Corinthians: crise política, moral, financeira e desportiva
António Oliveira (Foto: IMAGO)
Foto: IMAGO

Corinthians: crise política, moral, financeira e desportiva

INTERNACIONAL11.06.202409:31

‘Impeachment’ do presidente do Corinthians na mesa. Dívidas impagáveis e acusações de corrupção. Sucessor de Cássio sai

Uma tempestade perfeita abateu-se sobre o Corinthians nos últimos dias. Na política, a demissão em massa de dirigentes faz com que se fale com insistência no impeachment do presidente recém-eleito Augusto Melo. Nas finanças, dívidas já levaram ao bloqueio das contas e o patrocinador que assinou o maior acordo do Brasil com o clube rescindiu o contrato alegando corrupção. No futebol, o último caso é a saída, à revelia do Timão, de Carlos Miguel, o guarda-redes titular após o adeus de Cássio.

A demissão de Yun-Ki Lee, vice da área jurídica, e Rozallah Santoro, vice da área das finanças, considerados dois garantes de credibilidade na gestão de Melo, a que se soma a saída anterior de Rubão Gomes, vice do futebol, «deve significar impeachment em breve», disse Ana Thaís Matos, comentadora do SporTV. Porém, o presidente, eleito em 2023, colocando fim a 16 anos de poder do ex-presidente Andrés Sanchez nega: «Golpe aqui ninguém vai dar, fui eleito pelo voto após dinastia de 16 anos, impeachment não me assusta.»

«Errei e vamos corrigir», prosseguiu o presidente durante conferência de imprensa de urgência ontem. Entre os erros estão dívidas que levaram à saída do médio Matías Rojas e a uma queixa na FIFA do Talleres, clube de outro médio, Rodrigo Garro, que se queixa de falta de pagamento. Além disso, Melo divulgou os valores de um acordo confidencial com a Brax, empresa de gestão de espaço publicitário no estádio, o que gerou que agentes de jogadores com dinheiro a receber do Timão, bloqueassem as contas.

Mas o maior problema é o «caso Vaidebet», o nome da casa de apostas com a qual o clube assinou um acordo de patrocínio nas camisolas de cerca de 62,5 milhões de euros, o maior do Brasil. A empresa, ao saber de notícias a dar conta da existência de desvios via intermediários, rescindiu o contrato, alegando «cláusula de corrupção». «Não coloco a mão no fogo por ninguém mas isso vai ser esclarecido, disseram que há provas mas não há», defendeu-se Melo.

No futebol, o último escândalo é a saída de Carlos Miguel: o guarda-redes, cujas boas atuações permitiram que o clube deixasse sair o titular e ídolo Cássio para o Cruzeiro. Afinal, o plano B também vai sair porque a cláusula de rescisão caiu de 2023 para 2024 de 45 para quatro milhões de euros, o que despertou a cobiça do Nottingham Forest, provável destino do atleta. O acordo foi assinado pelo anterior presidente, Duílio Monteiro Alves, mas sem que a atual direção se precavesse.

Com isso, o treinador português António Oliveira - vítima das aventuras dos presidentes - é obrigado a dar a camisa um a Matheus Donelli, 22 anos e meros 10 jogos pelo clube. As demais opções para a posição são os ainda mais jovens Felipe Longo (19) e Matheus Corrêa (18), ambos sem experiência profissional. Oliveira vai orientar a equipa hoje, às 23 horas, na casa do Atlético Goianiense, num jogo, por enquanto, importante para a permanência já que o Timão tem apenas cinco pontos em sete jogos do Brasileirão, um ponto acima do rival, e está em 17º.