Nuno Catarino, líder financeiro do Benfica (SL Benfica)
Nuno Catarino, líder financeiro do Benfica (SL Benfica)

Entrevista A BOLA Direitos televisivos, Luz, investidores: líder financeiro do Benfica tem novidades

NACIONAL18.03.202521:42

Nuno Catarino, vice-presidente da SAD e CFO dos encarnados, faz o ponto da situação sobre vários projetos em curso

— Que balanço faz de seis meses à frente da área financeira da SAD do Benfica?

— Estou bastante satisfeito. Não foi um período fácil quando entrei, mas passados seis meses sinto-me mais tranquilo e sinto que os resultados são melhores.

Oficial: a nova SAD do Benfica

5 setembro 2024, 15:37

Oficial: a nova SAD do Benfica

Comissão Executiva foi alargada a cinco elementos. Entram os administradores Eduardo Stock da Cunha, Nuno Catarino e Manuel Lopes da Costa e passa a haver só uma mulher

— SAD apresentou contas positivas de €40 M no primeiro semestre do exercício 2024/25, agora o clube consegue também contas no verde de €6,5 milhões. Como explica estes resultados?

— Houve um movimento de consolidação e de recuperação das contas da SAD, mas há o mesmo movimento da parte do clube. A perspetiva era de um orçamento de €4.5 M no final do ano. Há redução em custos com pessoal de 7% no clube e de 10% nos FSCs [Fornecimento de Serviços Externos] do clube. Ajustamentos de plantéis de algumas modalidades permitiu poupar cerca de €2 M.

— Falemos de direitos televisivos. O Benfica está perto de anunciar um acordo para as épocas 2026/27 e 2027/28?

— É um dossier muito importante, do qual teremos novidades em breve. Isto não é só uma questão de número. Apesar do número ser a coisa importante. É um tema complexo. Vamos ter novidades brevemente. E a nossa expectativa é que seja um contrato que ponha em valor aquilo que o Benfica, de facto, vale. No contexto em que estamos hoje em dia, que não é o mesmo de há 10 anos.

— Depois, chegará a centralização dos direitos televisivos.

— A perspetiva é de que vamos entrar num formato que vai ser melhor para todos. Sendo melhor para todos, vai ter de ser pelo menos igual ou melhor para o Benfica. Este é o nosso pressuposto, nem podemos pensar num outro pressuposto. Sabemos o que vamos aportar e vamos pôr isso em valor.

— Vamos ao alargamento da Luz para 70 mil lugares. Para quando e por quanto será feito?

— Não é um único investimento, há vários investimentos. A obra vai fazer-se em múltiplas fases, não vamos fechar o estádio e por isso vamos fazer uma parte este ano. E vamos anunciá-lo também brevemente. Para o ano faremos a fase 2 e faremos a fase 3. Basicamente, acaba o futebol, há concertos, começam as obras. Já começámos a fazer algumas obras. Quando começar a época teremos mais 2 mil lugares. Em 2025/26, mais 2 mil, será faseado. É ver em quanto tempo é que nós conseguimos pagar isto com a bilhética e com a fila de espera que temos para ver os nossos jogos. Estamos a falar de obras mais pesadas a pagar a 4 anos, noutras em ano, ano e meio. Em princípio, o alargamento é para concluir em 2027.

— Investidores como John Textor são bem-vindos no Benfica ou o Benfica dispensa esse tipo de investidor?

— Não estamos proativamente à procura de investidores com o perfil que nos está a apresentar. Não estamos. Se as pessoas querem vir falar connosco, recebemos, ouvimos. E recebemos muita gente que quer vir falar connosco sobre múltiplas coisas em relação às quais nós não temos depois interesse algum. Explicamos às pessoas, não tem nenhum interesse. Não faz sentido para nós neste momento. Temos um plano de desenvolvimento — como deve ser em qualquer instituição — como instituição. E penso também em relação a isso que é o que a maioria dos nossos sócios pensam, que o Benfica é o acionista principal da SAD, e penso que estamos a falar da SAD. Sobretudo, estou a dar uma resposta entre aquilo que é o meu entendimento e o entendimento que nós temos daquilo que os associados querem para a SAD. Mas acho que o plano de desenvolvimento tem muito mais a ver com a forma como iremos chegar, em cinco anos, aos 500 milhões de euros de receita. Em como fazer crescer todas as áreas de negócios, diversificar e trabalhar, do que propriamente ir buscar alguém que nos ponha cá dinheiro na expectativa de que depois não peça algo como retorno.

— O Benfica tem eleições previstas para outubro de 2025. De que forma podem as eleições do Benfica condicionar o trabalho do responsável pela área financeira? Condicionar o seu plano?

— É uma excelente pergunta. Em boa verdade, muito menos do que as pessoas às vezes possam pensar. O meu trabalho é o trabalho de alguém que pensa sobre um negócio e uma forma com que consigo aprender e pensar é ter um olho no microscópio, ver o dia-a-dia, trabalhar, ver onde é que podemos otimizar, questionar as equipas, como é que se trabalham, e depois ter uma visão de telescópio. Ou seja, um olho no microscópio e um olho no telescópio. O telescópio é para pensar, de facto, como é o plano de 5 anos, como é que nós podemos projetar um Benfica de 5 anos maior, aquele Benfica de que nós nos orgulhamos e que possa competir ainda melhor a nível europeu. É esse o Benfica que queremos trabalhar. Se em outubro estiver cá eu para executar o plano de 5 anos, melhor. Se, por alguma razão, não for eu, estou cá para apresentar o plano e quem quiser pode escolher, pode apostar. Eu só penso no Benfica para ser maior. Se calhar vem alguém que quer o Benfica mais pequeno, ou quer o Benfica diferente, não sei, mas só posso trabalhar com aquilo que controlo.

Tags: