FC Porto: sócios arrasam Villas-Boas em carta aberta
Signatários fazem um balanço duro da época desportiva, classificando-a como um fracasso em toda a linha, não só pelos resultados, mas pela perda de identidade, ambição e união
Um grupo de sócios dos dragões tornou pública uma posição firme e preocupada no que toca à avaliação do trabalho efetuado pela Direção do FC Porto em todas as suas vertentes, um ano as após eleições. Em carta aberta enviada aos associados, os signatários –- entre os quais Luís Barradas, Heleno Roseira e João Proença, candidatos nas anteriores eleições respetivamente à presidência da Mesa da Assembleia Geral, à Presidência do Conselho Fiscal e Disciplinar e a Vice-Presidente da Direção na lista do candidato Nuno Lobo – fazem um balanço duro da época desportiva, classificando-a como um fracasso em toda a linha, não só pelos resultados, mas pela perda de identidade, ambição e união.
Sob o mote «Pelo nosso Porto, de alma cheia e cabeça erguida», o grupo critica a gestão errática da atual liderança, a falta de firmeza no balneário e a ausência de rumo estratégico, tanto na área desportiva como financeira. Questiona ainda a opacidade na divulgação dos resultados da auditoria forense e a falta de reação às práticas danosas apuradas. A escolha do perfil de cada um dos treinadores, Vítor Bruno e Martín Anselmi, revelou-se errada, segundo os signatários da carta aberta. Este movimento diz-se refém do FC Porto, com total respeito por todos aqueles que fizeram e fazem parte da história, sempre com a consciência que um clube é muito que cada um daqueles que em determinado momento o dirige.
Conheça o teor da carta aberta na íntegra
CARTA ABERTA AOS SÓCIOS DO FUTEBOL CLUBE DO PORTO
«Pelo nosso Porto, de alma cheia e cabeça erguida»
Portistas,
Há um ano, a nossa massa associativa, com orgulho e paixão, decidiu mudar de rumo. Fê-lo com esperança no olhar e com a firme convicção de que era tempo de renovar, de construir um futuro à altura da nossa história gloriosa.
Mas um ano depois… olhamos para o campo, para as bancadas, para os rostos dos adeptos – e sentimos um vazio. Esta não é a mudança que sonhámos. Esta não é a alma do nosso Porto.
A época desportiva foi, sem rodeios, um fracasso. Falhámos em toda a linha: no campeonato, na Europa, nas taças. E mais do que os resultados, falhámos na identidade. Falhámos na garra. Falhámos na ambição, e na UNIÃO.
O nosso clube não se esgota no legado passado, como não se esgota na liderança presente.
O nosso clube, que tantas vezes desafiou o impossível, apresenta-se hoje desorientado, sem liderança firme, sem chama no balneário e no campo, sem norte nas decisões. A gestão revelou-se errática. A comunicação desastrada. O espírito, perdido.
Na situação financeira, as consequências da restruturação do passivo ainda não se mostram suficientemente esclarecidas.
Apesar da política de transparência, continua sem ser publicado integralmente o relatório da auditoria forense, nem se conhece qualquer reação do nosso Clube perante as atuações danosas apuradas.
Uma boa liderança deve aportar e chamar a si os melhores e não se fechar, manifestando-se apenas em situações limite, pontuais, deixando à adivinhação de todos o futuro.
É fundamental o equilíbrio entre a gestão financeira e gestão desportiva, o que não está a ser conseguido.
Ser Porto é resistir, é lutar, é vencer. Mas, acima de tudo, é nunca baixar os braços. E é por isso que não nos calamos. Porque amamos este clube com uma intensidade que não cabe em palavras.
Não aceitamos desculpas. Não aceitamos comparações com épocas piores. O Porto não é clube de "menos mal". O Porto é clube de tudo ou nada. E queremos tudo. Outra vez.
O clube não é de direções, nem de figuras. É dos sócios. Dos que choram, gritam, vibram, sofrem e vivem este emblema dia após dia. E são esses sócios que hoje levantam a voz e dizem: este não é o caminho.
Queremos um clube com alma, com raça, com ambição. Um Porto que nos faça voltar a sonhar. Um Porto que se reconheça em campo, nas decisões, nos triunfos.
É com este espírito que afirmamos a nossa disponibilidade para construir, juntos, soluções de vitórias.
Subscritores:
- Luís Barradas- sócio nº 6186.
- Heleno Roseira- sócio nº 10063.
- João Proença – sócio nº 14460.
- Paulo Vasconcelos – sócio nº 1730.
- Tânia Barroso – sócia nº 146755.
- Filipe Neto – sócio nº 150325.
- Fernando Emílio – sócio nº 832.
- António Quintas – sócio nº 57131