3), Gustavo Assunção (4), Jaume Grau (5), Piazon (5), Mercado (4), Zé Luís (3), Akinsola (4), Nené (4), Jorge Teixeira (4), Galletto (4), Rafael Rodrigues (4) e Vasco Lopes (3).
As notas do Moreirense: Caio Secco (6), Dinis Pinto (6), Marcelo (5), Michel (5), Buta (4), Ivo Rodrigues (6), Benny (6), Alanzinho (7), Teguia (6), Schettine (5), Jorquera (6), Gilberto Batista (5), Antonisse (5), Yan Maranhão (5), Asué (4) e Mika (-).
As reações dos treinadores
José Mota (Aves SAD): Entrámos bem, mas o 0-1 abalou a equipa. Tivemos muita dificuldade e pouca força anímica para dar a volta. A forma como surgiu o 0-2 foi o KO completo para a equipa. Fomos abaixo animicamente e isso preocupa-me. Continuamos a depender de nós.
Cristiano Bacci (Moreirense): Já nos últimos três ou quatro jogos tínhamos feito exibições positivas, foi pena não termos vencido. Hoje merecemos, sem dúvida, a vitória. Chegámos muito rápido à manutenção, mas tivemos de mostrar o nosso valor em todos os jogos. O grupo está de parabéns.