Destaques do FC Porto: Galeno foi o indicador da mão cheia de predadores
Galeno foi o melhor do clássico do Dragão (Foto: GRAFISLAB)

Destaques do FC Porto: Galeno foi o indicador da mão cheia de predadores

NACIONAL04.03.202400:00

Noite histórica do extremo brasileiro. Pepê e Francisco Conceição imparáveis, Nico González, a plataforma giratória do dragão

O melhor em campo: Galeno (nota 9)

Esteve em dúvida até perto do apito inicial e o Benfica só pode lamentar que os problemas físicos do extremo brasileiro não se tenham estendido no tempo, pois assim talvez a noite tivesse sido apenas má e não um verdadeiro terror. Tantas vezes acusado de não ter a frieza necessária na concretização, o clássico mostrou um Galeno cirúrgico, como um sniper de elite, nunca falhando na hora certa. Marcou o primeiro golo na primeira oportunidade, de primeira, sozinho, bisou no coração da pequena área, após uma rotação à ponta de lança, e assistiu Wendell para o 3-0. Depois de ter sido o responsável pela vitória frente ao Arsenal, Galeno foi novamente o herói de uma noite que ficará gravada na história.

Diogo Costa (6) — A palmada com a mão direita ao remate forte, mas à figura, de Rafa, à entrada da área, aos 34’, foi a única intervenção relevante a que foi obrigado, depois de um primeiro susto, quando viu Tengstedt surgir muito perto dele, mas rematando muito por cima. Nem o afamado jogo de pés foi uma necessidade porque o internacional português só o faz em momentos de grande pressão ao adversário, coisa que esteve a milhas de acontecer.  

João Mário (7) — Os primeiros minutos deixaram adivinhar que seria um jogo de sentido único com constantes ataques às costas da defesa do Benfica e com contribuição do lateral portista. O cruzamento arrancado junto à linha aos 2’, para cabeceamento à figura de Pepê, foi apenas um de muitos movimentos verticais devidamente alinhados com a irreverência do parceiro de corredor, Francisco Conceição. Muito consistente a defender, sem permitir veleidades a Kokçu ou a João Mário.

Pepe (7) – Não perdeu qualquer lance no um contra um, usando toda a sua experiência no preenchimento do espaço e nos tempos de corte. Ganhar muitas bolas a Rafa em antecipação não aconteceu porque foi mais rápido a correr, mas porque foi mais veloz a pensar, aliando a isto um instinto que se vai apurando com a idade, a ponto de se perguntar: até quando Pepe vai vencer a lógica?  

Otávio (7) – Este, ao contrário do colega de setor, é a personificação do central veloz, que complementa muito bem os atributos de Pepe. Agressivo na destruição e assertivo na construção, com ele a equipa ganha metros nas saídas ofensivas e mais alguma largura, porque a utilização de um pé esquerdo de frente para o jogo permite melhor ligação com Wendell. Ganham todos.

Wendell (8)  — Marcar num clássico, numa jogada iniciada por ele, é daquelas recordações para uma vida. A jogada foi de manual: arrancada por dentro, fugindo à marcação, combinando com Galeno, e rematando na zona do penálti, com alguma fortuna, é certo, mas tal como diz o povo a sorte procura-se. Tal como João Mário, não deu um palmo ao adversário direto (Di María).

Nico González (8)  — Processos simples, qualidade de passe, domínio de toda a zona central. O médio espanhol foi a plataforma giratória do FC Porto, dono de uma visão 360º, fazendo a bola correr enquanto o Benfica corria à procura da mesma. A assistência para o golo de Pepê, quando o adversário, já estava com as linhas destroçadas, é a melhor imagem de um jogador que mostra, finalmente, os motivos da sua contratação.

Alan Varela (7)   — Se Nico González teve tempo e espaço para construir em muito se deve aos múltiplos desarmes do argentino em zonas mais ou menos avançadas do meio-campo. Não deu uma nesga de terreno a quem lhe aparecia à frente vestido de vermelho em nova demonstração de força, como que dizendo que naquele enorme círculo imaginário no relvado quem manda ali é ele.

Francisco Conceição (8)  — Morato ainda deve estar com tonturas. O esquerdino impôs toda a sua irreverência no clássico, abrindo o livro das maldades e mostrando à saciedade de que matéria é feito: dribles para dentro, dribles para fora, o pé esquerdo como polo orientador mas sem problemas em usar o direito, o que na perspetiva de quem defende é um terror, porque aumenta o grau de imprevisibilidade. Foi dele o canto para p 1-0, de um cruzamento seu nasceu o 2-0 e esteve perto de marcar golo de bandeira (65’). Saiu ovacionado de pé. Merecidamente.

Pepê (8)  — O golo aos 75’ foi apenas o selo de uma carta aberta que ele próprio ajudou a escrever, com uma mensagem clara: a de que este Porto está vivo. E toda esta energia também se deve ao jogo entrelinhas do brasileiro, que surgiu sempre no ângulo escondido dos adversários e com velocidade acima da média. Chegou sempre mais rápido que os demais e num desses lances provocou o segundo amarelo a Otamendi.  

Evanilson (6)   — Fica ligado ao segundo golo, assistindo de cabeça ao segundo poste para o bis de Galeno. Goleador principal da equipa, destacou-se mais pelo jogo de tabelas, tentando abrir espaços para outros goleadores que nesta noite estavam claramente mais insipirados.

Iván Jaime (-)   — Entrada em campo para dar alguns minutos de descanso a Galeno e, consequentemente, à ovação estrondosa ao extremo brasileiro.

Jorge Sánchez (6)  — Ainda foi a tempo de escrever o seu nome na história do jogo com um excelente cruzamento para Namaso assinar o 5-0.

Namaso (6)   — Grande cabeceamento para fechar o clássico com um daqueles resultados que ficarão gravados na memória coletiva. Quando se recordar este jogo daqui a umas décadas, todos dirão que a manita só aconteceu porque apareceu um inglês com vontade de não passar à margem da história.

Eustáquio (-)  —  Um tampão para eventuais ameaças benfiquistas que nunca chegaram a ocorrer.

Toni Martínez (-)  — Para ficar na ficha de jogo.